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Que partido é melhor para a bolsa?

Está enraizada a ideia, fundamentada nas ideologias de cada cor política, que é sob o domínio governativo dos partidos mais à direita que as bolsas florescem, definhando sempre que o espectro assume um pendor mais à esquerda. O padrão governativo das...

11 de Setembro de 2009 às 09:48
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Está enraizada a ideia, fundamentada nas ideologias de cada cor política, que é sob o domínio governativo dos partidos mais à direita que as bolsas florescem, definhando sempre que o espectro assume um pendor mais à esquerda. O padrão governativo das últimas décadas em Portugal oscilou sobretudo entre o rosa e laranja, pontuado aqui e ali por outros tons ditados pelas alianças no poder.

Recuando até à Aliança Democrática - que juntou o PPD/PSD, o CDS e o Partido Popular Monárquico sob a liderança de Sá Carneiro em 1980-, a bolsa portuguesa subiu em média 20% ao ano durante os governos laranja e 14,9% nos governos rosa, recuando até ao bloco central de 1983 a 1985 dirigido por Mário Soares. A diferença entre o centro mais à direita e o centro mais à esquerda não é, afinal, tão significativa como se poderia pensar, pelo menos, no que toca à bolsa.

É preciso notar, contudo, que a praça portuguesa só nos anos mais recentes ganhou a maturidade, robustez e a fiabilidade de qualquer bolsa desenvolvida. Antes da Revolução dos Cravos, era prática comum a negociação dos títulos em plena rua, para os lados do Martinho da Arcada, perto do torreão oriental do Terreiro do Paço, onde a bolsa oficial operava. O caos imperava, não existiam registos da maioria das transacções. Mas o número de empresas cotadas, cerca de 140 entre as nacionais e ultramarinas, faz inveja à bolsa sofisticada dos nossos dias, que não vai além das 56 empresas.

Com a Revolução de Abril, foi decretado o encerramento da bolsa. E o processo de nacionalizações, iniciado em Março de 1975, esvaziou a praça portuguesa de mais de 100 empresas. O mercado accionista só voltaria a reabrir em Março de 1977, mas apenas com 35 cotadas, restando, das gigantes de antigamente, apenas a Marconi.

Do período democrático, é no primeiro mandato de Cavaco Silva como primeiro-ministro que a bolsa mais se valoriza, subindo mais de 562%. Não foi mérito do governante social-democrata, foi antes um movimento impulsionado pela euforia que se vivia nas praças internacionais. As acções disparavam diariamente e foi o passa-palavra de histórias de quem enriquecia de um dia para o outro que voltaram a colocar a bolsa sob os holofotes dos portugueses.

É, também, sob o comando de Cavaco Silva, mas no segundo mandato, que a praça portuguesa vive a sua maior queda, de mais de 31% entre 1987 e 1991. Foi o efeito do "crash" da Bolsa de Nova Iorque, em Outubro de 1987, reconhecem os profissionais da bolsa. Mas entre os investidores ficou célebre a chamada de atenção do primeiro-ministro, que dias antes da queda abrupta da bolsa, alertava: "os portugueses estão a comprar gato por lebre".

Em 1989 iniciam-se as primeiras privatizações, com a Unicer, Banco Totta & Açores, Aliança Seguradora e Tranquilidade a entrarem na bolsa. Mas é em 1991 que se dá a grande viragem no sentido da regulação do mercado, com a publicação da Lei Sapateiro, o primeiro código de valores que veio regular o mercado. É aos poucos, com as primeiras fases de privatização da Portugal Telecom e, já sob a governação do socialista António Guterres, da EDP em 1997, que o mercado ganha profundidade, liquidez e sofisticação.

Apesar de a história da bolsa portuguesa ser indissociável da evolução política, hoje, tal como no passado, são sobretudo os movimentos bolsistas do exterior, sobretudo de Wall Street, que determinam as grandes tendências da Euronext Lisbon. Uma bolsa que hoje já não é só portuguesa, mas também europeia e norte-americana.

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