Notícia
Não é Berardo nem Champalimaud quem quer
As notícias que, regularmente, chegam dos grandes leilões de arte de Londres e Nova Iorque, onde se batem recordes de milhões de euros, fazem esbugalhar os olhos. São boas para "épater le bourgeois", como diriam os intelectuais inconformados.
17 de Julho de 2008 às 00:01
Houve tempos em que os artistas eram sustentados por mecenas. Houve tempos em que morriam na miséria. Na segunda metade do século XX assistiu-se à emergência da obra de arte como activo financeiro e também o mercado da arte teve as suas expressões de "exuberância irracional". A mais vistosa aconteceu no final dos anos 80. Mas, como é normal nas bolhas especulativas, nem toda a gente ganhou dinheiro com as obras adquiridas. Se gosta delas e tem prazer em apreciá-las penduradas na parede, do mal o menos. Se comprou numa óptica exclusivamente financeira está bem pior. E ainda pior se precisou de mobilizar recursos em momento de crise, pois a liquidez é um dos pontos fracos deste mercado.
Não há respostas categóricas à pergunta sobre se faz sentido investir em arte. Depende em primeiro lugar do gosto. E do orçamento disponível. Quem tem poucos milhares de euros para investir só pode aspirar a reproduções ou obras de jovens artistas. É a apostar em jovens valores ainda não reconhecidos que se conseguem os melhores negócios. Mas é preciso conhecer o meio e ter conhecimentos técnicos ou apoio especializado, para não comprar gato por lebre.
As grandes valorizações são obtidas no segmento de topo. Mas esse não está acessível à maioria.
O comendador Berardo construiu uma colecção que foi avaliada pela Christie’s em 2006 em 316 milhões de euros e sobre a qual o Estado português tem uma opção de compra no prazo de 10 anos. Não vale a pena regressar à discussão sobre se é muito ou é pouco ou se o Estado fez bom ou mau negócio. Berardo surge aqui como exemplo de como se pode fazer uma colecção: com conhecimento e persistência foi capaz de reunir exemplares dos mais representativos nomes da arte contemporânea mundial. Não terá dificuldade em vender bem mesmo que o Estado português não exerça a opção.
Também António Champalimaud reuniu, ao longo da vida, um espólio impressionante que foi à praça em 2005 e rendeu 44 milhões de euros, o dobro da base de licitação da Christie’s. A venda da colecção, que tinha como peça mais valiosa um quadro de Canaletto que atingiu 17 milhões, foi muito criticada por permitir a sua saída de Portugal. Esse é um dos problemas das grandes colecções: adquirem valor de património nacional.
Neste universo, os preços continuam a disparar imunes à crise do "subprime", puxados pelos novos milionários do Oriente e dos países árabes. Para quem não se move em tais galáxias, investir em arte é uma oportunidade de diversificação. Recomenda-se é exposição moderada e o mesmo princípio a ter presente na compra de casa: o primeiro factor a ter em conta é gostar dela para viver.
Não há respostas categóricas à pergunta sobre se faz sentido investir em arte. Depende em primeiro lugar do gosto. E do orçamento disponível. Quem tem poucos milhares de euros para investir só pode aspirar a reproduções ou obras de jovens artistas. É a apostar em jovens valores ainda não reconhecidos que se conseguem os melhores negócios. Mas é preciso conhecer o meio e ter conhecimentos técnicos ou apoio especializado, para não comprar gato por lebre.
O comendador Berardo construiu uma colecção que foi avaliada pela Christie’s em 2006 em 316 milhões de euros e sobre a qual o Estado português tem uma opção de compra no prazo de 10 anos. Não vale a pena regressar à discussão sobre se é muito ou é pouco ou se o Estado fez bom ou mau negócio. Berardo surge aqui como exemplo de como se pode fazer uma colecção: com conhecimento e persistência foi capaz de reunir exemplares dos mais representativos nomes da arte contemporânea mundial. Não terá dificuldade em vender bem mesmo que o Estado português não exerça a opção.
Também António Champalimaud reuniu, ao longo da vida, um espólio impressionante que foi à praça em 2005 e rendeu 44 milhões de euros, o dobro da base de licitação da Christie’s. A venda da colecção, que tinha como peça mais valiosa um quadro de Canaletto que atingiu 17 milhões, foi muito criticada por permitir a sua saída de Portugal. Esse é um dos problemas das grandes colecções: adquirem valor de património nacional.
Neste universo, os preços continuam a disparar imunes à crise do "subprime", puxados pelos novos milionários do Oriente e dos países árabes. Para quem não se move em tais galáxias, investir em arte é uma oportunidade de diversificação. Recomenda-se é exposição moderada e o mesmo princípio a ter presente na compra de casa: o primeiro factor a ter em conta é gostar dela para viver.