Notícia
Invista onde estão os seus valores
Abandone as bebidas alcoólicas. Pouse as armas. Livre-se da agricultura intensiva. Desligue o motor poluente. Se quer dormir descansado com os seus investimentos, opte por soluções socialmente responsáveis.
10 de Agosto de 2011 às 08:50
Será que algum dos cerca de dez mil investidores do Millennium Eurocarteira, um dos maiores fundos de acções registados em Portugal, se incomoda ao saber que o seu gestor, o britânico David Moss, comprou acções da Diageo, o maior produtor de bebidas alcoólicas? E se souberem que a Diageo foi eleita pela revista "Fortune" como uma das empresas menos admiradas pela sua política de responsabilidade social?
Não são só as bebidas alcoólicas que assustam os investidores. Armas, tabaco, trabalho infantil, agricultura intensiva, poluição e desrespeito pelos direitos humanos também estão na mira. Muitos investidores conscientes do mal que o seu dinheiro pode estar a fazer preferem transferir o capital para outros gestores mais preocupados em seguir princípios de investimento ético. "Muitos investidores não estão dispostos a aceitar um desempenho obtido às custas de outros, do planeta ou da vida selvagem", explica Sophie Horsfall, gestora do fundo F&C Stewardship International.
Apesar da crise financeira que se arrasta um pouco por todo o mundo, os investidores estão a converter-se. A iniciativa dos Princípios do Investimento Responsável, que conta com o patrocínio das Nações Unidas, já tem quase um milhar de signatários, que são essencialmente sociedades gestoras de activos que prometem cumprir seis regras-base, como incluir os assuntos ambientais, sociais e do governo das sociedades nos seus processos de decisão. No seu conjunto gerem mais de 17 biliões de euros. Ainda nenhuma entidade portuguesa aderiu aos Princípios do Investimento Responsável.
Gestores especializam-se
A gama de fundos Stewardship da gestora F&C é a mais antiga na Europa na área do investimento ético. "O nosso processo é muito conduzido pelo investimento. Separamos o filtro ético da gestão da carteira, empregando especialistas em cada 4ardship International, que, em Portugal, é distribuído pelo ActivoBank e pelo Banco Best. Como a gestora não segue qualquer índice de mercado, é possível encontrar títulos menos conhecidos entre as suas participações.
Os pequenos investidores portugueses têm acesso a algumas dezenas de fundos socialmente responsáveis, mas apenas um deles é gerido em território nacional: o European Responsible Consumer, gerido na Espírito Santo Activos Financeiros, a sociedade do Banco Espírito Santo. Embora seja um fundo misto, o gestor Hugo Custódio tem 94% dos activos aplicados no mercado accionista, segundo o último relatório publicado sobre a carteira do produto. A política de investimento do European Responsible Consumer é clara nas situações em que Hugo Custódio não pode investir: produção ou venda de minas anti-pessoais, desrespeito pelos direitos humanos, produção de tabaco e cigarros, trabalho infantil, agricultura intensiva, responsabilidade agravada na poluição do planeta e produção ou venda de materiais pornográficos. Este fundo nasceu de uma parceria entre a ESAF e a Euro Consumers, a maior associação de consumidores da Europa, que inclui a Deco Proteste.
Não são só as bebidas alcoólicas que assustam os investidores. Armas, tabaco, trabalho infantil, agricultura intensiva, poluição e desrespeito pelos direitos humanos também estão na mira. Muitos investidores conscientes do mal que o seu dinheiro pode estar a fazer preferem transferir o capital para outros gestores mais preocupados em seguir princípios de investimento ético. "Muitos investidores não estão dispostos a aceitar um desempenho obtido às custas de outros, do planeta ou da vida selvagem", explica Sophie Horsfall, gestora do fundo F&C Stewardship International.
Gestores especializam-se
A gama de fundos Stewardship da gestora F&C é a mais antiga na Europa na área do investimento ético. "O nosso processo é muito conduzido pelo investimento. Separamos o filtro ético da gestão da carteira, empregando especialistas em cada 4ardship International, que, em Portugal, é distribuído pelo ActivoBank e pelo Banco Best. Como a gestora não segue qualquer índice de mercado, é possível encontrar títulos menos conhecidos entre as suas participações.
Os pequenos investidores portugueses têm acesso a algumas dezenas de fundos socialmente responsáveis, mas apenas um deles é gerido em território nacional: o European Responsible Consumer, gerido na Espírito Santo Activos Financeiros, a sociedade do Banco Espírito Santo. Embora seja um fundo misto, o gestor Hugo Custódio tem 94% dos activos aplicados no mercado accionista, segundo o último relatório publicado sobre a carteira do produto. A política de investimento do European Responsible Consumer é clara nas situações em que Hugo Custódio não pode investir: produção ou venda de minas anti-pessoais, desrespeito pelos direitos humanos, produção de tabaco e cigarros, trabalho infantil, agricultura intensiva, responsabilidade agravada na poluição do planeta e produção ou venda de materiais pornográficos. Este fundo nasceu de uma parceria entre a ESAF e a Euro Consumers, a maior associação de consumidores da Europa, que inclui a Deco Proteste.
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É difícil ser socialmente responsável
Muitas empresas não aguentam as suas posições nos índices de acções socialmente responsáveis. Os critérios são exigentes.
No décimo aniversário do FTSE4Good, uma colecção de índices de acções gerida conjuntamente pela bolsa de Londres e pelos editores do "Financial Times", soube-se que não é fácil ser-se socialmente responsável. Ao longo da década, 288 empresas foram excluídas do índice por não conseguirem manter os critérios mínimos. Foi o que aconteceu à BP após depois do derrame de petróleo no Golfo do México. O comité do índice apenas aceita firmas que demonstram bons padrões de responsabilidade empresarial, minimizam os riscos sociais e ambientais e evitam investir em sectores tradicionalmente inaceitáveis (tabaco e armas, por exemplo).
Os índices FTSE4Good não são os únicos padrões que os investidores preocupados com as suas pegadas financeiras podem seguir. Outros gestores de índices têm propostas concorrentes, como é o caso do Dow Jones. Inclusivamente, os índices Dow Jones Sustentability são usados como referência para fundos cotados na bolsa. Comprando os fundos iShares Dow Jones Europe Sustainability Screened ou o iShares Dow Jones Global Sustainability Screened na bolsa de Amesterdão, os investidores estão a adquirir uma exposição selectiva às maiores empresas europeias e mundiais apostadas em crescer sustentavelmente.
Éticos ganham como os outros. ou mais. Alguns investigadores dizem que os fundos socialmente responsáveis conseguem ultrapassar bem as crises financeiras, mas a opinião não é unânime. Certo é que não perdem mais do que os outros fundos. Embora não seja claro que os fundos socialmente responsáveis sejam melhores do que os restantes, uma coisa é certa: não são piores. Um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade do Minho, que abarcou fundos de sete países europeus (não incluindo Portugal), concluiu que "os investidores que querem ter fundos europeus podem adicionar um filtro [de responsabilidade] social nas suas escolhas de investimento sem comprometer o seu desempenho financeiro". É possível que os fundos mais responsáveis tenham uma especial aptidão para tempos difíceis, como os actuais. Num trabalho publicado no final de 2010, quatro académicos da Universidade da Calábria concluíram que "os fundos éticos [disponíveis em Itália] governaram a crise financeira criada pelo 'subprime' mais bem do que os fundos não éticos". No entanto, investigadores da EDHEC Business School não chegaram à mesma dedução: "os fundos socialmente responsáveis [distribuídos em França] não forneceram protecção contra as quedas do mercado" durante a crise financeira. |