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Invista nas firmas mais produtivas

Há empresas a recrutar para serem as primeiras a beneficiar da recuperação económica, inclusive em Portugal.

Invista nas firmas mais produtivas
26 de Janeiro de 2011 às 08:40
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A redução do pessoal é uma das medidas mais frequentes entre as firmas que não conseguem superar a pasmaceira económica conduzida pela crise financeira. As companhias portuguesas não são excepção: quase 600 trabalhadores por mês viram-se envolvidos em processos de despedimento colectivo ao longo de 2010, mostram as últimas estatísticas a Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho. Esses cidadãos e muitos outros que não passaram por despedimentos colectivos mas que deixaram de ter emprego engrossam os números de desempregados nacionais. Os últimos números do Instituto Nacional de Estatística mostram que já há menos de 5 milhões de empregados em Portugal, algo que não acontecia há mais de 10 anos.

O corte no número de empregados não é um fenómeno exclusivamente português. Os despedimentos colectivos também atingiram o seu pico nos Estados Unidos da América, o motor global responsável por 27% da produção económica mundial, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. Em 2010, os despedimentos colectivos nessa nação envolveram cerca de 152 mil trabalhadores por mês.

Luz ao fundo do túnel
Há, no entanto, alguns sinais positivos. Muitos empresários já vêem sinais positivos no futuro próximo. Por isso, algumas companhias começam agora a abrir os cordões à bolsa para iniciarem processos de contratação para serem as primeiras a ganhar com a recuperação económica. Os gestores mais experientes sabem que a seguir a uma recessão vem sempre uma período de expansão, como mostra a teoria dos ciclos económicos. Por isso, aproveitam o que acreditam ser o final de uma fase de depressão para recrutarem os melhores profissionais para as suas operações.

O Negócios foi à procura de empresas cotadas que, suportadas por um aumento das suas vendas, estão a aumentar os seus quadros. Contudo, de modo a validar que os novos funcionários foram bem absorvidos pelas firmas, exigiu-se que a produtividade do pessoal (medido pelo volume de negócios por trabalhador) tenha aumentado após as contratações. Aplicou-se ainda outro critério: a dívida da empresa não podia ser superior ao seu capital próprio. Assim, garantiu-se que o balanço suporta o investimento no alargamento da rede de funcionários. A busca de sociedades produtivas a contratar encontrou sete acções para os investidores que querem ser os primeiros a apostar na recuperação económica.









Aposte nos primeiros a recuperar

Há gestores especializados em acompanhar a recuperação do ciclo económico.

Depois da tempestade vem a bonança. É a contar com isto que muitos investidores estão a voltar- -se para as acções das empresas mais beneficiadas pela recuperação da economia. Por muito má que seja a crise financeira global, ela é passageira. E quando passar, as empresas mais expostas ao crescimento encaixarão fortes receitas.

Catarina Castro, a gestora do Santander Euro-Futuro Cíclico, procura "acções [europeias] dos sectores cíclicos, de empresas que dependem do crescimento económico e consumo privado, tais como empresas ligadas aos sectores de transportes, automóveis, químicos, petrolífero, pasta de papel, bens de consumo cíclico, retalho especializado e serviços de lazer". A antecipação à recuperação económica tem dado frutos: o fundo rendeu mais de 20 por cento no último ano, a melhor marca entre todos os fundos portugueses que investem em acções europeias. No início do ano, a maior aposta de Catarina Castro era na indústria petrolífera. Só a aposta na Royal Dutch Shell e na BP representavam mais de 15% do património do Santander Euro-Futuro Cíclico. O maior investimento em Portugal era nas acções da Sonae Indústria.

Nem todos os clientes do Santander Totta conseguem aplicar o seu dinheiro no Santander Euro-Futuro Cíclico. Este produto está inserido num agrupamento de fundos que exige pelo menos 40 mil euros disponíveis para entrar. Os outros fundos são o Euro-Futuro Banca e Seguros, o Euro-Futuro Acções Defensivo e o Euro-Futuro Telecomunicações, Média e Componentes Electrónicas.

O ActivoBank e o Banco Best comercializam um fundo alternativo ao Santander Euro-Futuro Cíclico. O SGAM FE Euroland Cyclicals, gerido por Nicolas Muller, investe em "acções de empresas na área do euro cujo valor está ligado à evolução dos ciclos económicos". Embora Muller prefira o sector dos materiais, representados por empresas como a química BASF e as líderes nos gases industriais Linde e Air Liquide, a sua maior aposta também é no sector energético: as acções da petrolífera francesa Total absorvem mais de 8% dos activos do fundo, segundo a Morningstar.








Sete empresas a manter debaixo de olho (e porquê)


Aegon
Cada vez mais segurados
A injecção de 3 mil milhões de euros que o governo holandês deu à Aegon nos finais de 2008 serviu como motor de rearranque do negócio. A companhia seguradora nunca deixou de ser um dos principais operadores nos seus maiores mercados: América do Norte, Países Baixos e Reino Unido. O aumento de clientes, que já ultrapassaram os 40 milhões em todo o mundo, obrigou a empresa a contratar. No início do segundo semestre de 2010, os contratos de trabalho com a Aegon roçavam 31500 trabalhadores, o que representava um aumento de 6,64% face ao ano anterior. Contudo, graças às economias de escala do negócio segurador, o volume de negócio por trabalhador aumentou 22,31%.


EDP Renováveis
Trabalhadores cheios de energia
A EDP Renováveis, o quarto maior operador de energia eólica do mundo, continua a crescer intensamente. No final de Setembro passado, a capacidade produtiva anual da firma chegou aos 6,2 gigawatts, o que representou um aumento de 26,61% nos 12 meses anteriores. As expectativas para o futuro são elevadas: a carteira de projectos da EDP Renováveis soma uma capacidade instalada de 31 gigawatts. Para suportar as expectativas do grupo, as contratações são obrigatórias. Em Setembro, a empresa tinha 722 empregados, quase mais 15% do que no final de 2008. Além disso, cada trabalhador consegue agora mais 34% de vendas do que há um ano, conclui-se da análise à contabilidade trimestral.


Gilead Sciences
Absorvente de farmacêuticos
Uma grande parte do crescimento da biofarmacêutica Gilead Sciences é obtido através de fusões e de aquisições de concorrentes. Essa estratégia reflecte-se naturalmente num aumento da força de trabalho da companhia californiana. Desde 1999, a Gilead realizou aproximadamente uma operação de concentração por ano. A última, a aquisição da Arresto Biosciences, foi anunciada no final de 2010 e deverá ser concretizada durante o primeiro trimestre de 2011. Os número mais recentes sobre o pessoal da Gilead mostram um aumento anual da equipa de 11,94%, o que permitiu um avanço da facturação por funcionário de 27,12%.


Halliburton
Sede de petróleo conduz a contratações
A Halliburton é a segunda maior empresa num negócio intensivo de capital humano: presta serviços aos campos petrolíferos e gasíferos. Na última contagem, o grupo texano estimou ter 55 mil funcionários distribuídos por cerca de 70 países. Há um ano, o número de trabalhadores era de 51 mil. Os novos contratos que a Halliburton tem ganho ? como a perfuração atribuída pela ConocoPhillips no poço Jasmine no Mar do Norte e os serviços integrados para o poço West Qurna indicados pela ExxonMobil no sudeste do Iraque ? obrigam a sociedade a fazer contratações em massa. Em Agosto, o grupo montou uma feira de emprego no Luisiana com 50 gestores de recursos humanos.


Infineon Technologies
Empregados mais eficientes
Há dois anos, a Infineon Technologies, a segunda maior fabricante europeia de semicondutores, enfrentou graves dificuldades que a obrigaram a reduzir drasticamente o número de empregados. Agora, aos primeiros sinais da recuperação económica, a sociedade alemã volta a contratar, embora ainda marginalmente. Apesar do número de empregados ter aumentado muito pouco, o volume de negócios mais do que duplicou nos 12 meses que terminaram em Setembro. Os novos contratos no ramo automóvel, como o microprocessador que equipará a direcção do Audi A7 Sportback, suportam o crescimento da facturação da Infineon.


K+S
A fertilizar a receita por empregado
A procura global dos produtos das duas maiores áreas de negócio da K+S ? produção de sal e de fertilizantes à base de potássio e magnésio ? levou a administração da empresa alemã a rever em alta as perspectivas de facturação em 2011. Além disso, obrigou os gestores a continuarem a fazer crescer a estrutura de pessoal. Nos 12 meses que terminaram em Setembro, o número de funcionários da K+S aumentou 23,34%. Sobre isso, o grupo conseguiu ainda extrair mais 23,34% de vendas por empregado. Em Portugal, a K+S controla a Vatel, que tem fábricas de produção de sal em Alverca e em Olhão.


Portucel
Há pasta para contratar
"Em linha com o verificado na primeira metade do ano, o Grupo Portucel apresenta um desempenho muito positivo nos primeiros nove meses de 2010, com as vendas consolidadas a atingirem 1003,7 milhões de euros, o que representa um crescimento de 24,5% em relação ao período homólogo", dizem, em comunicado, os responsáveis da sociedade. Eles esperam que o desempenho continue positivo. A Portucel, o terceiro maior exportador português, está agora a analisar oportunidades de expansão no Hemisfério Sul. Assim, o aumento de 60 funcionários no primeiro semestre de 2010, segundo a Bloomberg, deverá continuar para a empresa produtora de papel e de pasta de papel.
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