Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Internet ganha espaço na televisão

A convergência entre os dois meios é uma realidade que invade também o ecrã dos televisores. Os widgets dão acesso a informação disponível na Web e os conteúdos portugueses já marcam presença. Mas cuidado com a desactualização rápida da tecnologia.

25 de Maio de 2011 às 08:49
  • ...
A Internet tem vindo a conquistar a atenção dos consumidores, reduzindo o tempo que estes passam em frente à televisão, que continua a ser um meio passivo para receber informação. Depois das imagens televisivas terem invadido o espaço da Internet, nos sites dos canais de televisão e noutros serviços, como o YouTube, os conteúdos Web estão a fazer o percurso contrário, adoptando formatos especialmente concebidos para o ecrã da televisão e dando acesso a informação útil a quem não tem PC, ou não o quer ligar.

A partir da televisão já é possível navegar na Internet, aceder a vários serviços - como informação de farmácias, meteorologia ou notícias -, jogar alguns jogos simples, partilhar informação nas redes sociais e até fazer compras online. Sem esquecer, naturalmente, o download de filmes e séries.

A comodidade é a palavra-chave nesta fusão entre os dois meios que conta com o empenho dos fabricantes de televisores e de gigantes da Internet, como o Yahoo, a Google e mesmo o português SAPO. As connected TVs, ou televisões com ligação à Internet, começam a ser obrigatórias nas linhas de produto das principais marcas, depois de um começo tímido há alguns anos, que tem vindo a ser acelerado pelo interesse dos consumidores.

Entre os aparelhos de televisão vendidos em 2010 a consultora de mercado DisplaySearch estima que 20% já possuem ligação à Internet e a tendência será sempre a crescer. A disponibilidade de redes Wi-Fi em casa dos consumidores, ou de ligação da Internet a redes locais com fios, torna barata a integração do ponto de vista de hardware e não acrescenta custos na factura de telecomunicações.

Como noutros casos, a principal dificuldade reside ainda nos conteúdos, que têm de ser adaptados especialmente para este modelo, em termos de apresentação em ecrãs de grande dimensão e de utilização do comando para navegar, em vez do teclado e rato dos computadores pessoais. Mas também aqui o investimento de alguns "pesos-pesados" da Web pode equilibrar a balança para o lado dos consumidores. Afinal a televisão é mais um canal de acesso aos conteúdos, tal como os smartphones e tablets.

Por tudo isto as linhas de televisores com ligação à Internet são cada vez mais alargadas, e o serviço deixou de estar reservado aos modelos topo de gama. A LG, Panasonic, Sony, Samsung e Toshiba têm apostado nesta área, com conectores para redes locais com fios ou ligação wireless, por Wi-Fi. Mas o investimento passa também pelos serviços de acesso, através de parcerias que permitem o enriquecimento de conteúdos, muitas vezes exclusivos para a marca.

É o caso do Toshiba Places, um dos serviços mais recentes nesta área, que inclui o acesso a conteúdos e serviços, entre os quais se contam notícias, jogos, aplicações e música. Há ainda com uma secção social, que permite a partilha de fotos e vídeos entre diferentes utilizadores e dispositivos.

Ao contrário de outros players, a Toshiba apostou numa plataforma que pode ser acedida a partir do PC, Tablet ou televisão.

Conteúdos com sabor local
Para além dos conteúdos internacionais, que resultam de parcerias globais, a LG e a Samsung têm procurado parcerias locais, que em Portugal se materializaram em widgets do Meo e do SAPO, ambos do Grupo Portugal Telecom. A Toshiba, Sony e Panasonic não afastam também essa possibilidade, mas não têm ainda novidades para mostrar nesta área.

Os conteúdos nacionais são assumidamente elementos diferenciadores, que podem trazer mais-valias aos consumidores portugueses e ser decisivos no momento da escolha.

"Os portugueses, na qualidade de early adopters, irão continuar a querer "consumir" internet em todo e qualquer lugar, nomeadamente na TV. Desta forma, a Internet na TV é uma evolução bastante natural e no momento da decisão sobre o equipamento a adquirir os portugueses já mostram dar relevo às funcionalidades Smart TV, integrando-as no seu dia-a-dia", explica Sérgio Martins, Gestor de Produto da área de Home Entertainment da LG Electronics Portugal.

A experiência com a Internet e os smartphones de acesso a múltiplas aplicações torna a utilização mais simples e intuitiva. E rápida, pelo menos quando se está no sofá da sala. "O consumidor de TV tende a querer controlar os conteúdos mediante a sua preferência e disponibilidade, encontrando na Smart TV uma oferta muito mais abrangente de conteúdos veiculados pela Internet", explica também Filipe Carvalheiro, director da unidade de Electrónica de Consumo da Samsung, acrescentando que com a expansão das redes sociais também estas televisões permitem que o utilizador esteja sempre ligado à família e amigos.

João Barbosa, Gestor de Produto da Sony, garante que é este mix de comodidade e interactividade que atrai os utilizadores. "A procura por este tipo de funcionalidades está em grande crescimento no nosso mercado sendo que o rácio de consumidores que se conectam frequentemente tem tido um aumento estável no último ano. Com a inclusão de mais serviços e conteúdos assim como a expansão desta funcionalidade a mais modelos este ano espera-se que o rácio continue a aumentar", justifica.

Perigo de obsolescência
Mas nem tudo são boas novidades no mundo da convergência, sobretudo se pensarmos ao nível da interoperabilidade. Os serviços são "formatados" para os modelos de cada marca, que têm as suas próprias especificações e lojas exclusivas, e a palavra interoperabilidade ainda é uma miragem.

Pior ainda é o risco de obsolescência rápida. Demasiado rápida para quem está habituado a que uma televisão dure alguns anos na sala, ao contrário do que acontece por exemplo nos computadores.

Se comprou uma televisão nos últimos dois anos é provável que esta tenha possibilidade de ligação à Internet. Mas também é muito possível que a tecnologia já esteja desactualizada, e não funcione com os actuais serviços. Este é um dos grandes problemas da integração nos televisores, habitualmente concebidos para durar vários anos.

A evolução da tecnologia assim obriga… ou talvez não. O certo é que algumas marcas lançaram inicialmente serviços baseados em Internet que foram actualizados e deixaram de ser compatíveis com as gerações mais antigas de televisores. Por isso, quem gastou mais umas dezenas - ou centenas - de euros para comprar um smart TV agora não pode aceder às novas plataformas, um problema que as fabricantes de televisores deviam resolver, aprendendo a regra da retro-compatibilidade a que outras áreas da electrónica de consumo já se curvaram.
Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio