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Combata a inflação com fundos de investimento

Há fundos que acompanham a alta da inflação investindo em obrigações que estão indexadas aos índices de preços.

Combata a inflação com fundos de investimento
01 de Abril de 2011 às 08:45
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Os primeiros números do ano sobre a inflação portuguesa foram assustadores: os preços subiram 3,64% nos 12 meses anteriores a Janeiro, divulgou o Instituto Nacional de Estatística. Era um valor que não se via há cinco anos. Um mês depois a inflação afrouxou, mas não muito: a taxa, calculada pela variação do índice de preços no consumidor, desceu para 3,53%.

O aumento dos preços não é uma exclusividade nacional. A taxa de inflação da Zona Euro atingiu os 2,3% em Janeiro, um valor que não deixa confortáveis os governadores do Banco Central Europeu, cujo principal objectivo é a estabilidade de preços. "Existe entre os banqueiros centrais uma firme convergência no objectivo de continuar a ancorar solidamente as expectativas de inflação", disse Jean-Claude Trichet, presidente do BCE. À luz do novo número, os economistas do banco central estimam agora que a inflação ficará entre 2% e 2,6% em 2011.

À medida que a alta das mercadorias começa a ser reflectida nos preços dos bens consumidos um pouco por todo o mundo, a inflação mundial tenderá para o aumento. O preço do "brent", o petróleo recolhido no Mar do Norte, aumentou mais de 40% nos 12 meses que terminaram em meados de Março.

Inflação corrói investimentos
A inflação é um dos elementos mais importantes no planeamento de um investimento. É preciso subtrair a inflação à rendibilidade alcançada para saber exactamente em quanto aumentou o seu poder de compra. Se um investidor de 25 anos que comece agora a amealhar 310 euros por mês ganhar 8% por ano, chegará aos 65 anos com um milhão de euros. Contudo, se a inflação anual média durante esses 40 anos for de 2,5%, então esse milhão compra menos coisas que 400 mil euros conseguem hoje.

Nem as acções sobrevivem à redução do rendimento. Uma investigação da equipa de Hong-Kong da gestora de fundos Invesco concluiu que "as acções tendem a ter um bom desempenho na fase inicial do aumento de preços, mas que é necessário uma posição mais conservadora depois disso".

"As acções e obrigações tradicionais não tiveram desempenhos particularmente bons em períodos de inflação ascedente", conta Robert J. Greer, coordenador e autor de quatro capítulos do livro "The Handbook of Inflation Hedging Investments". "Para as obrigações, a razão é óbvia." - continua o autor - "A inflação a subir conduz a taxas de juro mais elevadas, o que causa a queda dos preços das obrigações"

Há, no entanto, uma classe de activos que paga juros sempre acima da inflação: as obrigações indexadas aos índices de preços. "De longe, os principais emitentes de obrigações ligadas à inflação (...) são os governos", avança o livro de Robert J. Greer. A França, por exemplo, um dos emitentes europeus mais activos nesta área, colocou no mercado várias emissões que pagam um cupão anual fixo e outro cupão variável que depende da inflação francesa (excluindo tabaco) ou da Zona Euro.

Fundos com inflação controlada
Os fundos de obrigações indexadas à inflação é a principal recomendação que Robert J. Greer faz aos investidores que se querem proteger da alta de preços. O autor sabe do que fala: ele é o gestor do fundo Pimco Global Real Return, que, ao ganhar quase 5% no último ano, foi um dos melhores no segmento.

Nos últimos anos, os ganhos médios destes fundos foi reduzido, menos de 1,8% por ano, porque a crise da dívida soberana comprimiu os preços das obrigações. Embora os juros sejam garantidos pelos estados, as carteira dos fundos são avaliadas diariamente aos preços de mercado. Se o mercado está deprimido, a rendibilidade dos fundos de obrigações indexadas à inflação também.

Apesar disso, encontra-se pelo menos meia dúzia de fundos que renderam mais de 4% no último ano. Além disso, como são fundos que investem maioritariamente em títulos soberanos, o risco do investimento é reduzido. É o caso do Parvest Bond World Inflation-Linked: conseguiu ganhar mais de 5% no último ano investindo mais de dois terços da carteira em obrigações de "rating" AAA, o que se reflecte num perfil de risco médio baixo, segundo os padrões da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.






Ouro é protector contra a inflação

Mesmo depois do fim do padrão-ouro, o metal continua a compensar a inflação.


Em 1977, Roy W. Jastram, então professor na Universidade da Califórnia em Berkeley, criou os índices mais longos de preços de ouro: a informação começava em 1560 para o ouro inglês e em 1800 para o norte-americano.

Vinte anos depois, Stephen Harmston, do World Gold Council, estendeu o estudo a outros países. Uma coisa rapidamente se tornou evidente: o preço do metal amarelo acompanha de perto a subida dos preços.

Os académicos explicam que, mesmo depois do sistema do padrão-ouro ter sido eliminado, o metal é usado como reserva e, por isso, o seu preço deverá continuar a compensar a perda obtida pelo aumento dos preços.

Graças às finanças modernas, não é preciso comprar gramas de ouro para se proteger.

É possível comprar na bolsa instrumentos que procuram replicar a evolução do metal.

O Gold Bullion Securities é um deles: ao adquirir títulos deste veículo de investimento na bolsa de Londres ou de Paris está na verdade a comprar uma porção de ouro. Por cerca de 100 euros, cada unidade do Gold Bullion Securities representa cerca de 3 gramas de ouro.






5 estratégias de cobertura de preços

Os preços dos bens e serviços não sobem de forma uniforme. Para algumas famílias, pode valer a pena realizar a protecção contra a subida de apenas alguns produtos.

Nem toda a inflação é relevante para as famílias portuguesas. Os custos da alimentação, dos transportes e da habitação são os que mais se destacam. Juntos representam quase 50% da despesa mensal familiar, segundo os ponderadores atribuídos pelo Instituto Nacional de Estatística no cálculo do Índice de Preços no Consumidor. Quem procura proteger-se da subida de preços pode satisfazer-se apenas com a cobertura de um segmento da despesa. A inflação na área dos transportes, por exemplo, foi de quase 10% no último ano, seguida de perto pelo aumento dos custos da habitação com uma subida de preços de cerca de 6%. Na mesma altura, a evolução dos gastos com vestuário e calçado foi positiva, porque os preços desceram, segundo o INE. É possível compensar a subida dos preços numa área muito específica, embora a cobertura não seja perfeita. Saiba como o fazer em cinco itens do orçamento familiar.


1. Supermercado. Para compensar a subida da factura dos gastos no supermercado, invista em quem mais ganha com o aumento da sua despesa. Ao apostar nas acções das empresas que gerem as grandes superfícies comerciais, está a procurar ganhar com o aumento do dinheiro que as famílias deixam nos hipermercados. Entre os títulos da Sonae SGPS e da Jerónimo Martins prefira os primeiros. Além dos analistas dizerem que estão mais baratos, a exposição ao retalho alimentar português é maior. Mais de 50% da facturação da Jerónimo Martins é na Polónia.

2. Pão. Os avanços nos mercados financeiros permitem o investimento quase directo em mercadorias. Quem quiser cobrir uma potencial subida do preço do pão pode comprar unidades do ETFS Wheat, um fundo cotado nas bolsas de Paris e Londres exposto ao preço do trigo. Nos últimos 12 meses, este fundo valorizou cerca de 35%. Se o que procura é a protecção de outros cereais ou bens agrícolas, não se preocupe: há alternativas para o açúcar (ETFS Sugar), o café (ETFS Coffee), o milho (ETFS Corn) e a soja (ETFS Soybeans). Se quiser tudo no mesmo pacote, opte pelo ETFS DJ-UBSCI Agriculture ou pelo PowerShares DB Agriculture (disponível nas bolsas de Nova Iorque e Frankfurt).

3. Transportes. Tal como é possível comprar um fundo exposto ao trigo, pode cobrir o aumento dos seus gastos com combustíveis petrolíferos comprando o fundo exposto aos contratos sobre o "brent", o petróleo do Mar do Norte que serve de referência para o mercado nacional. O ETFS Brent 1mth, negociado nas bolsas de Paris e Londres, investe em contratos de futuros sobre o barril de "brent". A alternativa mais "caseira" é comprar acções da Galp Energia.

4. Electricidade. A evolução do preço da electricidade está ligada indirectamente à subida do preço dos combustíveis, porque são dois produtos alternativos. Por isso, uma protecção contra a subida dos custos de transporte pode abarcar a cobertura do aumento da factura energética da casa. No entanto, aqueles investidores que querem se proteger desse risco específico podem eleger as acções da EDP ou da REN. Apesar de a REN apenas fazer o transporte da electricidade, é uma empresa exposta essencialmente à economia nacional, ao contrário da EDP.

5. Telecomunicações. Se for um dos cerca de 1,6 milhões de clientes da Zon, a dona da TV Cabo, consegue uma protecção quase perfeita contra o aumento da factura através da compra das suas acções. Como a Zon não tem actividade internacional, todo o seu crescimento nasce das cobranças aos seus clientes. Os clientes da Optimus também conseguem uma boa cobertura adquirindo acções da Sonaecom. Pior protecção têm os clientes da Portugal Telecom (que inclui a PT Comunicações, o Meo, a TMN e o Sapo), porque o grupo tem interesses no estrangeiros, especialmente no Brasil.
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