Notícia
Arrendar é mais atraente
A opção de arrendamento está a ganhar pontos à compra de casa devido à subida dos preços e ao aumento dos juros cobrados pelos bancos. Quanto maior for a habitação, mais compensa arrendar.
11 de Março de 2011 às 07:00
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![](http://www.jornaldenegocios.pt/images/2011_03/arrendar_noticia.jpg)
A crise financeira continua a contrair a mão outrora generosa da banca portuguesa. O "spread" que a Caixa Geral de Depósitos propõe aos portugueses que sondam as suas soluções de crédito à habitação varia actualmente entre 1,55% e 4,15%, segundo o preçário do maior credor português. Isto quer dizer que, num empréstimo de taxa variável, os novos endividados podem ficar a pagar uma taxa anual em torno de 4,25%, muito longe dos valores que se praticavam há pouco mais de um ano.
Recorrendo ao financiamento à taxa de 4,25%, o apartamento em Arcozelo ficaria a pesar cerca de 550 euros por mês num crédito a 30 anos. Será que não seria melhor arrendar? Não, porque o valor do arrendamento em Vila Nova de Gaia ultrapassa 600 euros por mês para um T2, mostram as estatísticas de Dezembro compiladas pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal. A APEMIP agrega informação estatística dos valores de venda e de arrendamento de imóveis em todo o país. A informação sobre esses imóveis, incluindo o apartamento em Arcozelo, estão disponíveis no sítio na internet Casa Yes (casayes.pt).
Um indicador para decidir
Para facilitar a decisão dos seus leitores entre compra e arrendamento, o Negócios agregou num único indicador a informação estatística da APEMIP para os dez municípios mais populares na busca de casa. Esse indicador, o "rácio preço-renda", resulta da divisão do valor de venda de habitações nesses municípios pelo valor de arrendamento durante um ano. Simplificadamente, um rácio inferior a 17 indica que é mais económico optar pela compra do que pelo arrendamento. Um rácio superior a 19 diz que é mais barato arrendar. Entre 17 e 19 não é possível retirar ilações da leitura do rácio preço-renda. O sinal não é claro.
No caso de uma habitação com dois quartos em Vila Nova de Gaia, a APEMIP revela que o preço médio de venda é de 113. 510 euros, enquanto o valor médio de arrendamento é de 606 euros. Dividindo o preço de venda pelo valor anual de arrendamento de 7.272 euros (606 × 12), o rácio preço-renda computa o valor de 15,61. Isto significa que a compra é mais económica no longo prazo.
Nem sempre comprar é a melhor solução, mesmo em Vila Nova de Gaia. Se, em vez de um T2, procurasse um T3, o preço médio que encontraria nas ofertas de venda ultrapassaria os 205 mil euros. À taxa de juro de 4,25% num empréstimo hipotecário a 30 anos, o financiamento desse montante representaria uma prestação mensal superior a 1.000 euros. Ora, os T3 em Vila Nova de Gaia podem ser arrendados por um valor médio de 760 euros, o que se traduziria numa poupança de mais de 240 euros por mês.
A análise dos rácios preço-renda permite concluir que há uma tendência para as residências de maior dimensão serem mais económicas quando se opta pelo arrendamento. Uma família que esteja à procura de casa para comprar pagará mais 57% ao optar por um T3 em vez de um T2. Contudo, o valor do arrendamento só aumenta 40% quando se passa de uma habitação com dois quartos para uma casa com três quartos, mostram as estatísticas da APEMIP para os dez principais municípios. Uma razão possível para a disparidade entre os preços de venda de T2 e T3 pode estar na quantidade: em geral, há mais apartamentos de dois quartos do que de três quartos.
Procurar um tecto de lés a lés
Usando as estatísticas de Dezembro da APEMIP sobre os valores de oferta de venda e de arrendamento de habitações nos dez municípios mais pesquisados no portal Casa Yes, o Negócios calculou um indicador para aferir o que mais compensa para quem procura uma casa: comprar ou arrendar.
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Arrende o seu T3
Embora não haja vantagens claras para a compra ou para o arrendamento de uma habitação de dois quartos, o rácio preço-arrendamento de T3 aconselha a opção pela renda.
T2
Valor de venda: 116 337€
Valor de arrendamento: 528€
Rácio P/R: 18,36
T3
Valor de venda: 188 228€
Valor de arrendamento: 674€
Rácio P/R: 23,27
2 - MATOSINHOS
T2 sem dúvida
O rácio calculado sugere o arrendamento caso esteja à procura de uma habitação com três quartos, mas o sinal do indicador no caso do T2 é dúbio, apesar de estar mais próximo do conselho de compra.
T2
Valor de venda: 141 400€
Valor de arrendamento: 675€
Rácio P/R: 17,46
T3
Valor de venda: 226 174€
Valor de arrendamento: 976€
Rácio P/R: 19,31
3 - PORTO
Pague uma renda
Os preços propostos pelos vendedores - mais de 162 mil euros por um T2 e quase 263 mil euros por um T3 - convertem-se em prestações bancárias muito superiores aos valores de arrendamento na Invicta.
T2
Valor de venda: 162 429€
Valor de arrendamento: 690€
Rácio P/R: 19,62
T3
Valor de venda: 262 747€
Valor de arrendamento: 1104€
Rácio P/R: 19,83
4 - GONDOMAR
T3 demasiado caro
A compra de uma casa com três quartos representa uma prestação hipotecária de quase 790 euros (assumindo uma taxa de juro de 4,25% e 30 anos de empréstimo), um valor 67% acima da renda alternativa.
T2
Valor de venda: 94 946€
Valor de arrendamento: 436€
Rácio P/R: 18,15
T3
Valor de venda: 159 822€
Valor de arrendamento: 469€
Rácio P/R: 28,40
5 - VILA NOVA DE GAIA
Disparidades entre T2 e T3
É na capital que os preços médios exigidos pelas habitações atingem o pico. Contudo, o valor das rendas não é relativamente mais elevado. Se está à procura de um T3 pondere o arrendamento.
T2
Valor de venda: 228 244€
Valor de arrendamento: 1033€
Rácio P/R: 18,41
T3
Valor de venda: 334 333€
Valor de arrendamento: 1390€
Rácio P/R: 20,04
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Excepção à regra
É em Sintra que mais compensa comprar habitações de maiores dimensões. Passar de um T2 para um T3 representa um aumento médio de 87% na renda, mas apenas de 56% no preço de venda das casas.
T2
Valor de venda: 108 296€
Valor de arrendamento: 523€
Rácio P/R: 17,26
T3
Valor de venda: 169 400€
Valor de arrendamento: 978€
Rácio P/R: 14,43
2 - CASCAIS
Onde a compra ainda vale a pena
A especificidade do mercado habitacional cascaense torna-o particularmente propenso à aquisição em vez da opção do arrendamento. Em média, a renda de um T2 ultrapassa os 1000 euros.
T2
Valor de venda: 217 720€
Valor de arrendamento: 1080€
Rácio P/R: 16,80
T3
Valor de venda: 325 299€
Valor de arrendamento: 1667€
Rácio P/R: 16,26
3 - OEIRAS
Opte pelo arrendamento
A prestação que se fica a pagar ao banco que financiar a aquisição de uma habitação neste município fica mais de 12% acima do que se paga pelo arrendamento de uma casa equivalente.
T2
Valor de venda: 165 569€
Valor de arrendamento: 715€
Rácio P/R: 19,30
T3
Valor de venda: 267 886€
Valor de arrendamento: 1000€
Rácio P/R: 22,32
4 - LISBOA
Casas mais caras de Portugal
É na capital que os preços médios exigidos pelas habitações atingem o pico. Contudo, o valor das rendas não é relativamente mais elevado. Se está à procura de um T3 pondere o arrendamento.
T2
Valor de venda: 228 244€
Valor de arrendamento: 1033€
Rácio P/R: 18,41
T3
Valor de venda: 334 333€
Valor de arrendamento: 1390€
Rácio P/R: 20,04
5 - ALMADA
Disparidades entre T2 e T3
Os preços de venda das casas na margem do Tejo oposta a Lisboa são cerca de metade do valor na capital. Contudo, as rendas ficam ainda mais em conta em Almada.
T2
Valor de venda: 124 987€
Valor de arrendamento: 522€
Rácio P/R: 19,95
T3
Valor de venda: 163 289€
Valor de arrendamento: 647€
Rácio P/R: 21,03
Legenda:
O rácio preço-renda (P/R), que resulta da divisão do valor de venda de habitações
pelo valor de arrendamento durante um ano, simplifica a decisão entre a aquisição e o
arrendamento. Os rácios mais elevados sugerem que o arrendamento é mais económico,
enquanto os valores mais baixos aconselham a compra da casa.
P/R > 19 Arrendar émais barato
P/R < 17 Comprar é mais barato
P/R entre 17 e 19 O sinal não é claro sobre a melhor opção
Investir em imóveis através de fundos
Os fundos imobiliários ganharam 2,35% no último ano. A rendibilidade não compensa as comissões pagas.
Investir em imobiliário sempre foi visto como uma das soluções de aforro mais seguras. Porém, a crise financeira, a fortes quedas dos preços em alguns mercados (como Espanha e a Irlanda) e a subida das taxas de juro cobradas pelos bancos para financiar as aquisições está a afastar muitos interessados no mercado dos imóveis. Para muitos, os fundos de investimento imobiliário são uma alternativa natural.
Embora os ganhos da última década (cerca de 4% por ano) sejam saciantes para a maioria, as rendibilidades mais recentes ficam aquém de instrumentos de investimento alternativo. Nos 12 meses que terminaram no final de Janeiro, os fundos imobiliários disponíveis aos aforradores portugueses avançaram 2,35%, mostram os números da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios. A melhor marca foi do ES Logística, que investe em imóveis ligados à logística e à distribuição, que lucrou 4,13%. O pior registo foi do CA Imobiliário, que perdeu 3,09%. Um terreno em Belas, Sintra, de quase 79 hectares é o seu maior activo: vale 35,7 milhões de euros.
Além de estarem a desacelerar o ritmo dos ganhos, os fundos imobiliários sofrem de um mal que afecta quase todos eles: elevadas comissões. É normal a cobrança de 0,5% à entrada e de 2% à saída. O Fundimo, o maior fundo português (tem mais de mil milhões de euros sob gestão), cobra entre 0,75% e 1,75% na subscrição e 2% no reembolso. A sede da TMN em Lisboa é o seu maior activo: está avaliada em mais de 50 milhões de euros.
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