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Espírito Santo Obrigações Europa conserva Irlanda na carteira

Vasco Silva Teles, gestor da ESAF, confirma que foi uma aposta negativa investir na dívida pública irlandesa, mas isso não impede o Espírito Santo Obrigações Europa de ser o mais rentável nos últimos três anos.

07 de Dezembro de 2010 às 09:00
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Vasco Silva Teles, gestor do Espírito Santo Obrigações Europa
O Espírito Santo Obrigações Europa tem vindo a reduzir o número de títulos no portefólio. Na última carteira publicada, apenas cinco emitentes absorvem a quase totalidade dos activos. Isso não poderá aumentar o risco do fundo?
Pretende-se o oposto. O mercado governamental da Zona Euro é constituído por 11 estados emissores com liquidez dentro dos padrões exigidos. Cada estado pode ter dezenas de títulos diferentes no mercado. Todavia, a liquidez, a transparência e a arbitragem deste mercado não permitem desajustamentos significativos entre o prémio dos diversos títulos dum mesmo emissor. Como tal, ter 10 por cento num só título de dívida pública francesa comporta na prática o mesmo risco de crédito de ter 10 títulos na proporção de 1 por cento cada um, desse mesmo estado. Reduzir significativamente o número de títulos permite, por outro lado, monitorizar as diversas posições duma forma mais focada e, em caso de necessidade, ajustar rapidamente a carteira, trocando esse título por outro crédito mais seguro em apenas uma operação e em poucos segundos. Convém realçar, também, que os cinco maiores emissores contribuem com um peso de 81 por cento do índice da Zona Euro de dívida pública.
Apesar do cenário de crise, o Espírito Santo Obrigações Europa alcançou uma rendibilidade de 7,41 por cento por cada um dos últimos três anos, o que é a melhor marca entre os fundos de obrigações europeias. Agora, Vasco Silva Teles, o gestor responsável pelo produto, aliena as obrigações empresariais para se concentrar em apenas cinco emitentes soberanos: Alemanha, França, Holanda, Finlândia e Irlanda.

Esses cinco emitentes são todos soberanos. Porque não têm agora exposição a outras áreas do mercado, como as obrigações de empresas?
O Espírito Santo Obrigações Europa é um fundo de taxa fixa, dedicado ao mercado de dívida pública da Zona Euro. O regulamento permite exposição a outros tipos de dívida denominada em euros, desde que respeitando um mínimo de 70 por cento de taxa fixa, mas o espírito é replicar e se possível melhorar, o comportamento do índice de taxa fixa governamental da Zona Euro. No entanto o fundo retém a opção de investir em dívida empresarial, tendo no passado recente intervido no mercado de crédito.

Embora os títulos da dívida pública da Irlanda façam parte da carteira, não têm qualquer exposição à dívida de Portugal. Acredita que a dívida irlandesa é actualmente um melhor negócio do que a portuguesa?
A posição da Irlanda vem de há uns meses, na sequência da decisão da Comunidade Europeia de criar o fundo de estabilidade financeira e do Banco Central Europeu se ter comprometido a investir em dívida pública dos denominados países periféricos. Na mesma altura investiu-se em Portugal, Espanha e mesmo Grécia, posições que geraram bons retornos globalmente e das quais já saímos, numa acção de diminuição do risco. A posição na Irlanda veio a revelar-se uma aposta negativa, sendo que confiámos nas acções concretas de contenção fiscal e no rápido reequilíbrio externo da conta corrente verificado, não conseguindo, todavia, antecipar a dimensão do problema bancário local. Dadas as baixas valorizações actuais, consideramos, para já, manter a posição.

O que espera que aconteça aos "spreads" governamentais nos próximos meses?
O "spreads" estarão definitivamente sob pressão nos próximos tempos e a impaciência dos investidores pode atingir outros países com desequilíbrios externos, mas por enquanto ainda poupados. A percepção geral é que os movimentos de ruptura no mercado, análogos aos de Abril-Maio com a Grécia, se podem repetir se não houver vontade política dos países centrais da Comunidade Europeia de estancar o problema, nomeadamente através duma acção decisiva do Banco Central Europeu. Tudo indica que os líderes europeus estarão sob pressão máxima na conferência de Dezembro.

Nos últimos 3 anos, o fundo rendeu 7,41 por cento por ano. Como foi possível alcançar esse registo tendo em conta o cenário de crise que se vive nos mercados?
O momento determinante foi a crise que se anunciou em Julho de 2007. A decisão foi diminuir a exposição aos países mais vulneráveis, concentrando a carteira em puro risco de taxa de juro, ou seja, no crédito alemão e "sucedâneos". As taxas caíram abruptamente após a falência das agências hipotecárias americanas e do Lehman Brothers, em Setembro de 2008, o que foi benéfico para as carteiras de taxa fixa que se refugiaram nos denominados "safe havens".



Espírito Santo Obrigações Europa

Gestor Vasco Silva Teles
Sociedade ESAF
Comercialização ActivoBank, Banco Best, Banco Espírito Santo
Rendibidade 1 ano 5,61%
Rendibilidade anual 3 anos 7,41%
Rendibilidade anual 5 anos 4,49%
Risco Médio
Comissão de subscrição 0%
Comissão de resgate 1,5% até 90 dias, 0,75% de 91 a 180 dias, 0,25% de 181 a 360 dias, 0% a partir de 361 dias
Principais activos Alemanha 2,25% Setembro 2020, Holanda 2,75% Janeiro 2015, França 2,5% Janeiro 2015
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