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Brexit: Fundos suspendem negociações após fuga de investidores

O aumento invulgar dos pedidos de resgate levou pelo menos três casas de investimento a suspenderem indefinidamente fundos que gerem património imobiliário no Reino Unido, representando mais de 10 mil milhões de euros em activos.

06 de Julho de 2016 às 12:05
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E vão três. Depois da Aviva Investors e Standard Life Investments, é a vez da casa de investimento M&G Investments suspender a negociação dos seus fundos que investem em activos imobiliários no Reino Unido, depois do aumento dos pedidos de amortização de investimentos no rescaldo da decisão de saída do Reino Unido da União Europeia.

Citando a "incerteza do Brexit", a empresa anunciou esta quarta-feira, 6 de Julho, a "suspensão temporária" dos títulos e do seu fundo imobiliário (que tem investimentos em 178 propriedades comerciais britânicas e gere activos no valor de 4,4 mil milhões de libras ou 5,7 mil milhões de euros) devido ao elevado número de amortizações realizado pelos seus clientes nos últimos dias.

"As amortizações atingiram agora um ponto em que a M&G acredita ser melhor para a protecção dos interesses dos investidores pedir a suspensão temporária das negociações", refere o comunicado. Esta medida permitirá, justifica ainda a empresa, dar tempo à gestão do fundo para repor os níveis de capitalização "de uma forma controlada" e garantir que a eventual venda de activos é feita a "valores razoáveis". A casa de investimento promete rever os termos da suspensão a cada 28 dias.

Na base deste comportamento está a expectativa de que a saída de grandes multinacionais do mercado britânico no pós-Brexit tenha impacto na procura de edifícios de escritórios e comerciais, afectando negativamente o valor do património imobiliário e, por sua vez, a rentabilidade dos fundos, afastando assim os investidores.

Ainda esta terça-feira a Aviva Investors tinha interrompido todas as negociações no seu fundo Aviva Investors Property Trust com o objectivo de "proteger os interesses dos actuais investidores". Também neste caso foram os "volumes invulgares de pedidos para vender participações no fundo" a justificar a decisão, a que se juntaram as "condições de mercado exigentes face ao comportamento dos investidores em relação ao referendo da União Europeia". A pausa dará igualmente tempo à empresa para vender activos e voltar a capitalizar o fundo que gere um património avaliado em 1.900 milhões de libras (2.226 milhões de euros).

Um dia antes, já a Standard Life tinha anunciado a suspensão da negociação de quatro dos seus fundos (o Standard Life Investments UK Real Estate Fund, no valor de 2.900 milhões de libras, ou 3.400 milhões de euros, e três fundos associados) perante o "impacto do resultado do referendo da União Europeia no mercado comercial imobiliário britânico que resultou num rápido aumento dos pedidos de resgate". A empresa continuará a receber depósitos dos seus clientes, mas não os investirá, assegurou.

"Ainda que seja relativamente desconhecido o impacto de longo prazo do voto para sair da União Europeia, é provável que tenha impacto em todos os fundos britânicos de propriedade comercial", constata a Standard Life.

Provedor de serviços financeiros considera situação "verdadeiramente perturbadora" 

O organismo responsável por receber as queixas dos investidores sobre serviços financeiros no Reino Unido disse entretanto que esta suspensão é "verdadeiramente perturbadora" e que tem sido contactado por consumidores.

"Ainda é muito cedo para queixas formais sobre este assunto, no entanto estamos a começar a ver pedidos iniciais de informação por parte de consumidores preocupados", disse à Reuters uma porta-voz do provedor financeiro britânico.


"Embora a decisão de suspender os resgates fosse esperada, a extensão da suspensão pelos três fundos até ao momento é verdadeiramente perturbador", acrescentou. 

(Notícia actualizada às 15:44 com posição do provedor de serviços financeiros)

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