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Vestager quer europeus a comprar participações em empresas da região para travar avanço chinês
A vice-presidente executiva da Comissão Europeia pede aos países da Europa para avançarem com novas participações em cotadas do continente, de forma a impedir que os investidores chineses aproveitem esta fase para alargar a sua influência.
Numa entrevista ao Financial Times, a dinamarquesa disse que alguns reguladores europeus, como em França ou na Alemanha, já estão a trabalhar no sentido de dar aos países da União Europeia alguns poderes para impedir a concorrência desleal de empresas chinesas apoiadas pelo Estado do país.
"A situação atual enfatiza essa necessidade, por isso estamos a trabalhar de forma intensa nesse aspeto. Essa é uma das nossas principais prioridades", disse Vestager ao FT, acrescentando que "as pessoas são mais do que bem-vindas para fazer negócios na Europa, mas não a fazê-lo com meios competitivos injustos".
Os comentários de Vestager surgem numa altura em que os banqueiros estão a observar um aumento das consultas de empresas e fundos chineses - maioritariamente companhias estatais - de olho em alvos na Europa, segundo adiantou a Bloomberg, numa altura em que os índices europeus têm desvalorizado à boleia do impacto da covid-19.
Para fazer face a esse ímpeto chinês, o governo alemão está a preparar regras mais apertadas para proteger as empresas alemãs de eventuais "takeovers" por companhias extra-comunitárias, segundo a Bloomberg. A nova legislação germânica vai permitir ao governo liderado por Angela Merkel vetar negócios que constituam "interferências potenciais" nos interesses da Alemanha.
Na Europa, setores como a aviação, hotelaria e ligas de futebol procuram ajuda financeira devido à paralisação dos negócios provocada pela pandemia, que afeta a liquidez. Antecipando potenciais ofertas hostis, que incluem investidores chineses, algumas empresas europeias começam a recorrer a estratégias de defesa, disseram as fontes.
Contudo, não são apenas empresas estatais que têm procurado novas participações em empresas europeias. A Fosun International assumiu mesmo que ia aproveitar a atual situação difícil para quase todos os setores, para encontrar oportunidades de investimento em todo o mundo. A Shanghai Yuyuan Tourist Mart, uma unidade da Fosun cotada em Xangai, recentemente anunciou a aquisição de 55,4% da joelharia francesa Djula por 210 milhões de yuans (30 milhões de dólares).