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Presidente da Euronext explica porque prefere fusão com a NYSE

O presidente da Euronext NV, Jean-François Théodore concedeu ao «Le Fígaro» a primeira entrevista depois realização da Assembleia Geral de 23 de Maio. O responsável máximo da bolsa pan-europeia explica a sua preferência pela New York Stock Exchange, mas d

30 de Maio de 2006 às 10:15
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O presidente da Euronext NV, Jean-François Théodore concedeu ao «Le Fígaro» a primeira entrevista depois realização da Assembleia Geral de 23 de Maio. O responsável máximo da bolsa pan-europeia explica a sua preferência pela New York Stock Exchange, mas deixa uma porta aberta à Deutsche Börse.

O presidente máximo da Euronext NV, afirmou na entrevista concedida ao «Le Fígaro» que a Euronext é, actualmente, «a única bolsa – a única – verdadeiramente europeia, pois agrupa as praças de Paris, Amesterdão, Bruxelas, Lisboa e o mercado de derivados britânico».

A Euronext é baseada «num modelo aberto e federal, que respeita as diferentes praças que a compõem», adiantou Théodore, acrescentado que a Euronext NV «é aquela que oferece a maior liquidez aos investidores e um serviço de proximidade aos emitentes e aos intermediários financeiros locais». E, segundo o presidente da bolsa pan-europeia, ela pode ainda expandir-se «por exemplo, ao acolher a Bolsa de Milão que, é um sinal, demonstrou o seu interesse e a sua candidatura para integrar a nossa organização federal».

Jean-François Théodore refere que a única pressão de que é alvo para elevar o nível de concentração das praças pan-europeias «é a dos clientes e dos mercados que evoluem de uma forma muito mais rápida do que alguém poderia pensar, devido à globalização».

«Alógica é, no fundo, a de que este campeão europeu deseja continuar a participar no movimento de consolidação virando-se para um parceiro de primeiro plano, também ele um campeão num outro continente», explicou Théodore, referindo-se à possível aliança com a New York Stock Exchange.

«Os nossos accionistas e utilizadores desejam que haja uma segunda vaga de aproximação entre bolsas que permita criar entidades mundiais. É provavelmente esse o sentido dos movimentos entre o Nasdaq e a Bolsa de Londres. A consolidação internacional representa uma oportunidade real com o intuito de dar aos mercados europeus uma nova dinâmica», adiantou Jean-François Théodore.

Na Assembleia Geral realizada na semana passada, a Euronext NV mostrou-se favorável a uma aproximação com a New York Stock Exchange. Na mesma ocasião, alguns accionistas puseram em causa o preço apresentado pela bolsa liderada por John Thain, de oito milhões de euros, um valor considerado baixo pelos accionistas da Euronext, e que ficou aquém dos 8,6 milhões oferecidos pela Deutsche Börse.

A este propósito, Théodore afirmou ao «Le Fígaro», que os «accionistas terão a última palavra sobre as duas propostas na Assembleia Geral Extraordinária que se realizará logo que as modalidades de uma aliança sejam fixadas no quadro de um acordo de princípio. Mas a nossa convicção é clara: a propostas de aliança com a NYSE contribui de forma fantástica para a Euronext, para a praça de Paris e é criadora de valor para os nossos accionistas».

Aliança com NYSE cria primeira bolsa mundial e permite conservar identidade da Euronext

O responsável explica o contributo que esta aliança oferece. «O esquema repousa sobre a criação de um ‘holding’ ligeira, que incorpora duas sociedades distintas, o NYSE Group nos EUA e a Euronext na Europa, conservando cada uma a sua própria organização e ficando sujeitas às suas próprias entidades de regulação». Ao nível da estrutura directiva, «os postos de direcção serão assegurados de forma alternada, pelos europeus e norte-americanos, e as decisões estratégicas serão tomadas por uma maioria qualificada de dois terços dos administradores».

«Trata-se de uma parceria natural e equilibrada, sem lógica de dominação e sem tomada de controlo, uma vez que se funda a partir de duas entidades da mesma dimensão, que têm uma organização de mercado idêntica e uma mesma visão estratégica», reforçou Théodore.

«Uma aliança com a NYSE permitiria a criação do primeiro mercado bolsista mundial», explicou o responável da bolsa pan-europeia, afirmando que a Euronext «se posicionaria com um centro financeiro de primeiro plano». «Trata-se de uma oportunidade histórica a todos os níveis», concluiu Jean-François Théodore.

Entre as vantagens para os clientes, o presidente da Euronext refere que «poderemos desenvolver consideravelmente yma nova gama de produtos derivados, beneficiando da marca ‘NYSE’ e distribuir esses novos produtos americanos e globais na rede Euronext.Liffe».

Para a NYSE, a aliança também seria vantajosa, uma vez que poderia beneficiar do know-how da bolsa pan-europeia em termos de informáticos «onde temos siste,as extremamente desenvolvidos, que a NYSe poderá, sem dúvida, utilizar na restruturação já anunciada», diz Théodore.

A introdução nos Estados-Unidos da Lei Sarbanes-Oxley poderá também trazer vantagens para a Euronext Em termos de captação de novas cotadas: «beneficiaremos de um alargamento considerável da nossas capacidade de cotar empresas com a chegada de novos emitentes, chineses, indianos ou russos, por exemplo, que estão actualmente a renunciar à entrada nas bolsas dos EUA devido à rigidez introduzida pela lei Sarbanes-Oxley».

Fusão com Deutsche Börse coloca problemas ao nível da concorrência

Em relação a uma possível fusão com a Deutsche Börse, Jean-François Théodore revela os constrangimentos que lhe estão inerentes. «A proposta actual da Deutsche Börse, onde a organização é centralizada, traduz-se também pela transferência de todas as actividades estratégicas para um único pólo, sedeado em Frankfurt, o que é incompatível com o desenvolvimento de uma grande bolsa federal à escala europeia».

No entanto, Jean-François Théodore não descarta a possibilidade de uma união com a bolsa alemã, embora «por agora, uma aproximação à praça alemã traria riscos de execução consideráveis. Primeiro em matéria de concorrência, uma vez que a combinação da actividade de derivados, Liffe e Eurex, representaria mais de 90% do mercado europeu. Depois, porque um sistema integrado com a Deutsche Börse coloca a questão do tipo de actividades desenvolvidas após a fusão e da organização vertical [Clearstream], que constituem um ponto de bloqueio essencial, ao nível das autoridades de Bruxelas».

O presidente da Euronext conclui que «está tudo em aberto com a Deutsche Börse se ela estiver disposta a realizar uma revolução ‘copérnica’ europeia e a não considerar que o seu sistema centralizado é um fim em si mesmo».

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