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Matérias-primas em 2011: muita parra, pouca uva

Houve grandes subidas, mas também grandes correcções e fortes quedas. 2011 foi um ano instável para as "commodities". O saldo não é positivo para a grande generalidade. Foi um ano de pouco "sumo", depois de uma década dourada para a maioria destes produtos.

30 de Dezembro de 2011 às 09:38
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O ano de 2011 foi o mais volátil de sempre em matéria de investimento em matérias-primas, segundo o Barclays Capital. Essa volatilidade foi também notória na evolução dos preços. Foi um ano de grandes sensibilidades, com altos e baixos ao sabor das conquistas e revezes da economia mundial. Um ano em que a evolução dos dados macroeconómicos, dos défices e das dívidas soberanas falaram mais alto do que os fundamentais, puros e duros, da oferta e da procura.

Das 26 matérias-primas que fazem parte do índice de “commodities” da Bloomberg, apenas 9 estão em terreno positivo no conjunto do ano. Cinco delas pertencem ao sector energético (com variações no âmbito do crude, gasóleo, gasolina), três à agricultura (sumo de laranja, milho e porco magro) e uma aos metais: o ouro, que brilhou pelo 11º ano consecutivo.

Na primeira metade do ano, a Primavera Árabe e a maior procura de “commodities” por parte dos países emergentes animaram bastantes activos, com destaque para o petróleo. No entanto, a crise da dívida soberana na Zona Euro e os receios de que a Europa voltasse a mergulhar na recessão, de par com os dissabores dos EUA em relação ao défice, penalizaram a maioria das matérias-primas no acumulado destes últimos 12 meses. Entre os poucos produtos que escaparam a este mau desempenho de 2011 estiveram o petróleo, o ouro e os lacticínios.

Lacticínios e gado "salvaram" agricultura

No sector agrícola, as grandes vedetas do ano foram o leite e o queijo, que registaram subidas de 28% e de 13%, respectivamente, no mercado de mercadorias de Chicago. O gado vivo também apresentou uma boa “performance”.

O célebre investidor Jim Rogers disse esta semana que o sector agrícola é uma das melhores apostas para os próximos anos. Isto porque se prevê uma escassez de produto e até mesmo de agricultores, o que fará subir os preços. “Se eu quisesse comprar alguma coisa, seriam matérias-primas agrícolas”, declarou Rogers numa entrevista à CNBC, sublinhando que de par com a previsível escassez de produto estará o crescimento da população mundial.

Adam Patti, CEO da gestora de investimentos IndexIQ, concorda com Rogers. No seu entender, as empresas ligadas à indústria alimentar serão bastante beneficiadas com o esperado aumento da procura global de “proteínas mais complexas”, como carne de vaca e de porco. Além disso, a escassez sistémica da oferta, devido à finita quantidade de terrenos agrícolas, contribuirá para esse movimento altista, sublinhou Patti à “Cattlenetwork”.

Mas nem todos os produtos da categoria agrícola se saíram bem este ano. Do lado dos maus desempenhos, destaque-se por exemplo o açúcar, que caiu fortemente desde o seu máximo de 30 anos em inícios de 2011, quando marcou 36 cêntimos por libra-peso. Outra das matérias-primas no vermelho foi o cacau. No mercado norte-americano, o cacau prepara-se para fechar o ano a cair 30%, o que, a confirmar-se, será a maior queda anual desde 1999.

Apesar das visíveis debilidades das matérias-primas agrícolas, muitos analistas prevêem um melhor desempenho para 2012. Até porque os preços bastante mais baixos que muitos destes produtos atingiram faz com que fiquem muito mais atractivos para os investidores abrirem posições altistas.

O interesse na exposição às “commodities” manteve-se elevado este ano, mas houve uma tendência que ficou bem saliente: cada vez mais investidores estão a apostar neste segmento através das acções de produtores do sector, em vez de investirem na matéria-prima propriamente dita, segundo a base de dados de ETFdb.

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