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Maré vermelha dos mercados interrompeu férias do mercado de arte

Enquanto os mercados mergulhavam na onda vermelha, na segunda-feira foram vários os coleccionadores de arte que tentaram utilizar as obras de arte como colateral para conseguirem liquidez. Uma situação invulgar no mercado de arte, que normalmente em Agosto está ‘fechado’ para férias.

Bloomberg
26 de Agosto de 2015 às 20:30
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Bolsas. Moedas. Matérias-primas. Quase nenhum activo escapou à "segunda-feira negra" dos mercados financeiros, impulsionada pelos receios da desaceleração da economia chinesa. Receios que num instante geraram pânico a nível global, incluindo no mercado de arte.

 

Os negociadores de arte foram interrompidos durante as suas férias, com telefonemas de vários coleccionadores, como foi o caso de Asher Edelman, responsável da ArtAssure, empresa que presta consultoria e financiamento no ramo da arte, que estava a aproveitar os seus dias livres na Comporta, em Portugal.

 

Asher Edelman, que admitiu ao Negócios estar interessado em investir na Comporta, explicou à Bloomberg que alguns coleccionadores queriam pedir empréstimos dando obras de arte como garantia. Outros queriam mesmo vender algumas peças. Mas o motivo era o mesmo: queriam liquidez.

 

O que não seria estranho se não estivéssemos em Agosto. Nos anos anteriores, durante este mês, praticamente não havia movimentação no mercado de arte, explicaram algumas boutiques financeiras à Bloomberg. E as galerias de arte costumam estar encerradas.

 

Mas esta situação tem sofrido alterações. Os mercados financeiros e a indústria da arte anda hoje de 'mãos dadas' devido ao aumento dos preços das peças de arte e ao facto de alguns compradores começarem a olhar para as suas colecções como um investimento que pode vir a servir como colateral para empréstimos, por exemplo.

 

"Há 10 anos ninguém no mercado da arte olhava para a evolução bolsista", disse Elizabeth Von Habsburg, directora da Winston Art Group, empresa independente de avaliação de arte. "Agora os clientes reagem imediatamente", contou à Bloomberg.

 

No ano passado, o mercado de arte ultrapassou os valores alcançados antes da recessão económica, tendo gerado vendas de 51,2 mil milhões de euros. Um valor que compara, por exemplo, com os 48 mil milhões registados em 2007, segundo os dados da European Fine Art Foundation. Em Maio, um quadro de Pablo Picasso foi vendido por 179 milhões de dólares (155 milhões de euros), o montante mais elevado de sempre registado num leilão.

 

Com os mercados a caírem a pique, na segunda-feira foram muitas as chamadas recebidas por boutiques de consultoria e financiamento no ramo de arte. Um número bastante superior ao normal. Já os telefones dos bancos não tiveram tanta procura.

 

Durante as correcções no mercado, às vezes os bancos limitam os empréstimos relacionados com a indústria da arte, explicou Evan Beard, responsável do departamento de arte da Deloitte de Nova Iorque.

 

John Arena, responsável pelo departamento de crédito do Bank of America, acrescentou que "quando não há liquidez no mercado as pessoas começam a considerar empréstimos de arte como uma opção para substituir empréstimos com margens voláteis".

 

O negociador de arte que está de olho na Comporta, Edelman, confessou ainda à Bloomberg que alguns dos seus clientes, durante os vários telefonemas que recebeu na segunda-feira enquanto descansava na ex-propriedade do Grupo Espírito Santo, queriam saber quais os termos de garantia da troca de artefactos iranianos e até quadros do Andy Warhol.

 

Já os clientes da Winston Group repetiram por várias vezes a pergunta: "onde é que podemos pôr o nosso dinheiro de forma a aumentar o seu valor nos próximos anos sem ser em acções?", contou Elizabeth Von Habsburg.

 

A resposta? Em obras com valor inferior a 100 mil dólares de artistas a meio da carreira como Richard Aldrich e Yinka Shonribare, os quais são "muito talentosos e sólidos", sublinhou.

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