Notícia
Leilão de dívida de França com taxas negativas mostra disfuncionalidade dos mercados
França nunca tinha vendido títulos de dívida com rendibilidades negativas. O que é uma boa notícia para o país, segundo o governador do Banco da França, também represneta que os mercdos estão disfuncionais.
França emitiu, ontem, títulos de dívida no mercado com taxas de juro implícitas negativas pela primeira vez na história. “O facto de França ter pedido emprestado a taxas negativas tanto são boas notícias como más notícias”, considerou o governador do Banco da França, Christian Noyer.
“Mostra que há credibilidade do nosso país no que diz respeito às finanças públicas, mas também assinala uma certa disfuncionalidade nos mercados de dívida da Zona Euro”, declarou Noyer aos jornalistas, em Paris, citado pela agência Bloomberg.
França emitiu ontem bilhetes do Tesouro a seis meses com uma taxa de juro implícita média de –0,006%, segundo o "Financial Times". Tal movimento mostra que os custos que França encontra para se financiar nos mercados estão a recuar. Por outro lado, mostra que os investidores preferem pagar para colocar o seu dinheiro em produtos do Estado francês, que lhes garantam segurança. Mesmo que, para isso, percam dinheiro.
Normalmente, no mercado primário, os investidores pagam para comprar um título de dívida na sua emissão. A esse título estão associadas rendibilidades que lhes vão assegurar o ganho naquela operação. Neste caso, isso não acontece. Se o investidor mantiver os títulos de dívida até à maturidade, vai acabar por perder dinheiro, porque a rendibilidade (“yield”) associada é negativa.
Restaurar confiança dos investidores é essencial
No fundo, França recebe dinheiro para pedir emprestado, daí que Noyer refira a disfuncionalidade dos mercados na Zona Euro. Ainda ontem, também a Alemanha vendeu títulos de dívida a seis meses com “yields” negativas.
Enquanto os países considerados mais seguros têm verificado descidas nos custos de financiamento, outras economias registam a dificuldade contrária: vendem dívida mas os investidores exigem elevadas rendibilidades. É o caso de Portugal – que se encontra ausente do mercado de dívida de longo prazo por receber um pacote de ajuda externa –, Itália e Espanha.
Para acabar com os desequilíbrios, Christian Noyer refere a necessidade de os planos económicos de todos os países do euro recuperarem credibilidade para os investidores. Da mesma forma, os estados-membros precisam de implementar o pacto orçamental acordado entre 25 dos 27 países da União Europeia, de forma a cumprir dois pontos essenciais para o governador do Banco da França e que pertence, também, ao conselho de conservadores do Banco Central Europeu (BCE): restaurar a confiança dos investidores de modo duradouro; quebrar a ligação entre risco da banca e risco soberano.
Compra de obrigações no mercado secundário não é solução
Para o membro do BCE, o programa de compra de obrigações soberanas pela autoridade monetária no mercado secundário não é uma opção para alcançar essas metas. Este programa foi lançado em Maio de 2010, depois de Grécia pedir ajuda externa pela primeira vez, de modo a reduzir as rendibilidades pedidas pelos investidores para trocarem dívida pública no mercado secundário. Contudo, os resultados não impediram que tanto a Irlanda, Portugal e também a banca espanhola pedissem ajuda externa.
O programa encontra-se sem qualquer actividade há já mais de uma dezena de semanas e Noyer salienta que não será a sua “reactivação” que vai ser a força de combate à crise do euro. Ele apenas pode “acalmar a turbulência do mercado temporariamente”, acrescentou.
De qualquer modo, Christian Noyer garante que o BCE, que na semana passada cortou a taxa de juro de referência da Zona Euro para 0,75%, está preparado para ajudar a economia, embora diga que a actual política monetária é “apropriada”.
“Mostra que há credibilidade do nosso país no que diz respeito às finanças públicas, mas também assinala uma certa disfuncionalidade nos mercados de dívida da Zona Euro”, declarou Noyer aos jornalistas, em Paris, citado pela agência Bloomberg.
Normalmente, no mercado primário, os investidores pagam para comprar um título de dívida na sua emissão. A esse título estão associadas rendibilidades que lhes vão assegurar o ganho naquela operação. Neste caso, isso não acontece. Se o investidor mantiver os títulos de dívida até à maturidade, vai acabar por perder dinheiro, porque a rendibilidade (“yield”) associada é negativa.
Restaurar confiança dos investidores é essencial
No fundo, França recebe dinheiro para pedir emprestado, daí que Noyer refira a disfuncionalidade dos mercados na Zona Euro. Ainda ontem, também a Alemanha vendeu títulos de dívida a seis meses com “yields” negativas.
Enquanto os países considerados mais seguros têm verificado descidas nos custos de financiamento, outras economias registam a dificuldade contrária: vendem dívida mas os investidores exigem elevadas rendibilidades. É o caso de Portugal – que se encontra ausente do mercado de dívida de longo prazo por receber um pacote de ajuda externa –, Itália e Espanha.
Para acabar com os desequilíbrios, Christian Noyer refere a necessidade de os planos económicos de todos os países do euro recuperarem credibilidade para os investidores. Da mesma forma, os estados-membros precisam de implementar o pacto orçamental acordado entre 25 dos 27 países da União Europeia, de forma a cumprir dois pontos essenciais para o governador do Banco da França e que pertence, também, ao conselho de conservadores do Banco Central Europeu (BCE): restaurar a confiança dos investidores de modo duradouro; quebrar a ligação entre risco da banca e risco soberano.
Compra de obrigações no mercado secundário não é solução
Para o membro do BCE, o programa de compra de obrigações soberanas pela autoridade monetária no mercado secundário não é uma opção para alcançar essas metas. Este programa foi lançado em Maio de 2010, depois de Grécia pedir ajuda externa pela primeira vez, de modo a reduzir as rendibilidades pedidas pelos investidores para trocarem dívida pública no mercado secundário. Contudo, os resultados não impediram que tanto a Irlanda, Portugal e também a banca espanhola pedissem ajuda externa.
O programa encontra-se sem qualquer actividade há já mais de uma dezena de semanas e Noyer salienta que não será a sua “reactivação” que vai ser a força de combate à crise do euro. Ele apenas pode “acalmar a turbulência do mercado temporariamente”, acrescentou.
De qualquer modo, Christian Noyer garante que o BCE, que na semana passada cortou a taxa de juro de referência da Zona Euro para 0,75%, está preparado para ajudar a economia, embora diga que a actual política monetária é “apropriada”.