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Fundos sectoriais são a aposta dos portugueses em 2006

Os portugueses estão mais sofisticados e isso reflecte-se nas suas escolhas. O mercado de fundos de investimento nacional revela este ano uma nova tendência: os fundos sectoriais. Esta classe tem sido a mais forte entre as 25 categorias de fundos comercia

12 de Outubro de 2006 às 09:45
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Os portugueses estão mais sofisticados e isso reflecte-se nas suas escolhas. O mercado de fundos de investimento nacional revela este ano uma nova tendência: os fundos sectoriais. Esta classe tem sido a mais forte entre as 25 categorias de fundos comercializados por sociedades gestoras portuguesas.

Este ano, o volume gerido pelos fundos sectoriais já cresceu mais de 56%.

Dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) indicam que esta categoria de produtos, que investem em sectores específicos, geria no final de Setembro mais de 225,93 milhões de euros, enquanto que no início do ano o valor sob gestão situava-se nos 144,7 milhões de euros. Um montante que representa um crescimento de 56,1% em 2006. A crescente aposta dos portugueses em fundos de acções sectoriais ganhou ainda maior evidência na "rentrée". A classe foi a "estrela" de Setembro, ao protagonizar o maior crescimento percentual (6%).

Mas o que está a mudar nas preferências dos portugueses? As recentes operações de fusão e aquisição (M&A) em Portugal e na Europa e, em simultâneo, a maior propensão dos investidores ao risco são as principais razões identificadas pelos gestores de fundos sectoriais contactados pelo Jornal de Negócios.

"O sentimento positivo dos investidores nacionais por activos de risco que se vem evidenciando desde o início do ano, alimentado pelas OPA sobre o BPI e PT/PTM, foi claramente exponenciado pelas operações de M&A na Europa nos sectores financeiro e eléctrico", explicou um responsável do Millennium bcp Gestão de Activos.

José Luís Borges, gestor do BPI Tecnologias, realça que "os investidores nacionais estão gradualmente a tornar-se mais sofisticados e com menor aversão ao risco. Estas tendências traduzem-se numa crescente apetência por fundos de acções, o que beneficia naturalmente os fundos de acções sectoriais".

Outro gestor acrescenta que, "além da maior sofisticação e exigência, a boa "performance" de alguns sectores é altamente atractiva para os investidores portugueses, que procuram acompanhar a tendência dos mercados de capitais". Também o responsável do Millennium bcp recorda que a "procura por activos que possam constituir alvos de OPA tem sido claramente maximizada". A mesma fonte salienta que "a queda das barreiras aos movimentos transfronteiriços e a agressividade dos "players" espanhóis em processos de crescimento não orgânico tem constituído um cenário propício ao aumento da probabilidade de novos movimentos de M&A".

Banca impulsiona ganhos

O forte desempenho dos fundos do sector financeiro coloca esta categoria no topo das que mais ganhos têm dado aos investidores, com uma rendibilidade média anualizada em 12 meses de 15,14%. Só os fundos poupança acções têm um desempenho melhor ao acumularem uma rendibilidade média de 29,74%.

Os produtos especializados no sector financeiro lideram o "ranking" dos nove fundos sectoriais comercializados por sociedades gestoras portuguesas. Segundo dados de 6 de Outubro da APFIPP, o Millennium Euro Financeiras, que tem a maior carteira da classe com mais de 97,12 milhões de euros sob grestão, regista uma rendibilidade de 27,17% em 12 meses, seguindo-se o Euro Futuro Banca e Seguros do Santander Gestão de Activos, com 26,58%. Um responsável do Millennium bcp justifica este forte desempenho e exemplifica: "As recentes aquisições de bancos italianos por parte de bancos estrangeiros provocou uma valorização significativa em todo o sistema bancário."

Também os fundos do sector das "utilities" apresentam ganhos atractivos. Com uma rendibilidade de 25,99% em 12 meses, o MG Euro Utilities está no terceiro lugar da classe, à frente do Millennium Global Utilities que tem uma rendibilidade de 12,35%. Os movimentos de concentração deste sector, em particular a OPA que envolve a alemã E.ON e a espanhola Endesa, sustentaram a valorização das "utilities" em toda a Europa.

Apesar da crescente aposta nos fundos sectoriais, os gestores sublinham que o mercado português ainda está muito longe da Europa, onde nos mercados maturos esta classe é preponderante.

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