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Desastre ou surpresa? Mercado espera segunda maior quebra dos lucros desde os anos 1960

Apesar do elevado grau de incerteza nas projeções dos analistas, as estimativas apontam para a maior quebra dos lucros das empresas desde a crise financeira. A descida terá sido maior na Europa do que nos Estados Unidos, mas a recuperação também será mais vigorosa.

EPA
13 de Julho de 2020 às 14:08
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A pandemia da covid-19 colocou um grande ponto de interrogação nas previsões dos analistas para a época de resultados do segundo trimestre, marcado pelo encerramento de empresas e pela quase paralisação da atividade económica.

Entre projeções pessimistas e outras menos sombrias, uma coisa parece certa: os lucros das empresas entre abril e junho deste ano terão registado a maior queda desde 1968, superada apenas pelo colapso observado no quarto trimestre de 2008, altura em que a crise do subprime provocou um tombo de 69% nos resultados das empresas.

Para esta temporada - que arranca nos Estados Unidos esta terça-feira com os números da banca – as estimativas médias dos analistas apontam para uma quebra nos lucros das empresas do S&P500 de 44% face ao segundo trimestre de 2019. Nos primeiros três meses do ano, a descida foi de 12,8%.

"É amplamente assumido neste momento que os lucros do segundo trimestre serão um desastre", diz Willie Delwiche, estrategista de investimentos da Baird, citado pela Reuters.

De acordo com as projeções, nenhum dos grandes setores será poupado."Todos os 11 setores deverão reportar uma queda homóloga nos resultados, com destaque para os setores da energia, indústria e bens não essenciais", escreve John Butters, da empresa de análise de dados financeiros Factset, numa nota.

Uma visão mais otimista tem o Bank of America, que espera uma quebra dos lucros de 39%, um "outlook" mais positivo que se explica, em grande medida, pelas baixíssimas expectativas do mercado. Na verdade, os analistas cortaram as suas previsões em cerca de 40% nas últimas semanas, o que marca a maior revisão em baixa desde a crise financeira.

As previsões modestas dão, assim, alguma margem às empresas para surpreender os investidores quando começarem a divulgar os números do trimestre, diz o Bank of America.

Também o Goldman Sachs está menos pessimista em relação às contas das empresas, tendo revisto em alta de 110 para 115 dólares as estimativas dos lucros por ação das empresas do S&P500 para o conjunto do ano.

44%Queda nos lucros
Os lucros das empresas do S&P500 terão descido 44% no segundo trimestre face ao mesmo período do ano passado.

Elevado grau de imprevisibilidade

Raras foram as vezes, nos anos recentes, que a imprevisibilidade dos resultados foi tão elevada, muito devido à falta de guidance das empresas, que reflete as dúvidas da própria gestão sobre o rumo dos negócios. Isso, por sua vez, deixou os analistas com pouco nas mãos para fazerem as suas previsões.

"Neste momento, exatamente 400 empresas do S&P 500 não deram guidance nos últimos três meses, sugerindo que o sentimento não é positivo nem negativo, mas simplesmente um grande ponto de interrogação ", escreveu Savita Subramanian do Bank of America numa nota de análise.

Além disso, essas estimativas refletem geralmente a média ou mediana de uma pesquisa com analistas. A dispersão entre essas previsões de analistas tende a ser estreita, gerando aquilo que pode ser designado como um consenso. Não é o caso, agora.

"Não é de surpreender que a dispersão estimada também esteja perto de níveis recordes", acrescenta Subramanian. "E quando a dispersão estimada é alta entre a comunidade de analistas, não há mais consenso sobre o rumo das coisas".

Os outlooks do segundo trimestre para as empresas do S&P 500 totalizavam apenas 62 na semana passada, muito abaixo do número médio de pré-anúncios trimestrais de 171, desde 1997, segundo dados da Refinitiv.

É amplamente assumido neste momento que os lucros do segundo trimestre serão um desastre Willie Delwiche, estrategista de investimentos da Baird

Europa supera EUA tanto na quebra como na recuperação

Enquanto a quebra de lucros esperada para as empresas dos Estados Unidos ronda os 44%, na Europa o colapso deverá ter sido superior, aproximando-se dos 60%.

No Velho Continente, a época de resultados arranca no final da semana, com os números da Volvo AB, Electrolux e Nordea Bank a levantarem o véu sobre o real impacto da pandemia nas contas das empresas.

Segundo os analistas do JPMorgan, os lucros das empresas do Stoxx600 deverão ter diminuído 59% face ao segundo trimestre do ano passado.

No entanto, também a recuperação na Europa deverá ser mais pronunciada do que nos Estados Unidos no próximo ano.

De acordo com os dados recolhidos pela Bloomberg, os lucros das empresas do Stoxx600 deverão recuperar 36% em 2021, depois da quebra de 32% este ano, enquanto nos Estados Unidos a descida de 22% em 2020 deverá ser seguida por uma subida mais tímida de 26% no próximo ano.

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