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Demite-se um segundo presidente de banco da Reserva Federal no mesmo dia de outro

Estes dirigentes estiveram recentemente sob críticas, depois de conhecidas as suas transações bolsistas em 2020 em plena crise ligada à pandemia do novo coronavirus.

A Reserva Federal norte-americana realiza hoje, às 19h, uma conferência de imprensa na qual vai anunciar os resultados do último encontro de política monetária.
Leah Millis/ Fed
28 de Setembro de 2021 às 09:33
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Um segundo presidente de um banco regional do Reserva Federal (Fed) saiu esta segunda-feira do cargo, horas depois de conhecida a primeira saída, em contexto de críticas por questões éticas relacionadas com investimentos bolsistas de dirigentes da instituição.

Depois de divulgada a saída do presidente do banco da Fed em Boston, Eric Rosengren, foi também divulgada a do responsável máximo pela 'antena' da Fed em Dallas, Robert Kaplan.

Estes dirigentes estiveram recentemente sob críticas, depois de conhecidas as suas transações bolsistas em 2020 em plena crise ligada à pandemia do novo coronavirus.

O Wall Street Journal tinha revelado que vários dirigentes da Fed possuíam títulos cotados e tinham feito operações bolsistas, por vezes com montantes acima de um milhão d dólares, no momento em que o banco central dava o seu apoio aos mercados financeiros, devido à pandemia.

Esta situação tinha levantado a questão de um conflito potencial de interesses com o papel do banco central nos mercados.

Em comunicado, Kaplan, presidente da Fed de Dallas desde setembro de 2015, indicou que a sua demissão seria efetiva em 08 de outubro próximo.

No seu texto, sublinhou que a Fed se aproxima de "um momento crítico", uma vez que está a refletir sob a orientação a dar à sua política monetária.

"Infelizmente, o destaque dado recentemente à minha posição financeira arrisca criar uma distração na aplicação pela Reserva Federal deste trabalho vital", acrescentou.

"Por esta razão, decidi reformar-me enquanto presidente e chefe da direção da antena da Fed em Dallas, a partir de sexta-feira, dia 08 de outubro de 2021", disse.

Antes, anunciara que ia vender todas as suas ações, em títulos como Apple, Amazon ou Alphabet, a 'holding' da Google, até ao final do mês de setembro.

Antes fora Rosengren a anunciar a saída do cargo esta semana, por questões de saúde, especificando que vai fazer um transplante de rim.

Rosengren já tinha a intenção de sair do cargo em junho, quando atinge o limite máximo da idade permitida pela Fed para o seu exercício, os 65 anos, mas anunciou agora a sua saída na próxima quinta-feira, dia 20 de setembro.

Rosengren trabalhou no banco da Fed em Boston durante 35 anos, dos quais 14 como presidente. Durante a pandemia, este ramo regional do banco central controlou o programa designado Main Street, que foi a primeira tentativa da Fed desde a Grande Depressão de conceder crédito diretamente a pequenas empresas.

"Enquanto estive a trabalhar em programas de ajuda e estímulo relacionados com a pandemia (...), dadas as longas horas de 'stress', lamentavelmente o funcionamento dos meus rins deteriorou-se", disse Rosengren, em carta a Powell. "Tornou-se claro que devo reduzir a pressão, para que me possa focar nas minhas questões de saúde", pormenorizou.

A informação fiscal de Rosengren relativa a 2020 expôs o seu envolvimento em transações bolsistas nesse ano em que a Fed reduziu a sua taxa de juro de referência para próximo de zero e comprou centenas de milhares de milhões em obrigações para contribuir para reduzir as taxas de juro de longo prazo e estimular a economia.

Rosengren também investiu em fundos de investimento imobiliário que, por sua vez, adquiriram obrigações garantidas por crédito imobiliário do mesmo tipo que a Fed também estava a comprar.

Os investimentos feitos por Rosengren e Kaplan eram permitidos pelas regras da Fed, mas levantaram pelo menos a questão de parecerem estar a evidenciar um conflito de interesses, o que é desencorajado pelo banco central.

Durante uma conferência de imprensa na semana passada, Powell disse que a Fed ia alterar as suas regras éticas e sugeriu que uma mudança provável deveria ser a de impedir os dirigentes de possuírem ativos financeiros que a Fed também esteja a comprar.
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