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Crise política na Holanda: acções afundam, juros avançam. "Rating" máximo em risco?
Primeiro, a impossibilidade de alcançar aprovação parlamentar para mais austeridade. Depois, o pedido de demissão do primeiro-ministro. A incerteza política está a elevar o risco dos Países Baixos. O país pode seguir-se à França e perder a notação financeira mais alta possível, alertam os analistas.
Está a Holanda em risco de perder a notação financeira máxima? A pergunta tem sido trazida para os mercados depois de o primeiro-ministro dos Países Baixos se ter demitido. Poderá a renúncia reduzir para apenas três o número de países a quem as principais agências de “rating” atribuem o triplo A?
Os sinais de perigo vieram hoje do mercado de “credit-default swaps”, instrumentos que servem de seguro contra um incumprimento da dívida. Os Países Baixos lideraram a subida dos CDS entre os países desenvolvidos. Um avanço de 13,59 pontos base para 132,72 pontos, segundo os dados compilados pela Bloomberg. É o valor mais alto deste ano.
O movimento ascendente deste título que serve de indicador de risco seguiu-se ao anúncio de demissão de Mark Rutte, o primeiro-ministro (na foto). Rutte apresentou a demissão do Executivo depois de a terceira força parlamentar, o Partido da Liberdade, ter indicado que não iria apoiar as medidas de austeridade a impor para cumprir com as regras definidas no Pacto Orçamental, como o défice orçamental máximo de 3% em 2013. Essas medidas incluíam cortes no valor de 16 mil milhões de euros. Até aqui, este partido tinha dado o aval às medidas orçamentais avançadas pela coligação minoritária formada pelo Partido Popular para a Liberdade e Democracia, de Rutte, e os democratas cristãos.
A rainha Beatriz, a quem foi apresentada a renúncia do Governo, assinalou que está a considerar a demissão, “mas pediu a todos os ministros e vice-ministros para continuarem a fazer tudo o que é necessário no interesse do reino”, avançava a declaração, citada pela agência France Press.
Incerteza pode tirar um A ao triplo A
A incerteza nos Países Baixos, numa altura em que a crise da dívida continua a pairar sobre a Zona Euro, prejudica a percepção de risco pelos investidores, tanto que uma demissão levará a eleições antecipadas.
“O risco intensificou a ideia de que os Países Baixos possam ser alvo de cortes e perder o ‘rating’ ‘AAA’”, comentou à agência Bloomberg Nick Kounis, líder de “research” macroeconómico do holandês ABN Amro Group.
Kounis não está sozinho neste receio: “Uma mudança no Governo neerlandês eleva as preocupações em torno da aprovação do orçamento e sobre a perda do triplo A”, considera a analista do Investec Bank, Elisabeth Afseth, igualmente em declarações à Bloomberg. O economista Marco Wagner, do Commerzbank, alerta para o mesmo perigo.
Neste momento, há quatro nações da Zona Euro com a notação financeira mais elevada, o chamado “Triplo A”, atribuída pelas três maiores agências de “rating”: Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch. Além da Holanda, encontra-se a Finlândia, Alemanha e o Luxemburgo. Para a S&P, por exemplo, o “rating” máximo da Holanda já está sob revisão, o que indica que poderá haver uma descida. Uma possibilidade que ganha expressão com a actual crise política.
A notação financeira máxima indica que o país não apresenta riscos de que não irá conseguir pagar a respectiva dívida. Contudo, um corte à classificação de risco poderá significar um agravamento das rendibilidades pedidas por quem a compra, o que aumentará os custos a pagar pelo país no mercado primário (quando o Estado vende dívida directamente).
Juros sobem mais de 10 pontos base, acções afundam
Foi esse comportamento que se verificou hoje no mercado secundário, onde o Estado não intervém mas sim onde os investidores negoceiam dívida. Houve uma subida das taxas de juro implícitas das obrigações neerlandesas acima dos 10 pontos base na generalidade dos prazos. A dois anos, a rendibilidade, que ontem tinha encerrado nos 0,39%, avançou 11 pontos base (0,11 pontos percentuais) para se situar em 0,511%. Foi a subida mais acentuada desde Novembro.
Já no que diz respeito aos títulos de dívida a 10 anos, o avanço foi de 11,8 pontos base para 2,4%. O prémio de risco que os investidores pagam para comprar dívida dos Países Baixos em vez de deter obrigações alemãs – que serve igualmente como indicador de risco – disparou para um máximo de três anos.
Na bolsa, a ausência de uma certeza política também penalizou a Holanda e intensificou a indefinição sobre a Europa, já pressionada pelas eleições francesas de ontem. O índice AEX caiu 2,56% e encerrou nos 301.26 pontos. O valor mais baixo de 2012.
A seguradora ING deslizou 6,1% e terminou nos 5,23 euros. As cotadas do sector financeiro são as mais penalizadas por possíveis cortes de “rating”. Nesse sentido, também a Aegon, dona da seguradora Transamerica, caiu 6,7%, enquanto o SNS Reaal caiu 9,1%, segundo dados da Bloomberg.
Os sinais de perigo vieram hoje do mercado de “credit-default swaps”, instrumentos que servem de seguro contra um incumprimento da dívida. Os Países Baixos lideraram a subida dos CDS entre os países desenvolvidos. Um avanço de 13,59 pontos base para 132,72 pontos, segundo os dados compilados pela Bloomberg. É o valor mais alto deste ano.
A rainha Beatriz, a quem foi apresentada a renúncia do Governo, assinalou que está a considerar a demissão, “mas pediu a todos os ministros e vice-ministros para continuarem a fazer tudo o que é necessário no interesse do reino”, avançava a declaração, citada pela agência France Press.
Incerteza pode tirar um A ao triplo A
A incerteza nos Países Baixos, numa altura em que a crise da dívida continua a pairar sobre a Zona Euro, prejudica a percepção de risco pelos investidores, tanto que uma demissão levará a eleições antecipadas.
“O risco intensificou a ideia de que os Países Baixos possam ser alvo de cortes e perder o ‘rating’ ‘AAA’”, comentou à agência Bloomberg Nick Kounis, líder de “research” macroeconómico do holandês ABN Amro Group.
Kounis não está sozinho neste receio: “Uma mudança no Governo neerlandês eleva as preocupações em torno da aprovação do orçamento e sobre a perda do triplo A”, considera a analista do Investec Bank, Elisabeth Afseth, igualmente em declarações à Bloomberg. O economista Marco Wagner, do Commerzbank, alerta para o mesmo perigo.
Neste momento, há quatro nações da Zona Euro com a notação financeira mais elevada, o chamado “Triplo A”, atribuída pelas três maiores agências de “rating”: Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch. Além da Holanda, encontra-se a Finlândia, Alemanha e o Luxemburgo. Para a S&P, por exemplo, o “rating” máximo da Holanda já está sob revisão, o que indica que poderá haver uma descida. Uma possibilidade que ganha expressão com a actual crise política.
A notação financeira máxima indica que o país não apresenta riscos de que não irá conseguir pagar a respectiva dívida. Contudo, um corte à classificação de risco poderá significar um agravamento das rendibilidades pedidas por quem a compra, o que aumentará os custos a pagar pelo país no mercado primário (quando o Estado vende dívida directamente).
Juros sobem mais de 10 pontos base, acções afundam
Foi esse comportamento que se verificou hoje no mercado secundário, onde o Estado não intervém mas sim onde os investidores negoceiam dívida. Houve uma subida das taxas de juro implícitas das obrigações neerlandesas acima dos 10 pontos base na generalidade dos prazos. A dois anos, a rendibilidade, que ontem tinha encerrado nos 0,39%, avançou 11 pontos base (0,11 pontos percentuais) para se situar em 0,511%. Foi a subida mais acentuada desde Novembro.
Já no que diz respeito aos títulos de dívida a 10 anos, o avanço foi de 11,8 pontos base para 2,4%. O prémio de risco que os investidores pagam para comprar dívida dos Países Baixos em vez de deter obrigações alemãs – que serve igualmente como indicador de risco – disparou para um máximo de três anos.
Na bolsa, a ausência de uma certeza política também penalizou a Holanda e intensificou a indefinição sobre a Europa, já pressionada pelas eleições francesas de ontem. O índice AEX caiu 2,56% e encerrou nos 301.26 pontos. O valor mais baixo de 2012.
A seguradora ING deslizou 6,1% e terminou nos 5,23 euros. As cotadas do sector financeiro são as mais penalizadas por possíveis cortes de “rating”. Nesse sentido, também a Aegon, dona da seguradora Transamerica, caiu 6,7%, enquanto o SNS Reaal caiu 9,1%, segundo dados da Bloomberg.