Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

CMVM condena KPMG a multa de um milhão

Auditora falhou na documentação do trabalho realizado junto do BES e não apresentou provas de que a auditoria feita à área do crédito tenha sido adequada, entre várias outras irregularidades.

Chris Ratcliffe/Bloomberg
23 de Outubro de 2020 às 16:20
  • 12
  • ...

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) decidiu aplicar uma coima de um milhão de euros à KPMG, auditora responsável pela fiscalização das contas do Banco Espírito Santo (BES). O regulador do mercado concluiu que a auditora falhou na documentação do trabalho realizado junto do banco falido e não apresentou provas de que a auditoria feita à área do crédito tenha sido adequada, para além de ter prestado informações falsas, entre várias outras irregularidades. A KPMG já impugnou a decisão.

Este é o resultado do processo de contraordenação aberto pela CMVM à KPMG por falhas na auditoria ao BES, iniciado em 2017. A lista de falhas identificadas pelo regulador é extensa, estando dividida em dois momentos: a auditoria às demonstrações financeiras do exercício de 2012 e, num segundo momento, as demonstrações de 2013.

A falha mais comum diz respeito à documentação feita pela KPMG no âmbito da auditoria ao BES. "[O arguido] não documentou adequadamente, nos seus papéis de trabalho/dossier de auditoria, os procedimentos de auditoria efetuados e a prova de auditoria obtida sobre o 'crédito a clientes' de um componente significativo do grupo (relevado no balanço das demonstrações financeiras consolidadas do grupo')", pode ler-se numa das várias irregularidades apontadas pela CMVM.

Noutros casos, concluiu a CMVM, a KPMG "não obteve, de forma a suportar a opinião de auditoria emitida, relativamente ao 'crédito a clientes' de um componente significativo do grupo, prova de auditoria, apropriada e suficiente, de suporte às asserções 'existência', 'integralidade', 'direitos e obrigações' e 'valorização' (imparidade)".

Para além destas falhas, a KPMG prestou informações falsas ao Conselho Nacional de Supervisão de Auditoria relativamente a "factos de que teve conhecimento", no âmbito da auditoria às demonstrações financeiras consolidadas do BES nos exercícios de 2011 e 2012, "referentes ao trabalho de auditoria levado a cabo sobre o crédito a clientes de um componente significativo do grupo cujas contas foram auditadas". Foram ainda prestadas informações falsas quanto ao acesso que a KPMG teve "a dois documentos respeitantes" ao BES.

"Atentas as circunstâncias do caso concreto, deliberou o conselho de administração desta Comissão aplicar ao arguido um acoima única no montante de um milhão de euros", conclui a CMVM. A KPMG, por seu lado requereu a impugnação judicial desta decisão, detalha ainda o regulador.

Recorde-se que, em agosto do ano passado, os três sócios da KPMG que auditavam o BES e cuja idoneidade estava a ser avaliada pela CMVM decidiram adiantar-se à decisão do regulador e afastar-se da profissão. Em causa estão Fernando Antunes, Inês Viegas e Sílvia Gomes, que também já foram acusados pelo Banco de Portugal de terem prestado informações falsas ao regulador no caso BES.

Notícia atualizada às 17h01 com mais informação.

Ver comentários
Saber mais cmvm kpmg bes auditoria regulação supervisão
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio