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Certificados captam 100 milhões no primeiro semestre
A pandemia acelerou a procura por produtos do Estado na primeira metade do ano. Os certificados de aforro lideraram a procura.
Os portugueses reforçaram, nos últimos meses, a exposição a certificados. Perante um ambiente de grande incerteza, devido à crise provocada pela covid-19, os aforradores preferiram aplicar as suas poupanças em certificados, produtos onde ainda é possível obter alguma remuneração sem risco. No acumulado dos primeiros seis meses do ano, as famílias financiaram em cerca de 100 milhões os cofres do Estado.
O montante aplicado em certificados do tesouro poupança crescimento (CTPC) atingiu os 109 milhões de euros em junho, elevando para 17.046 milhões de euros o valor aplicado nestes produtos, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal. Estes certificados registaram um forte volume de resgates no arranque do ano, com saídas próximas de 700 milhões de euros em janeiro, um movimento justificado pela chegada à maturidade de muitos certificados, cujo valor total não terá sido reinvestido nos novos CTPC.
No entanto o ritmo de entradas registado nos meses seguintes, entre fevereiro e o final de junho, praticamente anulou as subscrições negativas de janeiro. O saldo anual aplicado em certificados do tesouro situava-se no final de junho em três milhões negativos.
Já os certificados de aforro mantêm uma evolução positiva. Obtiveram volumes de investimento positivos pelo terceiro mês consecutivo – registaram apenas um saldo negativo de 9 milhões em março desde que inverteram a tendência de resgates para subscrições em outubro de 2018 – , com o montante investido em CA a crescer 20 milhões de euros para 12.122 milhões de euros, de acordo com os números do Banco de Portugal.
No acumulado do semestre, entraram 102 milhões de euros em certificados de aforro. Juntando os resgates de 3 milhões registados pelos certificados do tesouro, o saldo aplicado em certificados no semestre situa-se em 99 milhões de euros.
No Orçamento Suplementar para este ano, o governo manteve "a expectativa de um contributo limitado dos instrumentos de aforro (149 milhões de euros), tendo em conta o incremento das amortizações dos CT (Certificados do Tesouro) e CTPM (com maturidade em 2020) e o pressuposto de um perfil de reinvestimento prudente". No entanto, tendo presentes os valores da primeira metade do ano, esta expectativa poderá ser ultrapassada, tal como aconteceu no ano passado.
No Orçamento para 2019, o governo estimava inicialmente um contributo nulo das famílias para o financiamento do Estado, contudo o instituto que gere a dívida portuguesa atualizou por duas vezes essas estimativas, devido ao ritmo de investimento em certificados. Entre CT e CTPC, os portugueses engordaram em cerca de 780 milhões de euros os cofres públicos, em 2019.