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Atenas faz-se o "Hércules dos mercados": lidera ganhos mundiais ao subir quase 50%

2019 opôs-se a 2018 como um ano de subidas generalizadas nas praças acionistas mundiais. Atenas destacou-se como a bolsa com a maior valorização e leva ainda a medalha da maior subida conseguida pelo índice grego em 20 anos.

31 de Dezembro de 2019 às 17:00
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2019 foi um ano de ganhos generalizados para as bolsas a nível mundial, dos Estados Unidos à China, passando pela Europa. Contudo, os dados recolhidos pela Bloomberg no World Equity Index evidenciam a "grande vencedora": a bolsa de Atenas somou mais de 45% ao longo de um ano de marcadas alterações políticas.

A bolsa de valores de Atenas subiu 49,47% no conjunto do ano, tornando-se desta forma o índice com a maior valorização no mundo, considerando os valores em dólares. Foi a maior subida conseguida na praça grega desde 1999, ou seja, em cerca de 20 anos.

A grande reviravolta na Grécia deu-se em julho, quando o partido Nova Democracia ascendeu ao poder com maioria absoluta. Os conservadores substituíram o partido de esquerda radical Syriza, que em 2015 veio quebrar o domínio que o bloco central mantinha há décadas, com a mudança de políticas a agradar aos mercados e não só.

As bandeiras do novo Governo foram os cortes de impostos acentuados, o reforço da competitividade da economia para captar mais investimento e a maior flexibilidade das leis laborais. Em dezembro, a estratégia seguida pelo Nova Democracia foi elogiada pelo Eurogrupo e também pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a quem a Grécia já tem permissão para pagar o empréstimo feito na altura da crise.

Este foi ainda o primeiro ano após a Grécia ter dito adeus à Troika, depois de em 2018 ter dado como concluído o programa de ajustamento que durou oito anos. Em 2019, os juros da dívida soberana a dez anos baixaram de 4% para 2% e o desemprego desceu para os 16,7% em agosto, que são os dados mais recentes disponíveis e que mostram a taxa mais baixa desde 2010.

Não foi só no berço da história que se fez história

A hegemonia helénica nos mercados é seguida pelos "irmãos" europeus e pelas grandes potências globais, que terminam o ano com saldo positivo. Entre as grandes referências europeias, destaque para a Itália que, apesar de o ano conturbado a nível político, viu a bolsa de Milão valorizar 28,28%. Após a rutura da coligação governativa liderada por Matteo Salvini (Liga) e Luigi Di Maio (5 Estrelas), a aliança entre o Movimento 5 Estrelas e do Partido Democrático (PD), de perfil mais pró-europeu do que o anterior, subiu ao poder com Giuseppe Conte como novo primeiro-ministro e amenizou as divergências em relação ao orçamento do Estado com a Comissão Europeia.

A França e a Alemanha, dois dos grandes motores da economia do Velho Continente, valorizaram, respetivamente, 26,37% e 25,48%. O gigante germânico acaba assim um ano repleto de dados económicos negativos – escapando por pouco ao cenário de recessão - com o principal índice, o DAX, a mostrar resiliência.

O Reino Unido acaba 2019 com uma valorização mais modesta do índice de referência, o FTSE 100, de 12,10%. As ações inglesas – mas também as europeias – sofreram duros golpes com os altos e baixos das negociações para a saída dos britânicos do bloco europeu, que ora apontaram para uma saída amigável, ora resvalaram para o cenário de um divórcio sem acordo, o cenário que oferece mais preocupações do ponto de vista económico. Já no mês de dezembro, os investidores voltaram a "sorrir" perante a eleição de Boris Johnson como primeiro-ministro, sendo que a principal bandeira política enquanto candidato foi a de querer avançar com o processo do Brexit e terminar o cenário de impasse que se vinha a arrastar.

Fora da Europa, os Estados Unidos e a China, que protagonizaram a guerra comercial que ditou a maioria das oscilações nas praças mundiais, conseguiram terminar o ano a ganhar nas bolsas. O acordo comercial parcial anunciado em dezembro renovou as esperanças de um entendimento entre as duas nações. Um dos índices de referência norte-americanos, o generalista S&P500, subiu perto de 30%, fazendo de 2019 o ano com a maior valorização desde 2013.

Em Xangai, o índice compósito somou 22,30% de janeiro a dezembro, apesar de um ano difícil para a economia chinesa, cujo crescimento desceu a mínimos de 27 anos, assombrado sobretudo pela guerra comercial. A perspetiva é que em 2020 o crescimento seja ainda menor. Em Hong Kong, território de administração chinesa onde eclodiram protestos violentos contra Pequim na segunda metade do ano, os investidores mostraram resiliência, com o índice Hang Seng a registar uma subida de 9,07%.

Argentina entre os piores e África na cauda dos mercados

Olhando ao conjunto dos índices que mais perderam em 2019, denominados em dólares, constam vários países emergentes, sendo que África tem uma larga representação. Os dois índices com as maiores quebras foram o Lusaka Stock Exchange, com cerca de menos 30%, e o GSE Composite Index, que reduziu um pouco mais de 20%. O primeiro tem sede na Zâmbia e o segundo no Gana.   

Já o quarto maior perdedor é o argentino S&P Merval TR ARS, num ano em que a Argentina voltou a fazer tremer os credores com uma probabilidade de incumprimento a elevar-se acima dos 60%. Estes números acabaram por dar força a um novo Governo de esquerda, liderado pelo "peronista" Alberto Fernandez, que acabou por ganhar as primárias com uma maioria absoluta em agosto tirando o lugar ao presidente Mauricio Macri, que defendia a implementação de medidas de austeridade. Os mercados reagiram em baixa e o S&P Merval terminou 2019 com uma quebra de aproximadamente 14%.

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