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Atas da Fed são claras: pausa no corte dos juros até inflação melhorar
O banco central dos Estados Unidos está com um posicionamento mais cauteloso, para ver se as medidas de Trump não trazem mais pressões inflacionistas, com as apostas no mercado de futuros a apontarem para apenas um corte dos juros diretores este ano.
Os responsáveis de política monetária da Reserva Federal (Fed) norte-americana decidiram, na primeira reunião deste ano, realizada nos dias 28 e 29 de janeiro, manter os juros diretores no patamar onde os tinham colocado em dezembro, entre 4,25% e 4,50%. Nessa altura, sinalizaram também a possibilidade de só haver dois cortes na taxa dos fundos federais este ano – e, com estes dados, o mercado não esperava que houvesse uma redução já na reunião de março. Agora, as atas desse encontro mostram isso mesmo.
"Os participantes indicaram que, atendendo a que a economia se manteve perto do pleno emprego, pretendiam ver mais progressos ao nível da inflação antes de fazerem ajustamentos adicionais à taxa dos fundos federais", dizem as atas divulgadas esta quarta-feira.
O documento revela também que "muitos participantes sublinharam que o Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) poderá manter os juros diretores num nível restritivo se a economia continuar robusta e a inflação elevada".
Com a cautela que tem sido demonstrada pelo banco central – especialmente desde que Donald Trump tomou posse e começou a avançar com as prometidas políticas protecionistas, que podem intensificar pressões inflacionistas –, os investidores apontam agora só para um corte dos juros da Fed este ano, quando em dezembro ainda esperavam pelo menos dois.
Alguns responsáveis do banco central também manifestaram alguma preocupação com o potencial de um novo "shutdown" (paralisação dos serviços federais) no país devido ao tecto da dívida – o chamado "debt ceiling".
"Dado o potencial de fortes variações nas reservas, ao longo dos próximos meses, devido a dinâmicas associadas ao tecto da dívida, alguns participantes disseram que poderá ser apropriado pensar em pausar ou até desacelerar a redução do balanço até à resolução desta situação", referem ainda as atas.
No ano passado, a autoridade monetária liderada por Jerome Powell iniciou o ciclo de normalização da política monetária e cortou os juros diretores em três encontros consecutivos (setembro, novembro e dezembro), num total de 100 pontos-base, para o atual intervalo entre 4,25% e 4,5%. A próxima reunião é no dia 19 de março.
O controlo da inflação – com a meta nos 2% – e o pleno emprego fazem parte do duplo mandato da Fed, pelo que a perspetiva de novas pressões inflacionistas tem deixado os responsáveis do banco central com um posicionamento mais prudente no que toca a baixar os juros.
No passado dia 11, Powell falou perante o Comité Bancário do Senado e voltou a dizer que a economia norte-americana está "mais forte, de um modo geral" e que o mercado laboral está "sólido". Já no que respeita à inflação, afirmou que está a desacelerar, mas sublinhando que continua acima da meta dos 2% definida pela Fed.