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Anna Stupnytska: "Reformas estruturais estão a mostrar resultados em Portugal"
A economista da Fidelity defende que as reformas estruturais levam anos a ter efeito e que em Portugal e Espanha estão agora a dar os seus frutos.
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Além dos estímulos monetários, a Zona Euro precisa também de estímulos orçamentais, da Alemanha, por exemplo?
É difícil ver a Alemanha a adoptar estímulos orçamentais, apesar da Zona Euro ser uma região em que isso é necessário. Já nos EUA não vejo que isso seja necessário. Muitos estímulos orçamentais nesta fase do ciclo resultariam num cenário de expansão e quebra que poderia ser o gatilho para uma disrupção nos mercados. Mas na Zona Euro, dados os problemas estruturais, os estímulos orçamentais poderiam ajudar. No entanto, teriam de ser combinados com reformas estruturais. Neste ponto, Portugal e Espanha têm liderado e as reformas estruturais estão a mostrar resultados.
Em Portugal a economia está a recuperar. A nível político há discussão entre o actual e o anterior governo sobre de quem é o mérito. Questões políticas à parte, como avalia a evolução da economia portuguesa?
Penso que a recuperação a que temos assistido é fruto das reformas estruturais. E não há dúvida que demoram anos a ter efeito. Podem levar até seis anos se olharmos, por exemplo, para o tempo em que as reformas no mercado de trabalho na Alemanha demoraram a ter efeito. E agora acontece o mesmo em Portugal e Espanha. Portugal beneficia também de uma recuperação mais sincronizada na Zona Euro. E a política do BCE foi crucial para gerar esta recuperação.
As obrigações portuguesas têm tido bom desempenho apesar das menores compras do BCE...
Há quem tenha a perspectiva de que à medida que o BCE for reduzindo as compras, Portugal se torne mais vulnerável. Mas não penso assim. Dependerá do enquadramento económico e, devido às reformas, penso que Portugal está bem posicionado. Mas ainda há cepticismo sobre o que pode ser feito a nível europeu devido ao Brexit e ao aumento do populismo. E existem preocupações sobre o risco italiano e um potencial contágio a Portugal quando Itália decidir ir a eleições.
Economista Global da fidelity