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Criminalidade em DeFi aumentou mais de 1000% em 2021. Montantes ilícitos em criptomoedas duplicaram
Nunca a criminalidade em cripto foi tão baixa, quando comparada com a evolução global do mercado. Por outro lado, há setores emergentes, como a DeFi, cuja criminalidade está a disparar. Os reguladores já estão atentos e pretendem entrar em ação já este ano.
Criptomoedas e crime pode parecer um casamento perfeito e 2021 foi prova disso. Durante o ano passado, o registo de crimes relacionados com ativos virtuais atingiu os 14 mil milhões de dólares, mais do dobro do montante contabilizado em 2020, de acordo com os dados compilados pela consultora Chainalysis.
As fraudes, "ransomware" e roubos aumentaram 79% no ano passado, mas o mercado global de criptoativos aumentou 550%, para 15 biliões de dólares, o que significa que proporcionalmente nunca a taxa de criminalidade em cripto foi tão baixa.
"As tendências sugerem que o crime está a tornar-se uma parte cada vez menor do ecossistema das criptomoedas", pode ler-se no relatório, assinado pelo diretor de investigação da consultora, Kim Grauer.
"Com o crescimento do uso legítimo de criptomoedas a superar largamente o crescimento da criminalidade no setor, a quota da atividades ilícitas presentes no volume de transações de criptomoedas nunca foi tão baixa, cerca de 0,15%", acrescenta o documento.
No relatório referente a 2020, a Chainalysis estimou que apenas 0,34% das transações de criptomoedas foram "ilegítimas".
Esquemas em pirâmide custam milhares de milhões de dólares
Os esquemas em pirâmide e "ponzi", que se escondem por trás do manto das criptomoedas, custaram a este mercado, no ano passado, cerca de 7,8 mil milhões de dólares.
Para além disso, entre criadores de criptomoedas, plataformas e hackers foram roubados um total de 3,2 mil milhões de dólares em cripto. Nenhum dos registos aponta para furtos das duas principais criptomoedas: bitcoin e ethereum.
Em janeiro, vários endereços ilícitos detinham mais de 10 mil milhões de dólares em criptomoedas, calculou a Chainalysis.
Roubos no mercado DeFi proliferam
O mercado das finanças descentralizadas retirou os intermediários do jogo financeiro online, possibilitando transações e empréstimos, sem "um banco propriamente dito", o que levou a uma redução das comissões de negociação de criptoativos, mas também ao velho problema de "quem guarda os guardas". Afinal, para além do algoritmo, quem é que garante que estas operações são seguras?
Segundo os últimos dados recolhidos pela Chainalysis, a resposta a esta questão vale milhares de milhões de dólares. Ao todo estão a circular no mercado DeFi mais de 100 mil milhões de dólares, dos quais só em 2021 foram roubados 2,2 mil milhões de dólares, um aumento de 1.330% face a 2020, segundo as contas da consultora.
Em novembro, a Elliptic, outra empresa especializada em recolha de dados relacionados com a blockchain, ampliou este número, elevando para 12 mil milhões de dólares o montante total de roubos em DeFi, ao longo de 2021.
Criptomoedas na mira dos reguladores mundiais
No final de outubro, o Banco de Pagamentos Internacionais deu o primeiro passo para colocar os mercados de DeFi sob supervisão regulamentar, delineando planos para que os operadores cumpram as regras que visam o combate e a prevenção contra o branqueamento de capitais.
Atualmente, não existe ainda nenhuma norma específica e abrangente que regule o DeFi, assim como aliás acontece com o restante mercado de ativos, fundamentado em blockchain, no entanto tudo pode mudar este ano.
No final de 2021, a Reserva Federal norte-americana (Fed) apresentou as conclusões preliminares do banco central sobre criptoativos, clarificando a linguagem sobre este mercado e dando o primeiro passo para a regulamentação. Na Europa, a Comissão Europeia apresentou uma proposta para o MiCA (sigla inglesa para regulamento sobre criptoativos).
Ainda que este diploma seja sobretudo focado em stablecoins, e para os restantes criptoativos imprima sobretudo deveres declarativos e de transparência, é neste momento, a proposta legislativa, a nível mundial, mais completa, sobre este mercado.