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Super-ricos injetam 787 mil milhões de dólares em mercado de crédito privado

Como muitos outros super-ricos, a nível global, Evgeny Denisenko, que vive no Mónaco, enfrenta um desafio de investimento.

Miguel Baltazar
14 de Dezembro de 2019 às 18:00
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Há quatro anos, Denisenko obteve um lucro inesperado de muitos milhões de dólares ao vender uma participação acionista a uma grande empresa farmacêutica russa. No entanto, numa altura em que bancos centrais estão a socorrer as economias com políticas de juros baixos e obrigações com yields negativas, os ativos tradicionais que costumavam preservar as fortunas das famílias são mais escassos e menos eficazes. Isso significa que o valor real dos investimentos de muitas pessoas está a diminuir, o que coloca Denisenko diante do desafio de garantir que as futuras gerações da sua família sejam tão ricas como ele.

A solução, diz o russo de 29 anos, está num mercado arriscado de empréstimos a empresas e negócios vistos por muitos como nichos, ou demasiado estranhos pelos bancos. "Se conseguir o negócio certo, é uma das melhores classes de ativos neste momento", diz Denisenko.

Empréstimos diretos a projetos distantes de exploração de petróleo, projetos imobiliários de luxo, empresas financiadas por private equity e start-ups de tecnologia podem pagar rendimentos equivalentes ao dobro do mercado dos chamados títulos ‘junk’, ou de alto risco. Isso atraiu investidores como a família Denisenko e outros membros da elite global, como o antigo dono do Los Angeles Dodgers, Frank McCourt Jr.

A Proventus Capital, com sede em Estocolmo, que surgiu a partir da separação do family office do sueco Robert Weil, está a investir no mercado em nome de clientes ricos e investidores institucionais.

Os chamados family offices [empresas de gestão financeira de famílias com elevadas fortunas] investem no mercado de crédito privado muitas vezes através de fundos. A família Pritzker, dona da rede de hotéis Hyatt, e o Bill & Melinda Gates Foundation Trust também injetaram capital em fundos que investem em projetos e empresas sobre-endividadas.

O crédito privado cresceu, a nível global, aproveitando o espaço deixado pelos bancos que, sob pressão dos reguladores desde a crise financeira para reduzir o risco, passaram a evitar empréstimos a empresas mais pequenas e potencialmente mais vulneráveis. O mercado de crédito privado cresceu para 787,4 mil milhões de dólares, em relação a apenas 42,4 mil milhões em 2000, segundo a empresa de pesquisa Preqin, com sede em Londres.

O family office de Denisenko, conhecido como Apolis, pretende investir cerca de 50 milhões de dólares por ano em empresas de imobiliário e petróleo em todo do mundo.

Em outubro, 393 family offices estavam ativos em dívida privada, um forte aumento face aos 129 em 2015, segundo a Preqin.

Este ano, a Axial Networks - que gere uma plataforma online que reúne quem precisa de crédito e quem está disposto a fazer empréstimos - estima que os family offices na sua plataforma fechem 275 acordos de crédito privado em 2019, um aumento de aproximadamente 15% face ao ano passado.

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