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Crédito à habitação superou os mil milhões em dezembro. Bancos não emprestavam tanto num mês desde 2008

Os bancos emprestaram 1.117 milhões de euros em dezembro do ano passado, o valor mensal mais elevado desde julho de 2008. No conjunto do ano, o novo crédito à habitação concedido também atingiu máximos de 2008.

Alexandre Azevedo
11 de Fevereiro de 2020 às 11:10
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Os bancos emprestaram 1.117 milhões de euros em dezembro do ano passado, o valor mensal mais elevado desde julho de 2008, de acordo com os dados divulgados esta terça-feira, 11 de fevereiro, pelo Banco de Portugal. No conjunto do ano, o crédito à habitação concedido também atingiu máximos de 2008.

As novas operações de crédito à habitação atingiram os 10,6 mil milhões de euros no acumulado de 2019. Este é o valor mais elevado desde o pré-crise, mais concretamente 2008, ano em que foram emprestados 13,4 mil milhões de euros de crédito para a compra de casa. Face a 2018, verifica-se um crescimento de 8% do montante financiado pelos bancos para a habitação.

Com os juros diretores em níveis historicamente baixos, os bancos nacionais têm apostado no crédito à habitação como forma de fidelizar mais clientes dado que estes ficam vinculados com a contratação de vários serviços/produtos, tentando atrair também a transferência de créditos de outras instituições. Para atenuar essa "aposta", o supervisor bancário lançou recomendações (medidas macroprudenciais) para limitar excessos na concessão de crédito à habitação.

De acordo com o Banco de Portugal, as taxas de juro continuaram a apresentar uma "tendência de descida" no ano passado. No caso das novas operações de empréstimos a particulares para habitação, a taxa de juro médio foi de 1,1% em dezembro de 2019, o que representa uma queda de 31 pontos base relativamente a dezembro de 2018.

Crédito ao consumo em máximos de, pelo menos, 2003
O crédito ao consumo também atingiu no ano passado o valor mais elevado desde, pelo menos, 2003, ano em que começa a série do Banco de Portugal. No conjunto de 2019, os bancos concederam 5,25 mil milhões de euros de novo crédito ao consumo em Portugal. Em 2004, o crédito para consumo tinha chegado aos 5,21 mil milhões de euros.

Só em dezembro, os bancos emprestaram 501 milhões de euros para consumo, mais do que os 466 milhões de euros registados em novembro. O pico tinha sido atingido em outubro com 527 milhões de euros emprestados para esta finalidade. 

Este aumento do crédito ao consumo ocorre numa altura em que os juros também desceram. O Banco de Portugal nota que "em dezembro de 2019, a taxa do crédito ao consumo registou um mínimo histórico". 

Já o montante de crédito para outros fins fixou-se nos 2,3 mil milhões de euros no ano passado. 

Aposta e juros dos depósitos em mínimos
Tanto o volume de novas operações como o nível dos juros dos depósitos para particulares atingiram mínimos históricos em 2019.

O Banco de Portugal escreve que os portugueses colocaram mais 56,3 mil milhões de euros em 2019 em depósitos, menos do que os 60,5 mil milhões de euros em 2018. Este é um "novo mínimo histórico".

O mesmo aconteceu na remuneração desses depósitos. "A taxa de juro média dos novos depósitos, até um ano, diminuiu 7 pontos base face ao período homólogo, para 0,07%, representando um novo mínimo histórico", assinala o banco central.

No total, os depósitos de particulares nos bancos residentes totalizavam 150,1 mil milhões de euros no final de dezembro.

(Notícia atualizada às 11h43 com mais informação)
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