Os administradores das sociedades cotadas portuguesas ganharam menos em 2012. Cada administrador recebeu aproximadamente 240,4 mil euros, menos 52,8 mil euros que no ano anterior, segundo o relatório anual sobre o governo das sociedades cotadas da CMVM. Mais de duas dezenas de administradores receberam mais de um milhão de euros.

A remuneração paga aos membros dos órgãos de administração das sociedades cotadas portuguesas caiu para 110 milhões de euros, face aos 131 milhões pagos em 2011, segundo o mesmo documento, que analisou 43 sociedades, que correspondiam a 76,1% do capital social das sociedades e a 69,2% da capitalização bolsista.

Parte desta redução é justificada por alterações ao nível do tipo de remuneração, com o pagamento de salários fixos a representar perto de 64% do total, enquanto os pagamentos variáveis alcançaram 27,8%.

“Significa isto que as remunerações fixas e variáveis aumentaram o peso na remuneração total global para 91,6% (87,9% em 2011)”, detalha o documento publicado esta quinta-feira pelo regulador do mercado de capitais português.

Além das remunerações fixas e variáveis, as cotadas utilizaram ainda fundos e planos de pensões para remunerar administradores, com esta forma de pagamento a representar 3% do total.

“As rúbricas referentes a outros benefícios de longo prazo, pagamentos através de acções e outros representam 2,6%, e foram encontradas em três sociedades”, acrescenta o relatório.

À semelhança do que aconteceu em 2011, não foram identificados registos de benefícios de cessação de emprego e/ou créditos concedidos pelas sociedades aos seus administradores.

22 administradores recebem mais de um milhão

Dos 110 milhões pagos a órgãos de administração em 2012, 87 milhões dizem respeito a remunerações atribuídas aos administradores executivos, sendo que 22 administradores executivos receberam mais de um milhão de euros, tendo o valor máximo sido de 3,1 milhões de euros.

Relativamente aos administradores não executivos, estes foram responsáveis por 21,7% das remunerações pagas em 2012, enquanto “o peso das compensações dos administradores independentes foi de 6,8%”.

“Cerca de 117 administradores receberam menos de metade do seu rendimento da sociedade, sendo 59 não executivos. Ademais, 92 administradores não foram remunerados directamente pela sociedade”, refere o mesmo documento.

Remunerações de fora da sociedade aumentaram

A CMVM destaca ainda que o peso das remunerações não provenientes da sociedade aumentaram para 23,9%, em 2012, face a 21,1% no ano anterior.

O regulador alerta que “importa salientar que sempre que os administradores recebem remunerações significativas de outras sociedades do grupo que não da sociedade cotada é legítimo que os accionistas avaliem tais situações com redobrada cautela”.

Ao contrário do que acontece no cumprimento do conjunto das recomendações da CMVM, em que 91% das medidas são respeitadas pelas cotadas, no que concerne às remunerações o rácio médio de adopção cai para 79%.