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Efeito Milei leva bolsa de Buenos Aires a melhor dia em 22 anos

O S&P Merval chegou a disparar 22% na reabertura das bolsas na Argentina, após a eleição de Javier Milei como presidente. "Um movimento sísmico, mas que mascara as dificuldades daqui em diante", dizem os analistas da DBRS Morningstar.

Reuters
21 de Novembro de 2023 às 21:01
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O pulo desta segunda-feira nas "american deposited shares" argentinas - títulos que permitem a cotação de empresas estrangeiras nos Estados Unidos - já fazia adivinhar o cenário no principal índice bolsista da Argentina na terça-feira.

Na primeira reação à vitória de Javier Milei, uma vez que os mercados estiveram encerrados, devido a feriado, na segunda-feira, o principal índice da bolsa de Buenos Aires, o S&P Merval, chegou a subir 25,29% até aos 808.207,19 pontos, perto de máximos históricos, nos 835 mil pontos, e assinalando a maior subida desde dezembro de 2001. O índice acabou por terminar a sessão a valorizar 22,84% nos 792.443,19 pontos.

A ascensão do economista ultraliberal ao cargo de presidente da Argentina parece ter agradado aos investidores, num cenário de inflação com três dígitos e uma economia à beira de uma recessão. "Um movimento sísmico, mas que mascara as dificuldades daqui em diante", alertam os analistas da DBRS Morningstar numa nota.

"A eleição sinaliza que a maioria dos argentinos está disposto a levar o seu país numa direção diferente", explicam Michael Heydt e Thomas Torgerson, analistas da agência de "rating" canadiana. No entanto, ambos preveem um duro e "rápido ajuste macroeconómico", quando Milei ascender ao cargo a 10 de dezembro.

Entre os maiores ganhos esteve a petrolífera estatal YPF, que chegou a escalar 40%, o maior pulo de sempre, após Milei ter anunciado que entre as várias medidas para o novo Governo estava a privatização da empresa.

Entre as promessas de Javier Milei contam-se ainda uma redução drástica dos gastos estatais, reduzindo ao máximo o papel do Estado na economia, e o encerramento do banco central do país. O líder do partido "La Libertad Avanza" ganhou as eleições com 56% dos votos "a favor de reformas", resume à Bloomberg Patrick Esteruelas da Emso Asset Management.

Apesar dos ganhos desta terça-feira, numa bolsa que enfrenta elevada volatilidade, a continuidade destas subidas "será limitada pelo ceticismo sobre se Milei conseguirá sobreviver politicamente com apoio limitado no Congresso", uma vez que o seu partido tem apenas alguns deputados com assento parlamentar.

Este é também um dos impedimentos, apontado pelos analistas da DBRS, para a dificuldade em implementar determinadas medidas mais drásticas na economia, como a substituição do peso pelo dólar. Igualmente, "a limitada experiência política do presidente eleito, políticas controversas e uma postura anti-regime" podem levar a uma paralisia política, alertam Michael Heydt e Thomas Torgerson.

A Argentina terá ainda de manter uma boa relação com o Fundo Monetário Internacional (FMI), uma vez que o país foi alvo de um resgate, bem como com os investidores que têm evitado comprar a dívida do país.

No final do dia, há dois cenários, clarifica a agência de rating. "Se Milei conseguir construir uma coligação que esteja a favor de um plano de estabilização compreensivo, a Argentina pode conseguir escapar a uma crise", sinalizam os analistas da DBRS. "Caso contrário, o 'outlook' vai ser caracterizado por uma inflação elevada, uma grave recessão económica e incerteza política", completam.
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