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Bolsa do Zimbabué afunda 11% após vitória de Mugabe
A incerteza é muita no país africano, depois da vitória de Robert Mugabe, há 33 anos no poder. O partido que preside quer as empresas detidas por estrangeiros nas mãos dos cidadãos zimbabueanos. Em bolsa, a reacção foi negativa.
A bolsa do Zimbabué registou uma queda de dois dígitos esta segunda-feira, o primeiro dia de negociação desde que foi confirmada a vitória de Robert Mugabe nas eleições naquele país africano.
“É o pânico pós-eleitoral”, comentou à Bloomberg a analista da IH, Carla Simleit, na capital zimbabueana, Harare. E o pânico vê-se na bolsa. O principal índice da bolsa do Zimbabué caiu 11,09% para os 205,57 pontos esta segunda-feira. É a maior queda num só dia desde 2009, de acordo com a Bloomberg.
As agências de informação internacionais apontam, essencialmente, para uma justificação: os receios dos investidores depois da confirmação da vitória de Robert Mugabe e do seu partido nas eleições da semana passada no país, vizinho de Moçambique.
O partido que Mugabe lidera é o ZANU – PF, cujas siglas referem-se à União Nacional Africana do Zimbabué – Frente Patriótica. As políticas seguidas pelo ZANU incluem propostas de legislação que forçam as empresas estrangeiras a vender 51% do capital a cidadãos do Zimbabué ou ao próprio Estado. “O ambiente empresarial é completamente imprevisível”, sublinha outro analista da NKC, na África do Sul, François Conradie.
O índice da bolsa zimbabueana até esteve a negociar em alta no período anterior ao sufrágio. Escrevem as agências que tal movimento se explicou pela expectativa de que o Movimento para a Mudança Democrática, do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, pudesse tirar da presidência Robert Mugabe, de 89 anos de idade, 33 no poder.
Tal não aconteceu e Mugabe conseguiu mesmo 61% dos votos para as eleições presidenciais. Para o Parlamento, a vitória do partido foi com uma maioria de dois terços. O rival, Tsvangirai, fala em "fraude monumental", depois de notícias que davam conta que muitos seus apoiantes não conseguiram votar. E, com os receios de que as empresas estrangeiras possam ter de ceder capital aos zimbabueanos, as quedas sentiram-se na bolsa.
O grande destaque foi a maior empresa, a unidade da SAB Miller, Delta Corporation, cuja queda se cifrou nos 20%. À Reuters, um operador que não está identificado diz que a queda "vai continuar a acontecer – talvez até haver alguma certeza na frente política com o novo Governo”.