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Administração da Semapa recomenda aos investidores que aceitem a OPA

O conselho de administração da Semapa manifestou-se sobre a alteração nas condições da OPA da holding da família Queiroz Pereira sobre a posição que não detém na empresa, voltando a considerá-la "oportuna" e com "condições adequadas".

A Semapa diz que a pandemia teve pouco impacto no negócio do cimento.
Pedro Ferreira
12 de Abril de 2021 às 19:10
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O conselho de administração da Semapa voltou a pronunciar-se favoravelmente à oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela Sodim, "holding" da família Queiroz Pereira, sobre o capital que não controla da empresa, no seguimento da revisão em alta do preço anunciada na semana passada. 

"O Conselho de Administração da Semapa reitera ser seu entendimento que a Oferta é oportuna e as suas condições são adequadas à face dos critérios constantes do artigo 181.o do CVM e, atendendo à informação existente sobre a Sociedade e ao comportamento histórico da ação da Semapa no mercado, a contrapartida da Oferta merece ser tida em consideração e é suscetível de ser aceite pelos acionistas", refere o novo relatório publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

A Sodim anunciou, na semana passada, uma melhoria da contrapartida da OPA lançada sobre o capital que não detém da Semapa no passado dia 18 de fevereiro. A contrapartida subiu de 11,40 para 12,17 euros, o que representa uma melhoria de 6,75%.

Num comentário ao novo preço da oferta, a administração reiterou a sua posição favorável ao negócio, alertando os investidores para o prémio incorporado na oferta, assim como para o facto da ação negociar historicamente abaixo das avaliações dos analistas.

"A presente Oferta, tendo em conta a contrapartida revista, representa um prémio de 46,1% em relação ao preço médio ponderado das ações da Semapa no mercado regulamentado Euronext Lisbon no período que mediou entre a declaração da pandemia (11 de março de 2020) e a data do Anúncio Preliminar (18 de fevereiro de 2021), o qual é de 8,33 euros", lembra o "board", notando que a oferta tem implícito "um prémio de 46,5% em relação ao preço médio ponderado das ações no mercado regulamentado Euronext Lisbon nos seis meses imediatamente anteriores, à data de 18 de fevereiro de 2021, o qual é de 8,31 euros".

Já em relação à discrepância do valor da OPA face às avaliações dos analistas, a administração justifica a sua posição favorável à oferta com o facto de a Semapa negociar historicamente "com um diferencial face à média dos Price Targets dos Analistas, o qual foi em média de 44,2%, no período compreendido entre 18 de fevereiro de 2019 e a data de publicação do Anúncio Preliminar, ou seja, em 18 de fevereiro de 2021, apesar de os 'price targets' apresentados por estes analistas já incluírem um desconto de holding de cerca de 20%".

Os três analistas que seguem a empresa - CaixaBI/ESN, CaixaBank BPI e JB Capital Markets - atribuem-lhe um preço-alvo médio de 17,50 euros por ação. No entanto, a administração defende a OPA, adiantando que "constata-se assim que os price targets dos analistas têm mantido sistematicamente um diferencial relevante relativamente ao valor atribuído pelos investidores nas transações efetuadas em mercado".

Em terceiro lugar, o "board" da Semapa recorre a uma análise face ao prémio pago noutras ofertas comparáveis.

 

"Considerando as ofertas públicas comparáveis lançadas em Portugal nos últimos 10 anos, tal como indicado no Relatório do Conselho de Administração da Semapa, e tendo em conta o aumento do montante da contrapartida da Oferta, constata-se que o prémio de 28,1% implícito na Oferta face ao preço de fecho da ação anterior ao Anúncio Preliminar é superior em cerca de 18,2 p.p. à média ajustada dos prémios pagos em transações comparáveis realizadas em Portugal desde 2011, cujo valor ronda 9,9%", adianta o relatório.

Segundo os valores partilhados no relatório, a oferta da ES Saúde, com um prémio de 27,1%, era a OPA com o prémio mais elevado, sendo que no caso da oferta da EDP Renováveis, a última operação considerada comparável pela administração da Semapa, a contrapartida tinha um prémio implícito de 8,9%.

Minoritários pedem mais


Apesar dos argumentos da administração da Semapa, os investidores minoritários não concordam com esta avaliação, uma perceção confirmada pela evolução das ações que têm estado sistematicamente acima do preço da OPA, desde o seu lançamento a 18 de fevereiro.

Os títulos da Semapa encerraram a valer 12,20 euros por ação esta segunda-feira, mais três cêntimos que o preço proposto pela família Queiroz Pereira. Uma evolução que mostra que os investidores poderão não estar disponíveis a vender ao preço da OPA, apesar da empresa não ter intenção de melhorar a contrapartida, segundo sabe o Negócios.

"Recomendamos aos nossos associados que não vendam as suas ações nas novas condições da oferta. Sem um aumento substancial do valor oferecido, estamos perante uma significativa perda de valor dos seus investimentos", adiantou em respostas ao Negócios Carlos Rodrigues, presidente da Maxyield, uma associação que representa pequenos investidores.

Segundo os cálculos da associação, "o novo valor proposto pela Semapa é muito inferior ao justo valor dos investimentos na Navigator, na Secil e na ETSA, as suas subsidiárias nos negócios da pasta e do papel, do cimento e do ambiente". "Com base no novo preço, a Sodim avalia a Semapa em 948 milhões de euros (81,3 milhões de ações x 11,66 euros cada)", descontado o dividendo de 51,2 cêntimos aos 12,17 euros, uma vez que a empresa inclui a remuneração na oferta, explica, contrapondo que apenas a posição de 70% na Navigator está avaliada em 1.400 milhões.

Também Octávio Viana, presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais, nota que "a revisão em alta da contrapartida para os 12,17 euros vem demonstrar que os 11,40 euros oferecidos inicialmente não eram justos, apesar do parecer da gestão".

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