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A tômbola da sorte

O documentário “Waiting for Superman” foi o vencedor do Sundance Festival nos Estados Unidos.

16 de Setembro de 2010 às 17:20
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O documentário “Waiting for Superman” foi o vencedor do Sundance Festival nos Estados Unidos. Com estreia marcada para 24 de Setembro e do mesmo realizador que ganhou um Óscar por “Uma Verdade Inconveniente”, a verdade desta feita centra-se no sistema educativo norte-americano e nas desigualdades abissais que o caracterizam. A boa notícia é que mesmo antes de passar nos ecrãs, está a dar azo a um movimento social nunca antes visto na história da educação do país. E que pode contribuir para um debate alargado sobre um problema que é universal

Daisy é uma menina que vive em Los Angeles, frequenta o 5º ano e que, contra tudo e contra todos, não desiste dos seus planos para o futuro; Francisco nasceu e cresceu no Bronx e a sua mãe tudo fará para que a vida lhe dê uma oportunidade; Anthony vive em Washington e prometeu a si mesmo não deixar que a droga, que condenou o seu pai, faça o mesmo com ele; Emily está no 8º ano, em Silicon Valley e o seu maior medo é que seja sempre marcada por não “se enquadrar” na universidade; e, finalmente, Bianca que frequenta um jardim infantil da zona de Harlem e é filha de uma mãe solteira, terá de esperar para ver se a bola da sorte para uma educação digna saia de uma tômbola igual à do euromilhões.

Estas são as personagens principais do documentário vencedor do Sundance Festival e cujo argumentista e realizador é, nada mais, nada menos do que Davis Guggenheim, o responsável pelo êxito de “Uma Verdade Inconveniente” que acabou por dar “um” ou “o” empurrão a Al Gore na vitória do polémico Nobel da Paz. Desta vez, a verdade inconveniente é outra e está relacionada com o sistema educacional dos Estados Unidos que, outrora considerado um dos melhores do mundo, sofre hoje de clivagens profundas e de métodos muito pouco ortodoxos.

Com estreia prevista para 24 de Setembro, o documentário “Waiting for Superman” , título escolhido devido a um dos intervenientes no documentário (v. Caixa 2) e sobre o qual o VER já escreveu, traça o declínios dos standards educacionais na América e coloca as charter schools – as escolas públicas, mas autónomas e que geralmente surgem da iniciativa de grupos de professores ou de pais, de ONGs ou de empresas – como aquelas que melhores resultados têm demonstrado, principalmente entre as populações mais carenciadas. Contudo e como não há bela sem senão, e na impossibilidade de seleccionarem os alunos, estes entram por um sistema simples de sorteio (que marca o final do filme). Ora, se por um lado o futuro de todos nós é tão incerto como ganhar ou não a lotaria, nos Estados Unidos o bilhete para uma vida digna passa, neste preciso momento e com este sistema, exactamente por critérios tão aleatórios como a sorte ou o azar.

Contudo, o documentário de Guggenheim apresenta, através da história das personagens escolhidas e das entrevistas efectuadas a vários tipos de responsáveis educativos, os muitos problemas que o sistema educativo norte-americano atravessa e que, afinal, não são assim tão diferentes quanto os nossos: notas baixas no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), a burocracia excessiva existente nas escolas, a apatia dos professores e o fosso inultrapassável entre os que podem dar uma educação esmerada aos seus filhos e os que não têm condições para isso.



Leia aqui o artigo do VER



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