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Entrevista a Luís Cardoso

Director da Católica Lisbon Executive Education

27 de Setembro de 2010 às 07:00
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Luís Cardoso
Director da Católica Lisbon Executive Education

Membro do Conselho de Direcção da Faculdade e Professor Associado Convidado, leccionando na área de Estratégia. Coordena o PAGE - Programa Avançado de Gestão para Executivo”. Mestre em Gestão (Universidade Nova de Lisboa) e Licenciado em Gestão pela FCEE-Católica.
É autor de vários livros na área de Estratégia, sendo o mais recente “Estratégia e Competitividade – como vencer nos negócios no ambiente vertiginoso e global do séc. XXI”.

Há um modelo ideal para os programas de formação executiva, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras?
Os programas de formação de executivos têm propósitos muito diversificados. Conforme é nossa experiência na formação de executivos da FCEE-Católica, enquanto líderes em Portugal, e portanto desenvolvendo um vasto conjunto de programas, há situações em que os cursos visam uma formação mais profunda e generalista, enquanto noutros casos mais especializada, assim como o seu âmbito mais amplo ou mais restrito. Em função desses factores, assim a duração, horário, estrutura do curso e conteúdos são mais adequados em cada caso.

Os cursos de formação executivos devem ser especializados? São meros cursos de reciclagem ou aprende-se de facto algo de novo?
A formação de executivos desempenha hoje um papel nuclear na formação de gestores em todo o mundo. Não se trata de cursos complementares a outros, mas sim frequentemente decisivos na formação de qualquer gestor. É claro que consoante os casos, podem ser cursos que assegurem determinada formação em áreas de gestão em que a preparação académica anterior dos destinatários seja insuficiente, ou visar um aprofundamento e especialização de conhecimentos em determinadas áreas. Correspondem, em todo o caso, nas escolas de referência, a uma formação de cariz muito exigente, rigoroso e avançado.

Que vantagens tem um quadro ou um executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima ideal para frequentar um curso deste tipo.? Há um perfil-tipo dos alunos deste tipo de cursos?
A frequência de um programa para executivos envolve por norma a necessidade de um compromisso de agenda. Existem programas de duração muito curta em que a situação é mais fácil de gerir, mas também programas bem mais longos, em que se procura encontrar uma solução mais adequada, que pode passar ou por um formato muito concentrado, em que por exemplo periodicamente o executivo faz uma semana completa de formação em que está fora do ambiente profissional, ou pelo contrário, uma situação mais regular, em que se procura que, por exemplo, haja sessões em períodos de final de semana. É nessa perspectiva que se verifica haver frequentemente uma concentração de aulas nestes programas às 6as feiras e Sábados. O perfil dos participantes é muito variável. Temos participantes que são presidentes e membros de comissões executivas de empresas de referência, assim como outros quadros dirigentes, quadros intermédios e quadros mais jovens, portanto em etapas muito diferentes do seu percurso profissional.

Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e de preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária?
Uma das riquezas que está associada a um programa para executivos é precisamente o contributo que é dado pelos participantes, devido à sua importante experiência profissional e à diversidade dos seus percursos. É claro que é importante garantir que a selecção dos participantes assegure um grupo equilibrado em termos de senioridade. Em todo o caso, embora os participantes dos nossos cursos sejam generalizadamente licenciados, o facto de não ter uma licenciatura não é impeditivo de que alguns quadros empresariais séniores se revelem participantes muito interessantes, por terem percursos profissionais muito ricos.

Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos face aos programas de mestrado e outros cursos de pós-graduação? E face a um MBA?
Esta questão envolveria uma resposta muito desenvolvida. Vou tentar ser breve. À luz do acordo de Bolonha, os alunos fazem agora um mestrado na sequência de uma licenciatura. Esta solução é uma forma diferente de assegurar uma formação de base, tal como antes sucedia com as licenciaturas mais longas, o que significa que o mestrado é frequentado por alunos sem experiência profissional. Neste sentido, não se confunde com qualquer programa para executivos ou mesmo com o MBA. Por seu lado, um MBA ou outro tipo de mestrados post-experience tem em vista assegurar uma formação aprofundada e avançada consistente, que pode ter um cariz mais generalista (por exemplo muitos engenheiros que ambicionam uma carreira executiva fazem um MBA) ou incidir mais especificamente numa determinada área de conhecimento. Estes cursos são de duração muito longa e implicam uma avaliação formal, rigorosa e sistemática. A maioria dos seus participantes tem já uma relevante experiência profissional mas situa-se ainda assim numa faixa etária relativamente jovem (25 a 35 anos). Na formação de executivos, a duração dos programas é mais reduzida, poderá ou não existir avaliação (que mesmo quando existe tem um cariz menos central) e os participantes são usualmente mais experientes (30 a 50 anos) procurando adquirir através destes cursos competências mais estratégicas associadas à sua evolução na carreira, beneficiar da riqueza de experiências dos colegas e aprofundar conhecimentos em áreas específicas.

Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece por exemplo com os titulares de um MBA?
A medição do impacto dos programas na carreira profissional dos participantes é um tema de grande actualidade, que não é fácil. Em todo o caso, é muito claro que há uma forte correlação entre estes investimentos na formação e a evolução na carreira. Aliás, a procura crescente de formação de executivos está precisamente associada à convicção cada vez mais generalizada dos quadros de que a formação de base adquirida através de uma licenciatura passa a constituir apenas uma primeira etapa, dado o ambiente complexo e em rápida mudança em que nos encontramos, que exige um investimento continuo na formação ao longo da vida profissional.



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