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Conheça as regras para investir com confiança

Preservar as poupanças é um desafio permanente. Cada vez mais existem esquemas sofisticadosde extorsão. Saiba como proteger o seu património do amigo do alheio

10 de Fevereiro de 2014 às 14:50
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Uma semana antes do Natal passado, a Target, o segundo maior retalhista de desconto dos Estados Unidos da América, anunciou que informação sobre cartões de débito e de crédito de cerca de 40 milhões dos seus clientes foram recolhidos ilegalmente dos seus servidores. A imprensa local indica que os ladrões injetaram um vírus em todos os terminais informáticos que processam os cartões bancários para o retalhista, retendo informação sobre os nomes dos clientes, os números dos cartões, as datas de validade e os códigos de segurança.

Este roubo exemplifica apenas o desafio permanente em preservar o capital amealhado. Os aforradores são constantemente confrontados com propostas de investimento que podem ser ruinosas ou, mesmo fraudulentas. Ao investir nelas pode rapidamente arruinar as suas poupanças.

Para prevenir, apresentamos-lhe as principais armadilhas financeiras que lhe podem surgir no futuro. Ao contrário do roubo de informação na Target, estes esquemas podem ser facilmente evitados.

Ladrões andam à pesca

O phishing é, provavelmente, o método mais frequente de roubar informação financeira. A palavra phishing é uma corruptela de fishing, cuja tradução do inglês é "pescar". Esta fraude consiste nisto mesmo: os ladrões tentam "pescar" códigos de acessos de contas bancárias, números de cartões de débito ou de crédito e outros dados pessoais potencialmente valiosos através do envio de mensagens eletrónicas. Na prática, o agente fraudador tenta fazer-se passar por uma entidade credível, normalmente a própria instituição financeira de que o alvo é cliente, solicitando informação confidencial.

Nunca forneça os seus dados pessoais por via eletrónica ou, mesmo, telefónica. Se o fizer, pode estar a permitir que desconhecidos acedam à sua conta bancária e esvaziem o seu património. Se isto acontecer e reclamar junto da entidade financeira, esta provavelmente declinará qualquer responsabilidade e acusá-lo-á de ser negligente, invocando que forneceu os seus dados voluntariamente. Inclusivamente, existe jurisprudência de entidades financeiras serem ilibadas de indemnizar clientes alvo de phishing.

Em muitos casos desta fraude, o alvo recebe mensagens de correio eletrónico que contêm hiperligações a páginas que contêm programas maliciosos que, ao serem acedidos, se auto instalam no computador. Estes programas podem registar a sequência de teclas pressionadas, atividades realizadas com o rato ou imagens de ecrã, e, assim, aceder a senhas de acesso. O Anti- -Phishing Working Group, uma organização internacional que procura combater o crime cibernético, estima que um terço dos computadores existentes no mundo foi infetado por programas maliciosos durante o segundo trimestre de 2013. O Anti-Phishing Working Group inclui membros como as empresas que criam programas antivírus (Symantec e McAfee) mas também entidades financeiras (como a Visa).

A forma mais eficaz de evitar este tipo de fraude é instalar no computador um antivírus com firewall para verificar e controlar a comunicação do computador com a Internet, que esteja permanentemente ativo e atualizado. Também deve atualizar regularmente o programa de navegação na Internet e o sistema operativo do computador.

Correspondente da Nigéria

Desde o início da década de 80 do século passado que este esquema existe. Inicialmente, alguns portugueses receberam cartas provenientes da Nigéria com propostas de um negócio muito lucrativo.

Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, as propostas chegam maioritariamente por correio eletrónico, de qualquer parte do mundo. A escolha dos destinatários da correspondência eletrónica é aleatória provindo de programas que facilitam a obtenção de endereços e o envio a um grande número de destinatários. A pretexto do negócio são solicitados dados pessoais (passaporte, contas bancárias) e algum dinheiro para custear as despesas de arranque do investimento.

À medida que se anui a transferir dinheiro, serão solicitados pagamentos adicionais sob vários pretextos. Naturalmente, o suposto retorno jamais ocorrerá, levando o lesado a perder todo o capital transferido. Ao mesmo tempo, com os dados pessoais fornecidos, o burlão pode cometer trapaças à escala internacional mediante a utilização desta informação no sistema financeiro.

Empolar para vender

Os esquemas chamados de "pump-and-dump" acontecem maioritariamente em mercados acionistas pouco líquidos. Basicamente, o processo consiste em inflacionar o preço de uma ação detida, através de manipulação fraudulenta. Para tal é feita a promoção da ação, normalmente através de fóruns financeiros e de mensagens de correio eletrónico enviadas para um grande número de destinatários com falsas indicações dos indicadores da empresa. Invariavelmente, os autores da fraude conseguem vender as ações a preços inflacionados realizando boas mais-valias e, após isto, a ação caí a pique, fazendo com que os investidores menos informados, que compraram os títulos em alta, tenham elevados prejuízos.

Se receber uma mensagem de correio eletrónico de um desconhecido, normalmente em inglês, a recomendar a compra de uma ação que nunca ouviu falar, não siga o conselho, caso contrário poderá ser mais uma vítima do "pump-and-dump".

No lado errado da pirâmide

Carlo Ponzi, um emigrante nos Estados Unidos da América da década de 1920, eternizou o seu apelido através dos seus negócios fraudulentos. O italiano prometia aos seus clientes lucros de 50% em 45 dias ou de 100% em 90 dias através da compra de cupões postais. Hoje, os esquemas de Ponzi, também conhecidos como esquemas piramidais, continuam a existir: são prometidos rendimentos muito elevados num curto espaço de tempo sem existir um modelo de negócio que sustente os pagamentos. Os rendimentos pagos inicialmente são sustentados pela entrada de novos investidores no esquema. Quando as novas entradas de dinheiro começam a ser inferiores às responsabilidades assumidas, os pagamentos atrasam-se até deixarem de serem realizados. Uma grande massa de investidores, os últimos a entrar no esquema e que ficam na base da pirâmide, perde uma parte muito significativa do valor investido, muitas vezes a totalidade. GetEasy, Financiamus Group, Emporio Capital e Goodsense foram alguns dos esquemas para os quais a PROTESTE INVESTE alertou nos últimos meses. Se for confrontado para aderir a um negócio muito promissor, questione exaustivamente o modelo de negócio de forma a entender como os rendimentos são gerados. Por norma, como não existe sustentação económica, os promotores são muito vagos. Solicite que a informação seja prestada por escrito, em especial as promessas de rendimento. Não adira de imediato, peça um período de reflexão.

Durante o período de reflexão investigue os promotores, incluindo a entidade e os seus administradores. Uma forma fácil de o fazer é procurar na Internet se existem queixas em relação ao negócio. Em caso de dúvida recorra ao nosso serviço telefónico de informação financeira (808 200 147 ou 218 418 789).

Sem autorização financeira

Mesmo que não exista promessa de ganhos mirabolantes, no caso de um produto financeiro, é vital identificar se a entidade na qual vai depositar o seu capital está registada no Banco de Portugal ou na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Com o desenvolvimento da Internet passou a ser frequente a existência de sítios a oferecer a intermediação de produtos financeiros sem estarem autorizados para tal. Se o investimento for feito numa entidade não autorizada, o risco de ser vítima de uma fraude é elevado e, em caso de incumprimento, não terá acesso aos procedimentos de tratamento de reclamações existentes junto do regulador, nem ao Sistema de Indemnização aos Investidores. A única forma de eventualmente conseguir ser ressarcido é através da via judicial num processo que se arrastará no tempo e com elevados encargos financeiros e, eventualmente, traumas psicológicos.

Se a entidade não tiver estabelecimento estável em Portugal, terá de recorrer às entidades judiciais do país de origem. Dois exemplos recentes são a Afinsa e o Fórum Filatélico. Estas entidades espanholas tinham negócios de investimento em selos que não eram supervisionados pelas autoridades financeiras espanholas. Em 2006, ambas entraram num processo de insolvência deixando de cumprir com os comcompromissos assumidos. Sete anos passaram e ainda hoje o processo corre nos tribunais espanhóis e os investidores continuam a aguardar ser ressarcidos do capital investido. De acordo com a última informação fornecida pela administração da insolvência, os clientes só deverão receber 5% do valor em dívida.

Mesmo que haja autorização

A segurança do investimento também pode estar em causa mesmo quando esteja a trabalhar com instituições financeiras autorizadas pelas entidades competentes. Muitas vezes os gestores de conta, como têm objetivos comerciais para atingir, propõem produtos financeiros cujo risco não se adequa ao seu perfil de investidor. Algumas vezes esquecem-se de mencionar alguns riscos que o produto pode ter. Com alguma frequência somos contactados por leitores que perderam dinheiro em aplicações que pensavam ser de capital garantido.

Sempre que o seu intermediário financeiro lhe apresentar uma proposta de investimento exija documentos escritos relativos ao produto (a ficha de informação normalizada ou a informação fundamental ao investidor). A documentação fornecida deve indicar o tipo de instrumento financeiro proposto, os riscos associados ao investimento, os custos envolvidos com a aplicação (comissões bancárias e impostos), o prazo da aplicação e todos os direitos e deveres das partes contratantes. Não decida na hora, peça um período de reflexão e, se tiver dúvidas, contacte um especialista independente da entidade financeira. Pode recorrer aos analistas financeiros da PROTESTE INVESTE. Se optar pelo investimento exija sempre cópias de todos os documentos que assinou.

 

5 regras para investir num produto financeiro

Não aceite apenas a palavra de quem promove uma aplicação. Em caso de dúvida, fale com a PROTESTE INVESTE

 

1. Apenas contacte intermediários financeiros registados na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários ou que tenham autorização para exercer atividade de intermediação financeira em regime de livre prestação de serviços. Pode consultar ambas as listas em www.cmvm.pt.

 

2. Faça perguntas sobre os rendimentos de cada aplicação e o respetivo nível de risco. Pergunte quais os cenários nos quais pode perder dinheiro. Questione se pode reaver o capital antes do final do prazo e se há penalizações.

 

3. Peça todos os documentos relativo ao produto financeiro que pensa adquirir.

 

4. Nunca invista num produto que não conhece e que não percebe.

 

5. Solicite que a informação seja prestada por escrito e exija cópias de todos os documentos que assinou, se optar pelo investimento.

 

 

Garantias do sistema financeiro português

Os aforradores e os investidores podem dormir um pouco mais descansados com o Sistema de Indemnização aos Investidores e o Fundo de Garantia de Depósitos.

 

Sistema de Indemnização aos Investidores

O Sistema de Indemnização aos Investidores foi criado com o objetivo de minimizar o impacto financeiro de alguma irregularidade gerada por um intermediário financeiro registado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Em caso da instituição financeira não ter capacidade financeira para reembolsar ou restituir o património mobiliário (ações, obrigações, fundos) do cliente, o Sistema assegura o pagamento de uma indemnização até ao limite máximo de 25 mil euros por investidor. O montante da indemnização é calculado com base no valor de mercado na data de acionamento do mecanismo, não compensando eventuais desvalorizações dos ativos.

 

Fundo de Garantia de Depósitos

O Fundo de Garantia de Depósitos tem o objetivo de, em caso de falência de um banco português, garantir os depósitos existentes nesta entidade, até ao montante de 100 mil euros por depositante. O montante inclui juros vencidos e não pagos até à data de indisponibilidade dos depósitos.

 

15 dicas para investir em segurança pela Internet

Não deixe nada ao acaso. Tenha cuidado quando usar o computador para investir o seu património financeiro

1. Tenha um antivírus e firewall instalado no seu computador. Mantenha-o ativo e permanentemente atualizado. O G Data Internet Security é a Escolha Acertada, segundo a Proteste .

2. Atualize as aplicações instaladas no seu computador, em especial o navegador da Internet e o sistema operativo.

3. Elimine regularmente os ficheiros temporários e os cookies, que contêm informação sobre a navegação efetuada na Internet.

4. Tenha senhas de acesso diferentes para cada instituição financeira.

5. Nas senhas de acesso não utilize códigos de fácil dedução (por exemplo, data de nascimento ou nome próprio). Utilize números, maiúsculas, minúsculas, pontuação e carateres especiais, como @, # e &.

6. Altere as senhas periodicamente.

7. Não guarde as palavras-passe no computador.

8. Sempre que pretender efetuar transações financeiras na Internet aceda ao sítio do intermediário financeiro digitando diretamente o endereço no navegador. Não siga ligações nem aceda através dos favoritos.

9. Nunca forneça informação pessoal (nome do utilizador, senhas de acesso, número de cartão de crédito) que seja solicitada por correio eletrónico.

10. Não abra ficheiros em anexo, nem aceda a ligações provenientes de mensagens não solicitadas, mesmo que sejam provenientes de pessoas conhecidas.

11. Certifique-se que os sítios nos quais insere as senhas de acesso são seguros. Os endereços dos sítios seguros começam por https e não por http.

12. Consulte regularmente o extrato das suas contas bancárias.

13. Exija junto dos seus intermediários financeiros um serviço de alerta de SMS imediato, sempre que ocorrerem saídas de conta superiores a 500 euros.

14. No caso de ter de inserir o número e o código do cartão de crédito na Internet dê preferência a cartões temporários. A MBNet é uma boa solução.

15. Em caso de extravio, perda de senhas de acesso ou do telemóvel, notifique de imediato os seus intermediários.

 

Como denunciar uma fraude

Caso suspeite de estar a ser alvo de fraude, contacte o nosso serviço telefónico de informação financeira. Pode ainda fazer uma denúncia ou uma reclamação às autoridades competentes.

 

Comissão do Mercado de Valores Mobiliários

Morada: Rua Laura Alves, 4, 1050-138 Lisboa Internet: www.cmvm.pt Telefone: 213 177 000 Correio eletrónico: cmvm@cmvm.pt

 

Banco de Portugal

Apartado 2240, 1106-001 Lisboa Internet: clientebancario.bportugal.pt Telefone: 707 201 409 (chamada paga) Correio eletrónico: info@bportugal.pt

 

Instituto de Seguros de Portugal

Morada: Avenida da República, 76, 1600-205 Lisboa Internet: www.isp.pt Telefone: 808 787 787

 

Unidade Nacional de Combate à Corrupção Polícia Judiciária

Morada: Rua Alexandre Herculano, 42A, 1250-011 Lisboa Telefone: 218 643 900 Correio eletrónico: dciccef@pj.pt

 

Departamento Central de Investigação e Ação Penal

Ministério Público Morada: Rua Alexandre Herculano, 60, 1250-012 Lisboa Telefone: 213 847 000 Correio eletrónico: correio.dciap@ pgr.pt Internet: simp.pgr.pt/dciap/denuncias

 

 

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