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“Grande coligação” parlamentar vai ser testada nestas eleições

Na última legislatura, 72% das votações foram conseguidas graças à “grande coligação” entre PPE, Socialistas e Liberais. Os três partidos do arco da governação europeísta têm prioridades capazes de gerar acordos na próxima legislatura. Os trabalhos parlamentares vão depender da coesão do bloco central mas também do peso das direitas radicais.

Direitas radicais deverão reforçar presença no novo Parlamento Europeu.
Direitas radicais deverão reforçar presença no novo Parlamento Europeu. Vincent Kessler/Reuters
03 de Junho de 2024 às 13:00
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É entre os partidos históricos do projeto de integração, o PPE (centro direita) e os Socialistas, e ainda o Renew (Liberais) que se alcançaram as principais maiorias no hemiciclo europeu para aprovação de legislação. É a chamada “grande coligação”.

Nos seus manifestos eleitorais para a próxima legislatura, os três partidos apresentam várias prioridades em comum que permitem continuar os entendimentos: prosseguir a transição verde e digital, reforçar o setor da defesa da UE apostando no “made in Europe”, estimular a competitividade dos 27, completar o mercado único e manter o apoio à Ucrânia.

Propostas para a economia

O PPE e os Liberais sublinham a necessidade de aprofundamento da União dos Mercados de Capitais e da União Bancária. Os Populares querem lançar uma Estratégia para a Competitividade da UE e reduzir a carga regulamentar em um terço. Os Liberais defendem um plano para facilitar a vida às empresas e a redução dos encargos administrativos e da burocracia.

Já os Socialistas querem um novo Pacto Social Verde, um instrumento orçamental europeu centrado no investimento e um mecanismo de resseguro de desemprego. Os Verdes propõem um Pacto Ecológico e Social e a revisão dos critérios de Maastricht. O grupo d’A Esquerda defende a abolição do Pacto de Estabilidade e substituição por um Pacto Social e Ambiental e a taxação dos lucros das multinacionais e da banca.

À direita do PPE, o grupo dos Conservadores e Reformistas (direita ultraconservadora e soberanista) quer preservar as identidades nacionais, recuperar soberania, combater a imigração ilegal e rever o Green Deal. O Identidade e Democracia (extrema-direita) não tem manifesto disponível mas num ato recente de lançamento da campanha os intervenientes defenderam a identidade nacional, a “Europa fortaleza” face ao fluxo migratório e a reversão do Green Deal.

Como vai ser o Parlamento?

Um estudo recente do Instituto Jacques Delors mostra que na última legislatura o bloco europeísta funcionou amplamente: 72% das votações foram conseguidas graças à “grande coligação”. O PPE privilegiou os parceiros do centro votando sobretudo ao lado dos Liberais (82% das votações) e dos Socialistas (74%), e menos vezes com os Conservadores (63%), liderados por Giorgia Meloni que defende um entendimento entre as direitas.

Segundo dados do Politico resultantes de análise às tendências nacionais (que têm variações), o PPE terá cerca de 170 deputados, Socialistas 144, Liberais 76, Conservadores 75, Identidade e Democracia 69, Verdes 41, Esquerda 32. Uma projeção do EU Matrix, plataforma que monitoriza as instituições europeias, prevê que a coligação centrista alcance cerca de 58% dos deputados. Se as projeções se confirmarem no dia 9 de junho, os três partidos podem refazer uma maioria. Mas esta vai encolher a favor das direitas radicais.

E estas, com a sua previsível ascensão, podem afetar o processo de decisão parlamentar? Dependerá da coesão do bloco central, do peso dessas direitas e da sua capacidade de entendimento. Não se sabe se haverá uma reconfiguração, ou fusão. Mas uma análise das posições dos diferentes partidos radicais mostra que são muito coesos em temas como imigração, mas divergentes em matérias económicas, entre forte protecionismo e ultraliberalismo.

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