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Setor do turismo "está a pagar melhor", diz secretária de Estado

O setor do turismo empregava cerca de 400.000 pessoas em 2018, mas perdeu mais de 100.000, devido à pandemia, tendo atualmente em falta entre 45.000 a 50.000 trabalhadores.

26 de Setembro de 2022 às 17:55
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A secretária de Estado do Turismo disse esta segunda-feira que as empresas do setor, que enfrenta um problema de falta de mão-de-obra, estão a fazer "um esforço muito grande" e estão já a pagar melhores salários.

"Há uma aceleração muito elevada por parte das remunerações médias no setor do turismo, que nesta altura tem uma aceleração que é dupla face aos outros setores da atividade, ou seja, há aqui recuperação para tentarmos, de alguma forma, remunerar melhor no setor", disse a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, em entrevista à agência Lusa, referindo-se a dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que confirmam, disse, que o "setor está a pagar melhor".

Segundo dados do INE, no trimestre terminado em junho de 2022, a remuneração bruta base dos trabalhadores do alojamento, restauração e similares era em média de 752 euros mensais, o que representava um aumento de 3,9% face ao mesmo período do ano anterior. Já a remuneração bruta total destes trabalhadores, naquele período, era segundo o INE de 907 euros, mais 7% do que no segundo trimestre de 2021.

Relativamente aos acordos de mobilidade assinados com seis dos oito países (além de Portugal) da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), para facilitar a vinda de trabalhadores para o setor turístico, Rita Marques adiantou que há uma deslocação a Cabo Verde agendada para entre 20 e 22 de outubro, que será o "primeiro passo" para incentivar essas contratações.

"Esperamos que, na sequência dessa visita de trabalho, dessa missão empresarial, possamos trazer alguns trabalhadores connosco", afirmou a secretária de Estado.

Além da CPLP, o turismo português está também a trabalhar com outros 10 países, como por exemplo Marrocos, Índia ou Indonésia, que, segundo a governante, "mostraram mais disponibilidade para, de alguma forma, replicar estes acordos de mobilidade".

"Trata-se de processos morosos, complexos também porque, enfim, estamos a envolver aqui uma comunidade intensa de países, mas estou confiante de que, muito em breve, teremos bons resultados", realçou a secretária de Estado.

O setor do turismo empregava cerca de 400.000 pessoas em 2018, mas perdeu mais de 100.000, devido à pandemia, tendo atualmente em falta entre 45.000 a 50.000 trabalhadores.

"Muitos fugiram do setor do turismo, porque é sempre muito difícil conciliar esta atividade e vida pessoal com a vida profissional e, portanto, enfim, outros valores mais altos provavelmente se levantaram [depois da pandemia] e muitos destes profissionais acabaram por ser assediados por outros setores, designadamente pela logística, pela indústria", apontou.

Para Rita Marques, a solução passa também por valorizar estes profissionais, "ajudando" as empresas "a poder pagar melhor, para garantir que estes trabalhadores possam se sentir devidamente remunerados, nutridos, acarinhados" pelo setor.

Questionada sobre as consequências que o contexto atual de inflação alta e diminuição do poder de compra poderá ter no setor, a secretária de Estado admitiu que as viagens são muitas vezes preteridas face a outras despesas consideradas mais prioritárias, mas destacou que Portugal, que já "não é um destino barato", tem uma "oferta muito competitiva".

A secretária de Estado descartou também o risco de se voltar a ser um destino turístico de baixo custo, devido à crise.

"Neste momento, Portugal é visto com uma marca muito forte, também a nível turístico, de qualidade extraordinariamente elevada e, portanto, com uma capacidade de resposta de excelência. [...] Esse caminho tem vindo a ser feito, no sentido de prestarmos serviços com maior qualidade e naturalmente cobrando mais", apontou.

Rita Marques referiu que, atualmente, em média, cada turista gasta cerca de 1.035 euros em Portugal, o que faz com que o país compare "muito positivamente" com outros países, como a Itália, Espanha, ou Grécia.

"Manter-nos-emos atentos, tentando estimular os mercados -- e aqui uma particular atenção não só aos três mercados emissores mais importantes -- a Espanha, Alemanha e o Reino Unido --, mas a outros que possam também ajudar-nos a trazer mais turistas para Portugal", garantiu.


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