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Gigante hoteleiro põe Mercure na francesinha original do Porto

A Accor abriu um hotel de 83 quartos no prédio que albergava o histórico restaurante que inventou a francesinha, fechado em 2018. O diretor adianta ao Negócios que a Regaleira vai reabrir a poucos metros com uma gestão independente.

05 de Novembro de 2020 às 13:39
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É no exato local onde em 1952 o ex-emigrante Daniel David Silva inventou a francesinha, na cozinha do histórico restaurante Regaleira – encerrou a 31 de maio de 2018 na sequência do acordo para a revogação do contrato de arrendamento e com o proprietário a vender o edifício –, que se situa a entrada e a área da receção do mais recente hotel da cidade do Porto.

 

Localizado na Rua do Bonjardim, a poucos metros do Teatro Rivoli, o Mercure Porto Centro Aliados arranca com 14 funcionários a tempo inteiro. Conta com 83 quartos de várias tipologias e promete ser um "verdadeiro refúgio de paz" na Baixa, incluindo um jardim interior com terraço, uma piscina aquecida, uma zona de bar inspirada na arquitetura e cores da Invicta e um espaço de refeições ("Sítio Esquecido") dedicado à "descoberta da herança e gastronomia" portuense.

 

 

Inspirada na "croque monsieur", uma tosta quente com queijo e presunto, a francesinha original da Regaleira era confecionada em forno a lenha, com carne assada e pão bijou. Fundada em 1934 e gerida sempre pela mesma família, esta casa ainda entrou na lista de estabelecimentos classificados como "Porto de Tradição", criada pela autarquia para proteger os negócios mais antigos sobretudo da pressão imobiliária, mas isso não impediu o fecho de portas e o despedimento dos 12 funcionários.

 

A Regaleira reabrirá a poucos metros de distância. Temos uma fachada comum, mas os dois estabelecimentos são totalmente independentes, em termos de investimento e funcionamento. Thomas da Costa, diretor do Mercure Porto Centro Aliados

 

Francisco Passos, neto do criador do petisco, sócio e um dos gerentes do restaurante, dizia nessa altura ter "esperança em criar as condições económicas e financeiras necessárias para fazer [renascê-la] num futuro próximo". Volvidos dois anos e meio, o diretor do hotel, Thomas da Costa, adiantou ao Negócios que a Regaleira "reabrirá a poucos metros de distância", "no mesmo edifício" desta unidade turística. "Temos uma fachada comum, mas os dois estabelecimentos são totalmente independentes, em termos de investimento e funcionamento", acrescentou, sem detalhar a data de abertura ou quem vai ficar com a gestão do projeto.

 

Do Bolhão até Fátima

 

Operada em regime de franchising, esta é a sétima unidade da marca de hotéis de gama média do grupo Accor em Portugal, juntando-se às que tem em funcionamento em Braga, Vila Nova de Gaia, Figueira da Foz, Lisboa e Almada. Em carteira está ainda a abertura de outro Mercure em Fátima, o que fará subir para 38 o número de hotéis do gigante francês em território português, distribuídos pelas marcas Sofitel, Novotel, Mercure e Ibis.

 

Quase metade destas unidades hoteleiras são franchisadas. É o caso do Ibis Porto Centro Mercado do Bolhão, a cargo do grupo imobiliário do empresário Laurent Gauze, que gere mais de uma dezena de hotéis do grupo em França, Espanha e Portugal. Abriu em junho de 2020 num edifício reabilitado na Rua Sá da Bandeira, soma 89 quartos e foi o primeiro projeto da marca a nível europeu a surgir com o novo design Plaza.

 

"Apesar das circunstâncias e do contexto incerto, o nosso grupo de franchisados pretendia manter a abertura do hotel, uma vez que a fase de construção estava a chegar ao fim e as equipas já estavam empenhadas. (…) Este novo contexto representa um desafio adicional que todos estamos a aprender a enfrentar juntos. (…) A abertura de um hotel neste momento revela que o Grupo Accor continua a sua aposta em Portugal", destacou Thomas da Costa, diretor do Mercure Porto Centro Aliados.

 

Encurtar reservas e dormidas

 

Questionada sobre as previsões de ocupação neste novo hotel, a diretora de Operações e Franquia do Grupo Accor para Portugal e Espanha reconheceu ao Negócios que "levará algum tempo até que a atividade hoteleira recupere ao nível de anos anteriores". Dizendo ser "difícil avançar com previsões", Neus Arrèbola acrescentou que esta "tem sido uma oportunidade para repensar a forma de trabalhar, a oferta aos clientes e como a atividade da hotelaria vai poder viver com a realidade atual e projetar o futuro".

 

O segmento MICE [Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions], sobretudo internacional, será um dos mais lentos a recuperar. Neus Arrèbola, a diretora de Operações e Franquia do Grupo Accor para Portugal e Espanha

 

O turismo é um dos setores mais afetados pela pandemia de covid-19 e na hotelaria isso traduz-se num "decréscimo nas reservas, em particular nos mercados emissores internacionais". "Prevemos que o setor recupere pouco a pouco, primeiro o mercado doméstico e a partir do próximo ano o mercado internacional. O segmento MICE [Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions], sobretudo internacional, será um dos mais lentos a recuperar. O ‘lead time’ de reserva será bastante mais curto e as viagens ‘short-break’ ganharão protagonismo", conclui a responsável ibérica do grupo Accor, que tem um total de 5 mil hotéis e residências em 110 países e faturou mais de quatro mil milhões de euros em 2019.

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