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DBRS: Portugal é quarto país da Zona Euro mais vulnerável à queda do turismo
No Sul da Europa, só a Grécia, Chipre e Malta revelam maiores vulnerabilidades do que Portugal à queda do turismo no atual contexto da pandemia, refere a agência de rating canadiana DBRS Morningstar.
Portugal e o quarto país mais vulnerável, na Zona Euro, à queda do turismo externo decorrente da covid-19, constata uma análise da agência de notação financeira DBRS.
Segundo o estudo, a que o Negócios teve acesso, são os países do Sul da Europa que se revelam mais vulneráveis. Mais afetados do que Portugal estão a Grécia, Chipre e Malta.
"Com a época das férias de verão a chegar ao fim na Europa, tornou-se evidente que a covid-19 impactou substancialmente a indústria do turismo, após décadas de crescimento estável", refere.
As medidas para conter a disseminação do coronavírus, nomeadamente as restrições à circulação e as proibições de viajar, cortaram fortemente os fluxos turísticos, acrescenta a DBRS, que considera muito relevantes estas conclusões, atendendo a que a Europa é um dos principais destinos das viagens internacionais e tendo em conta que o turismo é um setor chave de rendimento e emprego na região.
Segundo a Organização Mundial de Turismo, a Europa é a região mais visitada do mundo, recorda a DBRS.
"Na Zona Euro, os países do Sul da Europa, como Chipre, Grécia, Itália, Malta, Portugal e Espanha, representam a maioria das chegadas internacionais totais, beneficiando de uma combinação de características atrativas: clima favorável, praias acessíveis, importantes locais históricos e boas infraestruturas", destaca a DBRS.
No quadro elaborado, em que se avalia a vulnerabilidade do setor das viagens e turismo na Zona Euro, num contexto de covid-19 – que a DBRS diz não pretender que seja usado como guia metodológico, mas sim como uma ferramenta de fornecimento de dados num único indicador de avaliação geral –, a agência destaca o facto de não ser de surpreender que os países do Sul da Europa seja os mais vulneráveis à atual crise.
Fonte: DBRS Morningstar e várias outras fontes de dados a que a agência de rating recorreu.
"Na perspetiva da DBRS, quanto mais tempo se mantiver esta situação epidemiológica, maior será o risco de as indústrias das viagens e turismo nestes países sofrerem danos mais prolongados, resultando em permanentes perdas de emprego e no encerramento de empresas", sublinha.
"Mesmo depois de as restrições às viagens terem sido em grande medida levantadas, em muitos países, o receio de viajar poderá continuar a manifestar-se durante mais tempo", considera a agência.
Para avaliar a importância do turismo em cada país da Zona Euro e, por conseguinte, o potencial risco para a retoma económica, a DBRS avaliou determinados fatores, sobretudo estruturais, relacionados com o turismo e as viagens ao estrangeiro, que poderão ajudar a interpretar o impacto da atual situação.
A comparação de uma variedade de fatores está inserida em quatro secções – a importância do turismo para a economia, emprego e comércio; os gastos do turismo estrangeiro e as chegadas de fora da União Europeia nas zonas onde as restrições às viagens foram mais amplamente aplicadas; indicadores que poderão indicar riscos para o desemprego estrutural, decorrentes de fatores como a temporalidade e os baixos níveis de emprego; e a competitividade, que pode indicar níveis de desenvolvimento e atratividade para os turistas.
Os fatores foram uniformizados em torno da mediana, e sumarizados, de modo a permitir comprar as classificações entre países, explica ainda a agência.
E as conclusões são claras: as economias do Sul da Europa são mais vulneráveis à contração no turismo – que é uma sustancial fonte de rendimento e de emprego para países como Portugal, Espanha, Grécia, Itália, Chipre e Malta.
"Em contraste, usando as mesmas métricas a Alemanha, Bélgica, Finlândia, França e Eslováquia são menos vulneráveis à crise do turismo", realça o estudo dedicado aos países da Zona Euro.