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TAP não constava da pasta de transição entre ministros das Finanças

O antigo ministro das Finanças, Mário Centeno, assegurou ainda que só soube dos fundos Airbus “recentemente pelas notícias”.

André Kosters/Lusa
05 de Junho de 2023 às 19:12
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Mário Centeno, antigo ministro das Finanças, revelou na comissão parlamentar de inquérito à TAP que o dossiê relativo à companhia aérea  "não constou da pasta de transição" entre o governo PSD/CDS para o PS.  "A resposta é não", respondeu de forma peremptória ao deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, questionado sobre se a TAP integrava as pastas passadas por  Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças do governo de Passos Coelho. 

"A pasta de transição na dimensão TAP era inexistente, nem pens, nem dossiês, não havia nenhuma referência à TAP na pasta de transição da ministra das Finanças do XX Governo [Maria Luís Albuquerque] para o ministro das Finanças do XXI Governo", reforçou.

Questionado sobre o processo que envolveu a privatização  em 2015, incluindo as cartas de conforto emitidas pela Parpública aos bancos credores da TAP aprovados nesse ano pelo governo PSD, explicou que a informação foi sendo prestada faseadamente às Finanças à medida que se negociava a recompra. "Mas era conhecimento do ministério esta informação", assegurou.



Mário Centeno, que foi ministro do governo de António Costa entre novembro de 2015 a 15 de junho de 2020, assegurou ainda que só soube dos chamados fundos Airbus recentemente pela comunicação social. "Eu ainda não sei muito bem o que se passou, na verdade", referiu, defendendo que não se consegue lembrar do dia exacto que ficou a par do tema. "Eu soube da existência desse mecanismo muito recentemente", quando foi noticiado, reforçou.  

Na base da polémica  estão suspeitas de a companhia ter pago mais pelos aviões do que os concorrentes e de que o dinheiro ganho com esta operação terá sido usado por David Neeleman  - que venceu a privatização da TAP em 2015 - para entrar no capital da companhia aérea.

No final do ano passado, o então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, revelou que o Governo tinha enviado para o Ministério Público (MP) a auditoria realizada pela administração da TAP à compra de aviões durante a gestão de David Neeleman. 

Na altura, a TAP desistiu do contrato para o leasing de 12 aeronaves A350 que tinha com a Airbus e celebrou um novo contrato com a mesma empresa para a compra de 53 novos aviões. 

O mistério dos 55 milhões de Neeleman

Sobre os 55 milhões de euros pagos a David Neeleman para sair do capital da empresa, em 2020, Mário Centeno juntou-se ao coro de vozes que têm sido ouvidas na CPI e disse não ter conhecimento sobre o tema. "Nesse momento, não tinha nenhuma responsabilidade governativa. Não tenho nenhuma visibilidade sobre esse processo e seria especulativo falar sobre o tema", sustentou.

O atual governador do Banco de Portugal garantiu ainda que até à data da sua saída de funções, 15 de junho de 2020,não teve conhecimento do tema. "Mem eu nem os meus secretários de Estado, os tais em que deleguei competências  [Ricardo Mourinho Félix e Álvaro Novo]  participaram em reuniões conducentes à aquisição de participações sociais  de privados na TAP". Por isso, "uanto tempo levou a negociar e como se negociou, não sei responder", acrescentou.

A proposta para avançar com a comissão de inquérito foi feita pelo Bloco de Esquerda e foi aprovada a 3 de fevereiro, com a abstenção do PS e PCP e os votos a favor dos restantes partidos, após ter sido noticiado que Alexandra Reis tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros quando saiu da TAP em Fevereiro de 2022.

(Notícia atualizada às 21h42)

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