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Rota Lisboa-Madrid no top 10 das mais movimentadas em 2023
Com mais de 2,3 milhões de lugares disponíveis, a rota ficou entre as 10 mais movimentadas na região Europa, Médio Oriente e África. Todas as outras na lista são geograficamente distantes ou intransponíveis por outro meio de transporte.
No ano passado, a rota Lisboa-Madrid ficou no top 10 das mais movimentadas na região Europa, Médio Oriente e África (EMEA), de acordo com os dados da OAG, consultora que agrega estatísticas sobre a aviação comercial no mundo inteiro. Uma posição justificada com a falta de ligações através de outros meios de transporte, como a ferrovia, explicou ao Negócios o diretor da SkyExpert, Pedro Castro.
Analisando os números divulgados pela OAG, o responsável começa por destacar que a avaliação baseia-se em ligações entre aeroportos e não entre cidades, “caso contrário Londres com seis aeroportos e Paris com três, teriam outro posicionamento”, lembra.
Outro ponto elencado pelo diretor da consultora portuguesa especializada em transporte aéreo prende-se com o facto de “a unidade do ‘ranking’ ser a capacidade (número total de lugares disponíveis) e não o número de frequências ou de passageiros efetivamente transportados”. No total, ao longo de 2023, a rota que liga Lisboa e Madrid somou mais de 2,3 milhões de lugares disponíveis. A rota que ocupa o primeiro lugar, Cairo-Jeddah, ultrapassou os 4,7 milhões. Dubai-Riyadh e New York JFK-London Heathrow encerram o pódio com 3,9 milhões e 3,8 milhões de lugares, respetivamente. Dubai-Jeddah (3,1 milhões) e Dubai-London Heathrow (2,9 milhões) fecham o top 5.
“Se olharmos para as estatísticas de há algumas décadas, ParisLondres, Bruxelas-Paris ou Amesterdão-Londres estariam no topo da lista”, referiu Pedro Castro. O que mudou? “A Europa evoluiu em termos de transportes alternativos e conseguiu atrair os passageiros aéreos para a ferrovia. É por isso que todas as rotas deste top 10 têm algo em comum: são geograficamente distantes ou intransponíveis por outro meio de transporte. Todas, exceto uma: Lisboa-Madrid”, reforçou. “É um claro sinal e uma consequência do nosso atraso e é também um ponto importante da agenda climática que claramente não estamos a cumprir”, lamentou.
Mas, segundo o diretor da consultora, os problemas não ficam por aqui. “Com exceção da EasyJet e da Ryanair, a rota Lisboa-Madrid assemelha-se mais a um campo de batalha entre TAP, Iberia e Air Europa que “roubam” mutuamente passageiros em transferência (cerca de 50% dos viajantes) através do preço”, criticou. Por isso é que “para um português, é mais barato viajar de Lisboa para São Paulo ou Nova Iorque via Madrid e para um espanhol é mais barato fazê-lo via Lisboa do que voar nos respetivos voos diretos”, comentou.
Pedro Castro vai mais longe, referindo ainda que esta “guerra comercial” tem “um elevado custo ambiental porque acrescenta emissões de forma desnecessária e, ainda por cima, é vendida como sendo mais barata. Vai totalmente contra o princípio do poluidor-pagador e não se resolve com um segundo aeroporto”, apontou.
O consultor entende que as perspetivas para 2024 “não são melhores”, até porque, sem alternativas, “Lisboa continuará a oferecer 20 voos por dia para Madrid, fazendo desta rota a número 1” com partida da capital portuguesa.