O pedido de protecção de credores apresentado esta quinta-feira pela companhia aérea norte-americana Republic Airways poderá colocar em causa milhões de euros em encomendas de aeronaves aos fabricantes Embraer e Bombardier.

A empresa, que opera rotas regionais nos EUA para grandes companhias aéreas (American Airlines, Delta Air Lines e United Continental) naquele mercado, apresentou-se em insolvência num cenário de queda de lucros e de falta de pilotos, embora garanta que vai manter a operação enquanto reestrutura a sua actividade.

O recurso a protecção de credores deixa num limbo as encomendas feitas a dois dos maiores fabricantes mundiais de aviões e está a ter reflexo na sua cotação em bolsa.

A Republic é um dos maiores compradores da canadiana Bombardier, a quem encomendou 40 jactos CS300 em 2010 com opção de compra de mais 40, num valor que poderia totalizar 6,34 mil milhões de dólares (5,8 mil milhões de euros). Já a brasileira Embraer tinha, no final de 2015, 28 jactos E175 na lista de encomendas feitas pela empresa.

"Acredito que não há hipótese de aceitarem essa encomenda [da Bombardier] ", disse ao Business Insider o analita Vinay Bhaskara, da Airways News. "Mas dá-lhes a possibilidade de transferirem ou cancelarem o contrato", acrescentou.

As companhias regionais operam metade do total de voos internos realizados nos EUA e a Republic Airways, com seis mil trabalhadores  serve mais de 1.200 voos por dia para 100 cidades dos EUA e Canadá. Esta é a maior companhia a recorrer a protecção judicial desde a American Airlines, em 2011.

As acções da Republic Airways afundam 74,08% para 0,89 dólares às 16:10. Os títulos da Embraer recuam 1,53% para 29,72 reais depois de terem caído mais de 4% durante a sessão. Os papéis da Bombardier são os que mais reflectem a incerteza em relação às encomendas: caem 6,02% para 1,01 dólares canadianos, quando já estiveram a perder mais de 13% ao longo do dia.