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França quer lançar em 2035 um avião a hidrogénio com "emissões zero"
Além das medidas de emergência, o plano de apoio à aeronáutica por parte do governo francês – avaliado em 15 mil milhões de euros pelo ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, visa colocar a aeronáutica francesa numa posição de ponta na transição energética. E com um objetivo ambicioso: um avião a hidrogénio, com "zero emissões de CO2", a partir de 2035.
Um avião "verde", a hidrogénio, sem emissões de dióxido de carbono – é o que França visa ter nos ares a partir de 2035, segundo o anúncio feito hoje pelo governo.
"Se cada crise constitui uma oportunidade, a crise mais grave da história da aeronáutica poder ser uma ocasião para o setor acelerar uma das maiores mutações tecnológicas da sua história. É essa, de qualquer das formas, a ambição demonstrada pelo governo francês na apresentação, esta terça-feira, do plano de relançamento da aeronáutica", sublinha o jornal Les Echos.
Além das medidas de emergência, como a possibilidade dada às companhias aéreas clientes da Airbus de diferirem as suas encomendas e o prolongamento das medidas de lay-off para evitar despedimentos em massa, este plano no valor de 15 mil milhões de euros visa, segundo Bruno Le Maire, fazer da aeronáutica francesa a líder mundial do transporte aéreo "descarbonizado" e da transição energética.
Esta ambição passará por um enorme esforço de investigação e desenvolvimento (I&D), a fim de França poder lançar em 2035 o seu primeiro avião "verde" – ou seja, antes dos concorrentes americanos e chineses. Mas passará também por uma modernização profunda das cerca de 1.300 empresas francesas do setor, assim como na forma como serão concebidos e fabricados os aviões futuros.
O plano em marcha para o avião verde, detalhado pela ministra da Transição Energética e dos Transportes, Elisabeth Borne, comporta várias etapas. A primeira será lançar o "sucessor do Airbus A320", "com o objetivo de reduzir em 30% o seu consumo de combustível", ao mesmo tempo que se prepara a etapa seguinte: "a passagem ao hidrogénio em 2035".
Um primeiro protótipo deverá ver o dia "algures entre 2026 e 2028", sublinhou Elisabeth Borne.
"Deverá igualmente ser concebido um novo avião regional híbrido "antes do fim dessa década, bem como outros aparelhos, helicópteros e drones, mais limpos em matéria de combustível", acrescentou a ministra. "Será uma aceleração de 10 anos em relação ao que tinha sido anunciado pelos industriais da fileira para 2045".
Para acompanhar esta transformação ecológica, o plano do governo prevê um investimento de 1,5 mil milhões de euros até 2022, a fim de participar no financiamento dos diferentes projectos de I&D identificados pelos próprios industriais do setor, no âmbito do Conselho para a Investigação Aeronáutica Civil.