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Delta Air Lines está a despedir-se do Boeing 747
A companhia norte-americana United vai retirar o mítico Boeing 747 da sua frota e tem estado a fazer viagens de despedida. É a última companhia americana ainda a contar com o Jumbo na sua operação.
Um dos aviões mais marcantes da aviação moderna, o Boeing 747, está a chegar ao fim da sua operação comercial. A Delta Air Lines, única companhia norte-americana que ainda tem a "Rainha dos Céus" em operação, está a fazê-la voar até final do ano. O suposto último voo comercial estava marcado para o próximo domingo, 17 de Dezembro, entre Seul, na Coreia do Sul, e Detroit, mas ainda será necessário fazer outro.
A Delta, que ainda tem quatro Boeing 747 em serviço, colocou os lugares desta última jornada à venda através de um leilão no qual os potenciais passageiros só podiam licitar com milhas da companhia. Porém, devido a "razões operacionais" e por falta de aeronaves, a última viagem comercial do 747 fica marcada para dois dias depois, a 19 de Dezembro, igualmente entre Seul e Detroit, onde se localiza um dos "hubs" da companhia.
Além destes voos, a Delta vai ainda organizar uma "tour" de despedida exclusivamente para os seus funcionários (incluindo já aposentados), levando a aeronave a voar entre Detroit e Seattle a 18 de Dezembro (próxima segunda-feira), com paragem intermédia em Everett, Washington, local onde a aeronave foi montada. Depois, a viagem continua para Atlanta no dia 19 e termina em Minneapolis no dia 20.
Nesse dia, outro 747 da Delta vai voar até Los Angeles, para os funcionários que trabalham no maior aeroporto da Califórnia se poderem despedir do primeiro Jumbo da aviação. Os funcionários e reformados vão poder comprar bilhetes com um "desconto significativo". Os 747 da Delta vão ainda transportar "um conjunto de equipas desportivas" e fazer alguns voos charter até 31 de Dezembro, informou a companhia.
No início de Janeiro, os 747 vão voar até ao seu destino final, um cemitério de aviões no Arizona, mas estas viagens não vão levar passageiros a bordo.
A decisão de "encostar" o 747 – que este ano também foi tomada pela United e pela holandesa KLM – surge numa altura em que as companhias de aviação se têm voltado para aviões mais pequenos, com apenas dois motores em vez de quatro, que são mais eficientes e têm custos por passageiro bem mais baixos devido aos menores consumos de combustível. Estes aviões – como o Boeing 777 ou o Airbus A350 – têm a mesma autonomia que os Jumbos (ou até mais), e como têm menos lugares, são mais fáceis de encher.
A CNN escrevia, a 19 de Julho deste ano, que o 747-8 entregue à Korean Airlines no início desse mês foi "muito provavelmente" o último a ser construído. E cita o vice-presidente da Boeing, Randy Tinseth, a dizer que, "francamente, não vemos grande procura para aviões muito grandes".
Uma história com 49 anos
Muitos, muitos anos antes de a Airbus ter sequer pensado em construir o Airbus A380 (que começou a voar em 2007), a Boeing começou a trabalhar num projecto inovador, por sugestão do dono da Pan Am: por que não construir um grande avião comercial que transportasse mais de 400 passageiros? A ideia passou à realidade em 1968, quando foi apresentado o primeiro protótipo. A (entretanto extinta) Pan Am foi a primeira companhia a voar o 747, em Janeiro de 1970.
Chegou a haver planos para fazer um avião com dois andares, mas a preferência da Boeing recaiu num avião mais largo em vez de mais alto – e assim o 747 foi o primeiro avião de fuselagem larga ("wide body") da história da aviação. Sobrou um pequeno grande problema na versão de carga da nova aeronave: uma vez que o carregamento do avião era feito pelo nariz, não havia espaço para colocar o cockpit.
A solução foi criativa e fez do 747 um ícone, com uma silhueta única: os engenheiros e designers colocaram uma pequena "bossa" no topo da aeronave, onde foi colocada a cabine de pilotagem e um espaço generoso com vários lugares, que funcionou como uma espécie de segundo andar.
Recorde-se que a TAP chegou a contar com quatro Boeing 747 na sua frota, que foram particularmente úteis na Ponte Aérea de 1975 entre Angola e Lisboa, pouco antes da independência das ex-colónias, estimando-se que nesse período tenham sido transportados mais de 100 mil passageiros.