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Comissão de trabalhadores da TAP avisa para "pontas soltas" na Manutenção Brasil
A presidente da comissão de trabalhadores da TAP, Cristina Carrilho, foi ouvida na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da companhia aérea, acusando David Neeleman de "negociatas".
A coordenadora da Comissão de Trabalhadores da TAP, Cristina Carrilho, avisou na comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea que há "muitas pontas soltas" relativamente ao encerramento da Manutenção Brasil, empresa que foi responsável durante varios anos por uma parte importante dos prejuízos do grupo TAP.
"A operação já terminou, portanto [a Manutenção Brasil] já não está a operar, mas ainda hoje existem pontas soltas", afirmou Cristina Carrilho. "Existem indemnizações a pagar, acordos a fazer, tem de se verificar se nas Finanças está tudo pago ou não de impostos, se não há nada que depois, mais tarde, não venha morder no rabo da TAP".
"A manutenção Brasil, como todos sabemos, era um buraco sem fundo, era um buraco negro, acho que seria a maior contribuição para os resultados negativos da TAP, e o que nos dizem é que realmente aquilo era muito difícil, a lei federal [brasileira] é muito apertada".
Por isso, acrescenta, "o encerramento tem de ser feito com muito cuidado e muita atenção, porque senão pode haver depois consequências para a TAP". "Não digo agora mas daqui a uns anos, é o que nos dizem", respondeu Cristina Carrilho.
As "negociatas" que serviram para "meter dinheiro ao bolso"
Cristina Carrilho afirmou ainda, sobre o polémico negócio que envolveu David Neeleman, que serviu para alguém "meter dinheiro ao bolso", mas não a TAP, dizendo mesmo ter sido uma "negociata" para que a TAP, "em vez dos [doze] A350, recebesse os [53] Neo - e os A350 iam para a Azul".
"Os meandros do negócio, os valores, quanto é que isto envolvia, nunca soubemos", ressalva a presidente da comissão de trabalhadores. Mas reitera a posição que já tinha tomado sobre o assunto: "Nós dissemos na altura que, com certeza, nesta negociata alguém estava a meter dinheiro ao bolso e não era a TAP. E agora comprova-se que efetivamente, e aparentemente, isso aconteceu. Mas já na altura nós dissemos que era o que estava a acontecer", afirmou Cristina Carrilho. "Só que infelizmente ninguém acredita na comissão de trabalhadores", lamentou.
Questionada ainda sobre a prestação de serviços para consultoria com Fernando Pinto, antigo administrador, que envolveu o pagamento de 60 mil euros por mês ao longo de dois anos, a presidente da comissão de trabalhadores referiu que já teria acontecido noutras ocasiões, com um antigo administrador financeiro, embora sem se recordar do nome em causa.