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Sindicato pede a Montenegro que não abdique do direito de travar venda da Altice Portugal

O Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Altice (STPT) considera “inaceitável” que o novo Governo ainda não tenha respondido ao pedido de reunião urgente e reforça o apelo para investidores nacionais avançarem com uma proposta de compra pela operadora incumbente.

Propostas vinculativas deverão chegar no mês de abril. Sauditas têm uma das ofertas mais altas pela Altice Portugal.
Miguel Baltazar
13 de Maio de 2024 às 12:23
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Farto de esperar por uma resposta do Governo ao pedido de uma reunião urgente para falar do futuro da Altice Portugal, o Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Altice (STPT) emitiu um comunicado a reforçar o apelo ao novo Executivo para avaliar os riscos da venda da operadora incumbente para a segurança nacional na área das comunicações. E deixa o pedido direto ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, para não abdicar do seu direito de oposição previsto na lei.


"No dia 8 de abril a direção do Sindicato solicitou uma reunião com a maior brevidade ao primeiro-ministro do novo Governo sobre a venda da Altice Portugal". Porém, até agora, não obtiveram "qualquer resposta à solicitação", lamenta a entidade sindical em comunicado. Uma situação que acham "incompreensível", dada "a relevância da Altice Portugal, quer do ponto de vista estratégico quer do ponto de vista económico e da própria defesa do interesse nacional". "É de todo inaceitável a falta de resposta", reforça.

O Sindicato reforça ainda a exortação aos investidores portugueses a fazer, em conjunto, uma oferta para aquisição da empresa. "Consideramos esta iniciativa mais uma questão relevante para que houvesse da parte do Governo o interesse em tal, e, a disponibilidade para o primeiro-ministro incentivar os empresários portugueses a tal iniciativa, dada a importância da empresa e os efeitos que poderão suceder se não forem salvaguardados os interesses da própria segurança das telecomunicações, dos trabalhadores e do país", explica o STPT.

Por todos estes motivos, o sindicato "espera que o Governo e o Sr. primeiro-ministro não abdiquem do seu direito de oposição e que façam cumprir a Lei quanto aos direitos dos trabalhadores, salvaguardando a importância que a operação da venda deverá ter". 

Apesar de se tratar de uma empresa privada, as telecomunicações são consideradas infraestruturas críticas, o que dá alguma margem ao Governo para intervir. Segundo o Decreto-Lei n.º 138/2014, de 15 de setembro, esta opção pode ser acionada caso se considere que a operação em causa "pode colocar em risco a segurança nacional ou o aprovisionamento do país em serviços fundamentais para o interesse nacional, nas áreas da energia, dos transportes e das comunicações". Ou se estiver em causa uma venda a "pessoas singulares e coletivas de países terceiros à União Europeia e ao Espaço Económico Europeu".


Neste caso, a legislação de defesa dos ativos estratégicos poderá aplicar-se, uma vez que na lista dos candidatos mais prováveis estão vários fundos e empresas externas ao bloco europeu. É o caso da Saudi Telecom, que neste momento estará sozinha na corrida, e do fundo norte-americano Warburg Pincus, em parceria com António Horta Osório, que pode voltar a posicionar-se na corrida.


A decisão de vender a Altice Portugal, que é considerada uma das mais rentáveis dentro da Altice Internacional (que agrega também o negócio na República Dominicana, em Israel e a Teads, a plataforma de publicidade), foi conhecida após a "Operação Picoas" revelar um alegado esquema que terá lesado o Estado e o próprio grupo em milhões de euros.

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