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Lucro dos CTT recua 24% para 20 milhões no primeiro semestre
O segmento de Expresso e Encomendas continua a suportar o crescimento das receitas dos CTT, tendo mais do que compensado a menor procura por certificados de aforro no primeiro semestre. Nova plataforma de subscrição online registou 5 mil contas só na primeira semana. Quanto ao correio, subiu 3,6% à boleia das eleições legislativas.
Os CTT fecharam o primeiro semestre com um resultado líquido de 19,8 milhões de euros, uma queda de 24% face ao mesmo período do ano passado, de acordo com o comunicado enviado esta segunda-feira à CMVM.
O EBITDA (resultados antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) também recuou 11,6% para 70,8 milhões de euros
As receitas operacionais subiram 9,1% para 524,3 milhões de euros, um crescimento impulsionada pelo segmento Expresso e Encomendas, mas que não mitigou o aumento dos gastos em 13,3% para 453 milhões de euros. A empresa justificou a subida dos custos com "o aumento da atividade de Logística, em especial o Expresso e Encomendas". Os gastos com pessoal também cresceram 8,9 milhões (+4,6%) no período, "essencialmente pelo reflexo do aumento salarial (+6,9 milhões e euros), incluindo o aumento do salário mínimo nacional", detalha o grupo.
O motor de crescimento dos proveitos continua a ser a área Expresso e Encomendas, que representa 40% do total das receitas do grupo. Os rendimentos operacionais de Expresso e Encomendas atingiram 210,4 milhões de euros, um crescimento de 48,9% impulsionado pelo aumento de tráfego na Península Ibérica em 53,5%- que superou os 63 milhões de objetos nos primeiros seis meses do ano - tendo o tráfego no segundo trimestre ficado perto dos níveis registados no quarto trimestre [peak season], que costuma ser o melhor do ano devido ao Natal.
No mesmo comunicado, os CTT relembram que o negócio de Espanha e Portugal tem sido uniformizado numa só oferta Ibérica, nomeadamente "através de homogeneização do portefólio de produto, abordagem comercial, segmentação de clientes e metodologia de preços". Além disso, nos restantes segmentos de clientes, assegura que têm tido "um forte crescimento, fruto duma estratégia comercial que dá prioridade à diversificação de clientes [entre os quais a Amaxon, Shein e Temu] e à expansão e granularidade da presença geográfica em Espanha". E face ao crescimento limitado do mercado em Portugal, devido ao tamanho, a empresa tem avaliado eventuais novas oportunidades de negócio nesta área no país vizinho.
Aliás, o aumento do segmento de encomendas mais do que compensou a queda nos serviços financeiros devido ao menor volume de colocação de dívida pública, depois de no ano passado - na mesma altura - ter havido uma corrida aos certificados de aforro. Esta área de negócios registou receitas de 73,3 milhões, que traduz uma queda de 31,3%.
A quebra na subscrição de certificados de aforro deveu-se à diminuição drástica dos limites máximos de aplicação por subscritor. Mas as perspectivas dos CTT para este ano são positivas: "Perspetiva-se que uma possível futura alteração das condições de comercialização venha a aumentar a subscrição deste produto".
Além disso,de forma a melhorar os resultados desta rubrica, os CTT lançaram um novo serviço de subscrição online de certificados de aforro, feito através da aplicação dos correios. Só na primeira semana desde o lançamento, a 18 de julho, a plataforma registou 5 mil contas.
A Logística, nova componente que os CTT passaram a incluir nos resultados atingiu 451 milhões de euros, um crescimento de 20,7%, atingindo um peso de 86% dos rendimentos totais da empresa liderada por João Bento.
Eleições impulsionam correio e banco soma clientes
Já os rendimentos de Correio tiveram um crescimento de 3,6% no semestre "fruto do bom desempenho do correio endereçado (+2,1%) e das soluções empresariais (+10%), detalha a empresa.
Os CTT detalham que o negócio de correio beneficiou no primeiro trimestre do tráfego gerado pelas eleições legislativas, mas foi prejudicado pelo menor número de dias úteis. No primeiro trimestre de 2024, existiram menos dois dias úteis face ao primeiro trimestre de 2023, em virtude da Páscoa este ano ter ocorrido no primeiro trimestre.
Por fim, os rendimentos operacionais do Banco CTT atingiram 62,1 milhões até junho, um aumento de 2,6%, com a margem financeira a ascender a 47,9 milhões , uma melhoria de 4,1%.
"Os juros recebidos aumentaram 28,3 milhões face a igual período do ano anterior, beneficiando da subida de taxas de juro e do crescimento de volume", equanto os juros pagos "aumentaram 26,5 milhões devido ao aumento das taxas de remuneração dos depósitos dos clientes e securitizações de crédito automóvel", detalha a empresa liderada por João Bento que em entrevista à Bloomberg não exclui alienar o capital do banco, deixando de ser o acionista maioritário. O Negócios sabe que tem havido manifestações de interesse, mas não há nenhuma negociação em concreto em curso.
No comunicado enviado à CMVM, a empresa informa ainda que excluindo o impacto da saída da parceria do cartão Universo o crescimento dos rendimentos operacionais teria sido 15,9%.
No final do primeiro semestre, o número de contas à ordem do Banco CTT atingiu 667 mil, mais 20 mil do que em dezembro de 2023.