Notícia
Há 14 mil telemóveis sob escuta em Portugal
No último ano, as autoridades portuguesas mantiveram sob escuta 14.390 telemóveis, mais três mil do que em 2011. Suspeitos de crime económico e narcotráfico são os mais visados.
Abaixo do recorde de 2015, quando foram realizadas 15.441 interceções telefónicas, mas mais de três mil acima das registadas em 2011, no último ano as autoridades portuguesas mantiveram sob escuta 14.390 telemóveis, de acordo com os dados da Polícia Judiciária (PJ) a que o Expresso teve acesso e que revela na sua edição deste sábado, 1 de junho.
Isto não significa que tenha havido 14.390 pessoas a terem os seus telemóveis sob escuta, porquanto há mais aparelhos do que utilizadores a verem as suas comunicações intercetadas.
É que, como ressalva o semanário, na criminalidade organizada, a mais visada por esta ferramenta de investigação, os cabecilhas mudam de cartão e de telemóveis com muita frequência, com o objetivo de evitar que as conversas sejas ouvidas pelas autoridades.
É aos juízes de investigação criminal que cabe a decisão de autorizar estas escutas.
"Os magistrados são, regra geral, muito avessos a dar luz verde a uma interceção telefónica. Ela não é fácil de obter e tem de ser muito bem fundamentada por nós. Não se usa e abusa deste instrumento", afiançou ao Expresso um investigador da PJ "com experiência nesta área".
Juristas ouvidos pelo semanário alertam para violação de direitos.
Portugal está no meio da tabela no "ranking" das interceções telefónicas. Um relatório da Vodafone de 2014, "inédito até hoje", garante o semanário, revelava que a Itália era entre os 29 países onde operava a operadora o que fez mais pedidos de escuta (140 mil), seguindo-se a Holanda (43 mil).