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Telegram diz que fundador detido em França "não tem nada a esconder"

Pavel Durov, conhecido como o "Mark Zuckerberg da Rússia", foi detido no sábado em Paris. Aplicação de mensagens, que fundou há uma década, tem mais de 900 milhões de utilizadores ativos em todo o mundo.

Pavel Dur4ov, fundador do Telegram
26 de Agosto de 2024 às 11:10
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O Telegram diz que o seu fundador, presidente executivo e proprietário, Pavel Durov, detido pelas autoridades francesas, por alegadas falhas na moderação de conteúdos naquela que figura como uma das aplicações de mensagens mais populares em todo o mundo, "não tem nada a esconder".

Em comunicado, a "app", com sede no Dubai, afirma que a sua moderação "está dentro dos padrões da indústria e em constante aperfeiçoamento" e sublinha estar a cumprir as legislação da União Europeia, incluindo a Lei dos Serviços Digitais, que entrou em vigor este ano e exige que as plataformas monitorizem mais de perto contéudos nocivos e a desinformação sob pena de serem penalizadas ao ponto de poderem mesmo ver a sua atividade restringida dentro do bloco dos 27.

O magnata russo Pavel Durov, de 39 anos, que vive no Dubai, foi detido no sábado depois de ter aterrado no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, a bordo do seu jacto privado, procedente de Baku, no Azerbeijão, segundo a agência de notícias France-Presse, num gesto que veio não só reabrir o debate sobre a liberdade de expressão, como também elevar a tensão com Moscovo.

O gabinete da procuradoria de Paris confirmou ter em curso uma investigação ao multimilionário que, de acordo com a imprensa francesa, estará a investigar se as falhas na moderação dos conteúdos por parte do Telegram ajudaram a facilitar atividades ilícitas, incluindo terrorismo, branqueamento de capitais, fraude ou exploração de menores

Este período inicial de detenção para interrogatório pode durar até um máximo de 96 horas. Uma vez terminado, o juiz de instrução decidirá se o liberta ou se apresenta acusação contra ele e o mantém sob custódia.

"É um absurdo afirmar que uma plataforma ou o seu proprietário são responsáveis pelos abusos dela", reagiu o Telegram. "Estamos à espera de uma rápida resolução desta situação. O Telegram está com todos vós", reforçou.

Fundado em 2013 por Pavel Durov e o irmão Nikolai, um programador e matemático, o Telegram, que figura no top 5 das app mais descarregadas em todo o mundo e se orgulha de ter desempenhado um papel proeminente em movimento pró-democracia, desde à Rússia, ao Irão, passando pelo Myanmar ou Hong Kong, superou este ano a barreira dos 900 milhões de utilizadores ativos em todo o mundo.

Pavel Durov tem sido conhecido como o "Mark Zuckerberg da Rússia", depois de ter cofundado a rede social mais popular do país, VKontakte, na sua terra natal, São Pertersburgo, em 2007. Sete anos mais tarde, deixou a Rússia depois de perder o controlo da empresa, por alegadamente ter recusado atender as exigências de Moscovo de aceder a dados dos utilizadores ucranianos que protestavam contra a administração pró-russa.

Apesar de ter dupla nacionalidade - dos Emirados Árabes Unidos e de França -, a sua origem russa levou vozes em Moscovo, incluindo de deputados, a reclamarem a sua libertação e a sugerir que a sua detenção foi politicamente motivada. Nos últimos anos, segundo escreve o Financial Times, Durov tentou distanciar-se da Rússia, face às críticas de que o Kremlin poderia ter ligações ou exercer algum tipo de influência sobre o Telegram.

"Ele pensou que os seus maiores problemas estavam na Rússia e foi embora... queria ser um brilhante 'cidadão do mundo', vivendo bem sem uma pátria", observou Dmitry Medvedev, antigo presidente russo e atualmente proemiente comentador de direita, no seu canal de Telegram. Mas "ele calculou mal. Para os nossos inimigos comuns ele ainda é russo - imprevisível e perigoso, de sangue diferente", acrescentou.

Segundo a estação France 24, a embaixada russa em Paris pediu acesso consular a Durov, mas declarou não ter obtido resposta, apontando que "o lado francês está a recusar cooperar", com a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia Maria Zakharova a indicar que como ele também tem cidadania francesa "a França considera ser essa a sua principal nacionalidade".

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