Notícia
Portugal já é um centro de serviços tecnológicos?
A Siemens inaugura esta sexta-feira, 4 de Abril, o centro de automação. É mais um centro de serviços que Portugal conquista. Mas já será Portugal um pólo tecnológico para as empresas estrangeiras?
As tecnológicas internacionais e nacionais, com presença em Portugal, há anos que tentam posicionar o País como centro “nearshore” para o investimento estrangeiro na área dos serviços. O Governo tem dito que Portugal se está a tornar num centro de serviços.
O "nearshore" é a prestação de serviços tecnológicos, a terceiros, de alta qualidade e a preços competitivos, a partir de Portugal para uma geografia próxima.
O ritmo ainda não é o desejado, mas as multinacionais continuam a escolher Portugal para ser ponto de distribuição de alguns dos seus centros de competência.
A alemã Siemens é a protagonista do investimento mais recente. A empresa reforçou a sua posição no mercado nacional, ao criar mais um centro de competências. Desta vez ligado à automação, prevendo empregar 150 trabalhadores.
A Siemens inaugura, esta sexta-feira, 4 de Abril, o novo Centro Global de Operações, vocacionado para a área do “corporate automation” [automação empresarial].
A tecnológica alemã, que implementou o primeiro centro em Portugal em 2005, prevê contratar, neste novo centro,150 profissionais qualificados, numa primeira fase, até ao fim de 2014, e mais 300 no próximo ano (segunda fase), sendo as áreas mais procuradas a engenharia eléctrica e electrónica, electrotécnia, computação, sistemas informáticos, telecomunicações, entre outras, como noticiou a Lusa.
Este novo centro vai reforçar a posição portuguesa como plataforma de tecnologias de informação e está vocacionado para a área do "corporate automation" e o desenvolvimento de "softwares" estratégicos para a organização da Siemens, que serão utilizados nos 196 países onde a multinacional alemã está presente, segundo a mesma fonte.
Esta será a 13ª unidade de exportação da empresa em Portugal, sendo que actualmente cerca de 40% dos colaboradores (cerca de 700) da Siemens Portugal já estão dedicados a estes centros de competências.
Na última década, os centros de competências da Siemens a funcionar em Portugal geraram mais de 400 milhões de euros de receitas, actuando nas áreas de energia, infra-estruturas, saúde e serviços partilhados e fornecendo serviços dentro do mundo Siemens para mais de 40 países nos cinco continentes, segundo a empresa.
Portugal como nearshore de investimento tecnológico
Os membros da Associação Portugal Outsourcing têm feito um esforço para posicionar Portugal como centro “nearshore” no âmbito do investimento tecnológico.
Desde um plano de acção para dirigir ao Governo, para melhorar a competitividade do mercado, até a “roadshows” por País que possam ser interessantes para Portugal, o esforço tem sido constante e os resultados têm aparecido aos poucos.
Um investimento recente é o da Cleverti que foi seleccionada pela Mantacore, fornecedora de soluções empresariais para o sector segurador, para estabelecer um centro de competência "nearshore" na área de Software Quality Assurance(SQA).
O centro de competência vai operar a partir das instalações da Cleverti em Portugal e oferece automatização de testes para o FlexSureTM, sistema de gestão de seguros desenvolvidos pela Mantacore, como revelou o AICEP.
Mas são muitas as outras multinacionais que encontraram em Portugal o palco para prestarem serviços para várias geografias.
O Governo e a Nokia Solutions Networks Portugal assinaram, em 2007, um protocolo para o desenvolvimento do novo centro de competências internacional (Global Service Center) para o sector das telecomunicações, que previa empregar cerca de 500 engenheiros até 2010 e que neste momento conta com 600 engenheiros.
O centro de competências da Fujitsu, em Lisboa, foi criado no início de 2008, com o objectivo de prestar serviços no domínio dos "Service Desks" para uma dezena de países. São cerca de 600 as pessoas que aqui trabalham “e o processo de contratação é contínuo”, uma vez que o espaço cresce tipicamente “5% ao ano ao nível dos recursos humanos”. Nesse sentido, o objectivo para 2014 é “chegar aos 900 colaboradores”, como noticiou o “Semana Informática”, citando Ana Lopes directora do centro.
Em 2009, era a vez da Ericsson assinar um acordo com o Governo para criar um centro de competências para redes de nova geração em Portugal e que iria empregar 150 trabalhadores altamente qualificados.
O protocolo de cooperação entre o Estado e a Ericsson previa ainda a criação de mais outros 150 postos de trabalho indirectos.
Três anos depois foi a vez da Altran olhar para Portugal como centro “nearshore”, na área das telecomunicações. A partir de Portugal, a empresa presta serviços para a Holanda, Suíça, França, Alemanha, Bélgica e Luxemburgo. De acordo com o “Semana Informática”, os projectos "nearshore" da Altran Portugal, em 2012, haviam atingido já um milhão de euros.
A SAP, em 2012, inaugurou o seu Centro Internacional de Serviços Tecnológicos dedicado à prestação de serviços de consultoria. A iniciativa envolve um investimento de 17 milhões de euros a três anos. Em 2014, a empresa contava ter nas infra-estruturas uma equipa de 300 consultores.
E não são só as multinacionais que estão a desenvolver este tipo de competências no mercado nacional. A portuguesa Bizdirect anunciou que o seu centro de competências ficará instalado no Campus do Instituto Politécnico de Viseu e pretende ser um centro de Inovação e Excelência em tecnologias Microsoft Dynamics CRM, SharePoint e BizTalk.
No primeiro ano, a empresa do universo Sonaecom vai contratar 30 colaboradores.
Na última análise da Portugal Outsourcing, a associação referiu que Portugal, nos últimos três anos, foi reconhecido pela Gartner como um dos 13 países do mundo com maior potencial para ser uma plataforma na área das tecnologias de informação e telecomunicações.