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Nvidia com contas robustas. "Guidance" abaixo das estimativas mais altas penaliza ações
A Nvidia fechou o segundo trimestre fiscal a superar as estimativas para os lucros e receitas. Os investidores parecem não ter ficado, por enquanto, convencidos, com as ações a caírem 5% no pós-mercado.
Ficou para o fim da época de resultados nos Estados Unidos, mas voltou a surpreender. A Nvidia alcançou, no segundo trimestre fiscal de 2025, receitas trimestrais de 30 mil milhões de dólares, ultrapassando o recorde do anterior trimestre, e registando uma subida anual de 122% e trimestral de 15%.
Este valor fica ainda acima das expectativas dos analistas, que esperavam 28,86 mil milhões de dólares, ou seja, uma diferença 4,1%. Esta é a margem mais pequena dos últimos seis trimestres. Isto com a aplicação das normas contabilísticas – a chamada GAAP.
Também os lucros GAAP superaram as perspetivas, ao ascenderem a 16.551 milhões de dólares, mais do que duplicando (168%) face ao período homólogo. Já os lucros por ação (EPS) ascenderam aos 67 cêntimos de dólar, acima das estimativas que apontavam para 65 cêntimos.
Todos os segmentos de atividade da fabricante de "chips" ultrapassaram as expectativas do mercado. As receitas provenientes de centros de dados atingiram 26,3 mil milhões de dólares, face a 25,08 mil milhões estimados; as de videojogos ascenderam a 2,88 mil milhões, face a 2,7 mil milhões previstos; e as de visualização profissional - que inclui os processadores de vídeo, chegaram aos 454 milhões, face aos 451,1 milhões antecipados.
Por sua vez, as receitas de "chips" automóveis atingiram 346 milhões de dólares, também acima dos 344,7 milhões estimados.
O "guidance" em termos de receitas para o atual trimestre fixou-se em 32,5 mil milhões de dólares, ultrapassando de forma ligeira as perspetivas, que eram de 31,9 mil milhões. Este crescimento vai ao encontro de um aumento do investimento por parte das grandes tecnológicas, como a Microsoft, Alphabet, Meta, e Tesla, visível nos relatórios de contas. Um sinal de que o apetite por "chips" de inteligência artificial continua elevado.
Este deverá ser um dos indicadores que está a penalizar as ações da tecnológica, uma vez que o "outlook" para o próximo trimestre ficou abaixo das estimativas mais elevadas dos analistas, que chegavam aos 37,9 mil milhões de dólares, uma métrica que a Nvidia tem conseguido quase sempre ultrapassar.
Muitas destas empresas aguardam o novo "chip" de inteligência artificial de próxima geração da Nvidia, com o nome de código Blackwell. A primeira previsão de entregas era em janeiro, mas foi entretanto adiada para a segunda metade do ano. Na apresentação de resultados, a empresa revela que já começou a distribuir algumas amostras do novo "chip" e que fez alterações ao produto para tornar o fabrico mais eficente.
"No quarto trimestre, esperamos conseguir receitas de vários milhares de milhões de dólares em 'chips' Blackwell", refere a CFO, Colette Kress, no documento. Também relativamente ao atual "chip" mais avançado que está a ser comercializado, o Hopper, a Nvidia revela que "a procura está robusta e é esperado que as entregas aumentem na segunda metade do ano fiscal de 2025".
A companhia anunciou ainda que aumentou a dimensão do seu programa de recompra de ações para 50 mil milhões de dólares e que da anterior autorização tem ainda 7,5 mil milhões.
Apesar dos resultados robustos, os investidores parecem não ter ficado convencidos, em particular comparando o "guidance" com as expectativas mais elevadas do mercado, com as ações a caírem mais de 5% no pós-mercado. No horário de negociação habitual, a Nvidia perdeu 2,1% para 125,61 dólares, a cerca de 10 dólares do máximo histórico atingido em junho nos 135 dólares. No acumulado do ano valoriza mais de 160%.
A "AI-darling" de Wall Street está avaliada em mais de três biliões, sendo a segunda maior empresa cotada no mundo, atrás da Apple.