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iPhone melhora a cada ano graças a uma desconhecida empresa japonesa
Após duas décadas de desenvolvimento, fabricantes de chips estão a fazer uma aposta cara numa tecnologia que vai colocar ainda mais transístores no silício. O seu sucesso pode depender de uma empresa pouco conhecida dos subúrbios de Tóquio.
A Lasertec é a única fabricante mundial de equipamentos que testa quadrados de vidro um pouco maiores do que uma capa de CD que funcionam como um molde para designs de chips. Quando a luz é projetada através desses quadrados, circuitos menores que a largura de alguns filamentos de ADN são impressos em pastilhas de silício num processo chamado litografia. Estes modelos precisam de ser perfeitos: o mais pequeno defeito pode inutilizar todos os chips do lote.
Os consumidores pressupõem que os aparelhos vão continuar a ficar mais finos, potentes e baratos, mas as empresas de chips não estão a encontrar novas maneiras de gravar padrões de circuitos cada vez menores no silício. Após anos de contratempos, o setor aposta na litografia com luz ultravioleta extrema (EUV, na sigla em inglês), que usa plasma como fonte de luz para desenhar linhas de menos de 7 nanómetros. Este é o tamanho do chip A12 Bionic da Apple, presente no iPhone XS e XR.
Em 2017, a Lasertec, com sede em Yokohama, no Japão, desvendou a última peça do quebra-cabeça quando criou uma máquina para verificar a existência de falhas internas em máscaras EUV virgens, o que lhe garantiu o monopólio. As ações da empresa triplicaram desde então.
A Lasertec já recebeu encomendas que totalizam quatro mil milhões de ienes (32 milhões de euros) das máquinas que testam máscaras EUV virgens, segundo o presidente da Lasertec, Osamu Okabayashi. A companhia poderá registar vendas adicionais já no terceiro trimestre, dependendo da rapidez com que a Samsung Electronics e a Taiwan Semiconductor Manufacturing aumentem a produção em massa, revelou o responsável.
"Passámos seis anos a desenvolver este equipamento", disse Okabayashi numa entrevista. "Neste momento, tornou-se um padrão do setor, e será muito difícil que alguém entre neste espaço."
Uma máscara EUV, com cerca de 80 camadas alternadas de silício e molibdénio, pode chegar a custar 100.000 dólares. Apenas duas empresas - as fabricantes de vidro Hoya e AGC, ambas do Japão - fabricam as peças virgens. As máquinas da Lasertec podem detetar problemas desde o início, o que é fundamental para tornar o custo da tecnologia competitivo. "Para a EUV, as máscaras precisam de ser perfeitas", disse Okabayashi.
A litografia EUV é tão complexa e cara que até agora apenas a Samsung e a TSMC anunciaram que vão usá-la para fabricarem os chips de 7 nanómetros. A Intel adiou a introdução desta tecnologia, e dificuldades para tornar a EUV economicamente viável levaram a Globalfoundries a abandoná-la completamente.
A Samsung afirmou que a mudança permite usar a área de chips com 40% mais eficiência, melhora o desempenho em 20% e reduz o consumo de energia pela metade. O processador de 7 nanómetros da Apple é fabricado pela TSMC e é especializado em aplicações de aprendizagem de máquina. Nos últimos meses, a Qualcomm e a Huawei Technologies revelaram um chip de 7 nanómetros que alimentará os dispositivos 5G.
Vai demorar algum tempo até que o impacto dos novos pedidos se veja nos resultados da Lasertec, porque os testes de máscaras EUV virgens demoram cerca de dois anos para serem construídos. A companhia prevê que as vendas vão aumentar 32%, para 28 mil milhões de ienes, no período de 12 meses terminado a 30 de junho e que a receita operacional crescerá 14%. A receita poderá dar um salto de 50% no próximo ano fiscal e o lucro poderá duplicar, de acordo com estimativas de analistas.
(Texto original: IPhones Improve Each Year Thanks To an Obscure Japanese Firm)